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    Tasca do Chico - Bairro Alto ENRIC VIVES-RUBIO / PUBLICO
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    Senhor Vinho ENRIC VIVES-RUBIO / PUBLICO
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    Tasca do Jaime na Graca Margarida Basto
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    Café Luso DR
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Anda daí Lisboa, que vamos aos fados

Por Luís J. Santos

Em ano de candidatura da canção nacional a Património Imaterial da Humanidade pela UNESCO, uma rota pelo fado de Lisboa, Coimbra e Porto.

"Durante uma década proibi que se cantasse ‘Uma casa portuguesa' ou o ‘Cheira bem, cheira a Lisboa', diz-nos Mário Pacheco, o guitarrista que fundou uma catedral do fado lisboeta há cerca de década e meia. Eis um sinal de como as coisas pelo maravilhoso mundo do fado alfacinha foram mudando nos últimos tempos. É sob a bênção da Sé que Pacheco nos recebe no seu Clube de Fado, uma referência que, sublinha o próprio, "foi uma revolução nas casas de fado". À entrada, as medalhas: retratos dos grandes nomes do fado e visitantes ilustres (de Woody Allen a Bethânia). À sala principal, em tecto ogival e colunas, com direito a um poço moiro, foi recentemente acrescentada uma segunda sala, mesmo ao lado.

 O objectivo de Pacheco foi criar um espaço global clubístico e nada típico. "Detestava a palavra. Para mim, era igual a cebolas penduradas, porcaria no tecto... restaurante típico é assustador...", resume. Com longa carreira, tocou em todas as casas e confessa que achava o "negócio" do fado "tão triste, tão vendido, porque o objectivo das actuações, dos artistas, era vender à mesa, o fado era um chamariz para facturar". "Impus excelência em tudo, no fado e na comida", "dignidade e respeito", incluindo a interrupção do serviço enquanto o artista actua, um afastamento do "simplismo turístico".

"Aqui, canta-se fado", resume, sublinhando que, após os jantares, alicerçados na gastronomia nacional "de qualidade" e "sem dosezinhas", o ambiente apruma-se para ouvir a canção nacional. Para tal, Mário Pacheco acrescenta que não aceita grupos que ocupem mais de metade da sala, senão "às onze horas vão-se embora e fica a casa vazia" como acontece noutros sítios. A luz reduz-se, os convivas que enchem a sala, e até barulhentos - "com os grupos já se sabe" - vão-se silenciando, o fado chega. Canta Cuca Roseta, toca Mário Pacheco e companhia, um contrabaixo reforça o fado. Faz-se luz nos sentimentos.

Ali quase ao virar de esquina, outro espaço de referência espera por nós. É a real Casa de Linhares, célebre também por outro apodo, o da casa anterior, Bacalhau de Molho. É um luxo sóbrio, palaciano, nas fundações de um edifício renascentista que ruiu no terramoto de 1755, tão inerente à história lusitana que Luís de Camões, parente dos condes de Linhares, aqui viveu. Sem sinais de "kitsch" fadista, um pé-alto de sete metros, tectos em abóbada, colunas de pedra, tem uma década de história e é gerido por Pedro Guerra e Manuel Bastos - também responsáveis pelo vizinho Pátio de Alfama, onde impera o folclore que, afiança Guerra, é "rigoroso" e o fado encenado, e a Taverna do Embuçado, esta em "stand by".

Entre umas garfadas num perfeito bacalhau, as luzes reduzem-se e entram os músicos. Ao centro da sala, a voz poderosa de Cidália Moreira é a atracção principal, bem acompanhada por Jorge Fernando e com direito a uma estrela-visitante, o guitarrista José Manuel Neto. Da mesa, temos vista para um túnel que corre sob Alfama até à Sé. O certo é que deve contribuir para a acústica, já de si perfeita. Muito deverá ter ajudado Ana Moura, que de vez em quando ainda volta a esta que foi a sua casa.

Da sobriedade é um passo até à tradição mais enraizada. Chegue-se ao Beco do Espírito Santo, onde, desde a década de 50, impera a Parreirinha de Alfama. É a casa de Argentina Santos, a primeira grande referência no bairro. E é Argentina que nos recebe, passado um patiozinho, telefone à mão, de guitarras na parede e uma espécie de altar à Nossa Senhora atrás de si, sentada à entrada a uma mesinha que dispõe os CD dos seus fadistas. Aos 87 anos, e apesar de mazelas da saúde, parece controlar tudo. É terça-feira e a noite está fraca nesta sala pequena de tectos baixos, decorada a memorabilia fadista, homenagens a fadistas, busto de Amália em adoração, uvas, parras e jarros de vinho. Um casal de turistas apenas, mas a fadista Micá não se atrapalha.

"A saudade andou comigo/E através do som da minha voz/No seu fado mais /fez mil versos a falar de nós ...", canta. Já a dona Argentina, lenda viva, dona de um cantar histórico em si próprio, só canta quando lhe apetece e a saúde deixa. Pela sua casa, espaço museológico, passaram e ouviram-se todos os grandes do fado. Começou como cozinheira aos 24 anos e sua mão para a cozinha era famosa, mas agora quem lá trabalha é a senhora Augusta, que avisa Argentina, "está cá há muitos anos, aprendeu tudo comigo, ela dá-lhe um toque igualzinho". "Às vezes provo qualquer coisa e até parece que fui eu que fiz". Satisfeita por ter tantos portugueses quanto turistas, a fadista defende que "as pessoas estão a pagar é para serem servidas como deve ser" e reconhece que ir aos fados fica hoje em dia muito mais caro que antigamente.

"A gente nunca pode vender barato porque as despesas são muito grandes", "as coisas evoluíram muito, há muitas despesas, artistas que é preciso pagar", acrescenta, lançando, com olho ladino: "Até porque aqui não há cá fado vadio, isso é para tabernas de rua". Mesmo a sua Parreirinha passou em mais de meio século de taberna ("mas atenção, já separávamos o trigo do joio") a restaurante cuidado e com preços à medida. Embora não se possa ir à Parreirinha esperando ouvir a dona Argentina, a sua presença continua a ser uma atracção. E é de sobrancelha arqueada que "está sempre ali", que não tem "vontade nenhuma de morrer". "Peço a Deus que me dê mais uns aninhos".

Entre a dignidade do Clube de Fado e o "rigor" da Casa de Linhares ou a tradição de Argentina, espalham-se, pelo labirinto de ruelas de Alfama, casas históricas ou restaurantes a puxar o turista e o "fado vadio" que percorre os mais variados locais. Mas corre também a procura da experiência do fado puro, num sentido quase religioso.

A próxima capelinha é, literalmente, uma capela. Subindo a Rua dos Remédios, encontra-se, atrás das portas verdes, a esperança de quem procura um espaço íntimo, até ínfimo, onde a proximidade entre o fado e o ouvinte é absoluta, a informalidade é lei, "um caos organizado", diz Pedro de Castro, guitarrista e mentor da Mesa de Frades, aberta há cinco anos numa antiga capela de um palácio oitocentista, decorada a belíssimos azulejos. "Tornou-se uma capela de fadistas", onde se defende um certo purismo e se rejeita "o fado a metro". Pedro, 33 anos, quis fazer uma casa de fados para a sua geração e o resultado são noites únicas, cada uma a cargo de um fadista "amigo" e a possibilidade de mais gente cantar, mas sem o condão do fado vadio. É "uma tasca polida", "sem consumos mínimos", "onde os fadistas vão quando querem ouvir fado" pela noite dentro. Os fadistas têm aqui "liberdade máxima", os clientes podem esperar jantares, petiscos, noites não formatadas e serem surpreendidos.

Fado Bairro Alto
No Bairro Alto, o ex-líbris: eis o incontornável Café Luso. Suma atracção turística e restaurante luxuoso em espaço de antigas adegas de um palácio setecentista tornado sala de espectáculos profissional e bem artilhada, historicamente marcado por figuras como Amália Rodrigues, o Luso, firmado nos anos 40, foi-se modernizando nos 90, comandado por João Pedro Ferreira Borges e sócios. Entramos a ouvir o classicismo de Filipe Acácio, fadista e nosso guia por aqui, os pianinhos e estilo de Iola Dinis ou o fado quase experimentalista de Marco Rodrigues.

Pelas salas em galeria do Luso, tectos abobadados, colunas de pedra, palco corrido a cortinas vermelhas, luminosos vitrais e sólidas madeiras, passaram quase todos os grandes. Hoje, além de um elenco de topo - que, inclui, realce-se, ainda mais Rodrigues, a dona Celeste, que do alto dos seus 87 anos continua a marcar presença às sextas e sábados - prossegue a aposta na captação de turistas e numa restauração que procura inovar a tradicional gastronomia fadista. Não falta o caldo verde ou o bacalhau, mas a cozinha, curiosamente, é comandada pelo chefe brasileiro Alexis Gregório, que se esmera no conhecimento da gastrocultura portuguesa.

A acompanhar os fados, há menus gourmet e pratos sazonais que recriam clássicos sob nomes musicais. Enquanto a imponente Iola Dinis lança "Velha taberna / Nesta Lisboa moderna / É a tasca humilde, eterna", nós poderíamos apreciar um magret de pato em frutos silvestres ou um cozido à portuguesa desconstruído. Nada muito económico, que os fados em grande nunca saem baratos. "Aqui é tudo de qualidade", salienta Filipe Acácio. "Isto quando é a sério não é um espectáculo barato"; é que "só nesta casa trabalham umas 50 pessoas". Embora adiante que é o turismo que enche o Luso, Acácio sublinha que há cada vez mais portugueses e cada vez mais jovens. Esta noite, Marco Rodrigues canta e toca no Luso só para nós e para uma mesa de turistas ávidas das suas palavras melodiosas, numa união quase "jazzy" com a guitarra portuguesa e um contrabaixo. 

É um oásis que parece alheio ao corrupio de jovens foliões de cerveja na mão que invadem o bairro. O mesmo sucede com outro ícone do fado, O Faia, mito sexagenário para sempre ligado a Lucília do Carmo, mãe de Carlos do Carmo. O fadista passou a casa nos anos 80 mas ainda há quem ligue a perguntar quando é que por ali canta, confessa Pedro Ramos, que actualmente, aos 34 anos, gere a história presente da casa com o pai. "Sinto a responsabilidade do peso histórico mas procuro manter a casa sempre interessante, num esforço diário".

Aliás, tanto Carlos do Carmo cresceu entre estas quatro paredes como Pedro Ramos também, que já na adolescência por aqui andava a trabalhar. "Mantém-se este fado de ser um negócio familiar". Antes, era habitual as casas pertencerem ou estarem ligadas a um artista. Agora, contam-se pelos dedos os espaços com tais características. "Acontecia muitas vezes que os fadistas tinham todas as qualidades para terem uma casa, menos a da gestão, e nem sempre corria bem...", diz Pedro. 

Mas o Faia, outro grande refúgio de turistas ("temos 20 a 30 por cento de clientes portugueses") é, na verdade, uma casa marcada por presenças quase permanentes e contínuas, como António Rocha ou Anita Guerreiro e, particularmente, Lenita Gentil, voz poderosa - "canto com o corpo todo" - , duas décadas aqui: "Faço diariamente um espectáculo de uns 45 minutos", "é um grande esforço", diz-nos a artista, rouca porque o frio e o cansaço não perdoam, após um show mais curto que o habitual e ter assinado alguns CD comprados por turistas conquistados. "Acabei de assinar dois CD a um casal polaco, falámos um bocadinho, até agradeci em polaco, é assim".

A sessão não é só fadista, até porque a estrela gosta de diversificar, passando por todos géneros populares. Entre o fado clássico de António Rocha, o rei do fado menor, a garra de Anita Guerreiro, que passa de um fado sentido a uma "coisinha mais alegre" e a pujança de Lenita Gentil, o auditório fica conquistado e até nós não resistimos a um "lalala".

Com uma grande e repleta sala, decorada a grandes painéis de azulejos de referências lusas, entre pescadores e Santo António ou a natural homenagem a Lucília do Carmo, mais um pequeno lounge-bar e um bar independente para quem se cansa dos fados, o Faia é a opção clássica para quem procura o fado entretido. Até porque "aqui come-se muito bem", garante Anita, 57 anos de espectáculos. "Se as pessoas forem mal servidas, não adianta dar-lhes boas cantigas que não voltam a sítio nenhum". "Tentamos que a oferta seja de alto nível, elenco, gastronomia, serviço, ambiente, para acabar com aquela coisa que as casas de fado carregam de que se come mal nos fados e não tem que ser assim", remata Pedro Ramos, salientando: "Na última edição do Lisboa à Prova até fomos finalistas, o que foi uma primeira vez para uma casa de fados."

Fado da Lapa e Madragoa 
Para os lados da Lapa, há mais de 35 anos que uma casa faz correr rios de fado e faz história. O Senhor Vinho, de Maria da Fé e José Luís Gordo, uma sala familiar e aprumada, é uma referência para portugueses e turistas, decorada a memórias da carreira e referências fadistas. A casa é marcada por Maria da Fé, confessa "perfeccionista" mas que não integra o elenco regular: "Canto quando me apetece, quando acho que devo cantar", diz, até porque é afamada por apresentar elencos fortes e vozes seguras, dando espaço a nomes que marcam rumos do fado (Aldina Duarte, António Zambujo) ou vozes prometedoras.

Os fadistas aguardam o seu momento num espaço recolhido. "É uma escola", diz a fadista, com mais de meio século de carreira, e "é muito gratificante para mim ver as pessoas crescerem e darem frutos". 

"Nunca quis ser só eu, o Senhor Vinho foi sempre uma casa com um elenco grande, com grandes nomes" (e aqui entra o detalhe: "Eu e o meu marido descobrimos a Mariza e aqui é que ela começou profissionalmente").

Alicerçada numa gastronomia de raiz portuguesa, o Senhor Vinho tem continuação geracional assegurada: a filha Rita Gordo, que também canta mas não o fado tradicional, colabora na gestão e garante que a casa não perderá a sua alma. Sobre os custos de uma ida a uma das grandes casas de fado, Maria da Fé sublinha que "vai-se a um espectáculo e paga-se 20 ou 30 euros por um bilhete". "Cá, ouvem-se cinco ou seis grandes artistas e isso tem custos". 

O fado amado
Para além dos luxos, há muito mais fado por descobrir. Que o digam na Tasca do Chico, no Bairro Alto desde 1993 e com um braço fadado em Alfama desde o ano passado. É entrar, se conseguir, neste ninho do fado "vadio", uma revolução bairrista que seduz para o fado uma juventude impensável há uns anos atrás e que assumiu uma projecção até internacional.

É o próprio dono, Francisco Gonçalves, o primeiro a admirar-se com o êxito da fórmula desta tasca que recuperou os traços de uma taberna à antiga, emoldurada por dezenas de quadros, posters, recortes e fotos fadistas, já de devida patine, com mesas e bancos corridos. Tudo começou em 1993. "Comecei a brincar. Isto era uma espécie de charcutaria. Eu trabalhava na Adega Mesquita, vinha cá buscar queijos, mais tarde fiquei com isto", conta Francisco, que quis remar contra a maré. Via o Bairro Alto vender as suas tascas de sempre a bares mais finos e decidiu "abrir uma nova tasca velha", os outros "corriam com os velhotes", quis fazer "a tasca com esse espírito".

Turistas de todas as proveniências, fadistas amadores e jovens potenciais fadistas "que vêm perder o medo e treinar", fadistas célebres ("a Carminho, Mariza, Camané, Raquel Tavares, Ricardo Ribeiro, tantos...") misturam-se com clientes como "um velhote de 90 anos que está cá todas as segundas e quartas" - "quando não o vejo cá até fico preocupado com ele, que a sua presença dá logo uma grandeza". Entre o "elenco", não faltam "cromos" mas também grandes vozes ou mesmo surpresas como quando aparecem japoneses, espanhóis ou franceses a cantar fado. É segunda-feira, passa da uma da manhã, e lá está o decano cliente enquanto um taxista-fadista lança o seu fado, um chouriço pega fogo, corre a cerveja, o vinho e a música. "Nunca faltam fadistas", comenta Francisco. E o êxito não trava, até acelera: sonha levar a Tasca do Chico ao Porto e ao Algarve. 

Já pela Graça, um pequeno reduto tornou-se um ex-líbris fadista todos os sábados e domingos à tarde. Na Tasca do Jaime, pequena e acolhedora, acotovelam-se fadistas, ouvintes e turistas em busca do genuíno. Uma pequena multidão que se espalha à porta e ouve fado com o som do eléctrico 28 a passar. Um corredor que fica apinhado de gente, ao longo de um balcão de pedra e meia dúzia de mesas, cercadas de retratos de fadistas, guitarras, concertinas e violas.

Um microfone que cai do tecto serve a todos e sucedem-se as vozes, umas surpreendentes, como Fernanda Proença (conhecida como Pimpona, "foi por causa do meu marido, Pimpão"), que tanto sorri como lança um sentido fado com Alfama na voz. Aos 63 anos, canta fado por todo o lado porque preenche-lhe a alma, preenche-lhe "o corpo inteiro". Ou como João Ferraz, que, de sobretudo e chapéu escuros lança o seu fado original onde se canta "património nacional nunca pode ser estrangeiro" em Fado Seixal e se pede a antropólogos e musicólogos que deixem o fado em paz. "É o meu grito", confessa.

Jaime Nunes, também dado a cantar o seu fado, conta que isto começou em 1993, aos poucos, e o êxito tem vindo em crescendo. Para muita gente, e para si próprio, diz, o fado "é um escape". E avança também ele para o canto do fadista: "...Vai dizer adeus à Graça / Que é tão bela, que é tão boa..." E acompanhamos todos, enquanto um pastelinho de bacalhau fumega ainda na mão.

 

Dicas
Escolher uma casa de fado depende de muitos factores. Desde logo, da carteira. As casas de topo poderão subir aos 50 ou 60 euros por pessoa e mais além. Quanto mais desejar uma noite de fados recheada de grandes vozes e gastronomia a preceito mais pagará (conte com pelo menos €50/pessoa), é o destino... 

Mas há também opções genuínas de outros fados, que podem fazer o gosto à verve fadista e não pesar muito no orçamento. E, sublinhe-se, pelas capelas do fado amador, não faltam vibração, criatividade e grandes fadistas. É preciso é ter sorte, que cada noite é uma noite... 

Duas boas dicas: reserve sempre (se a casa estiver cheia, não é como noutros restaurantes em que se pode esperar um pouco por mesa, quem vem jantar e aos fados fica uma noite quase inteira); se quer ouvir determinado artista, confirme sempre a noite em que actua (pode haver alterações de programa, por um artista ter espectáculo noutro local ou, por qualquer motivo, ser substituído nessa noite).

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