Fugas - viagens

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    A preparar para a aventura pista abaixo Nelson Garrido
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    Vistas aéreas. Teleférico em Boi Taull Nelson Garrido
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    Opção para amantes da neve mais calmos: o relax de passear em raquetas de neve Nelson Garrido
  • Vielha, com a igreja a elevar-se
    Vielha, com a igreja a elevar-se Nelson Garrido

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A Catalunha vestida de branco

Antes das 19h, começa a juntar-se gente na sua porta, lateral, embutida em cinco arquivoltas com cenas do juízo final na torre octogonal, e quando a hora bate certa há um coro que canta, em aranês, para o serviço religioso a que assistem várias famílias sob a abóbada de berço da nave central, ladeada por capelas laterais que são quase nichos, onde pinturas murais do século XII sobrevivem - como sobrevive uma pia baptismal românica e o famoso Cristo de Mijaran, torso de madeira inclinado, cabelo e barba escuros, olhos fechados e costelas marcadas em traços paradigmáticos da iconografia românica, que será um fragmento de uma maior Descida da Cruz.

O rio Nère corre ali, estreito mas barulhento, saltando pedras e enfiando-se debaixo da ponte - atravessamo-la e, do lado esquerdo, o casco antigo desfaz-se em ruas estreitas e casas brasonadas, pouco iluminadas debaixo da neve que cai regular brilhando sob os candeeiros de luz amarela. Uma das "instituições" gastronómicas da cidade encontra-se aqui, em vielas de casas de pedra sem saída: a Sidrería Era Bruisha, paredes de pedra e mesas de madeira com bancos corridos, a servir comida típica do Val d'Aran, da carne assada na brasa mesmo ali ao lado ao peixe dos rios da montanha - tudo acompanhado de sidra (e não só) em ambiente de descontracção.

Arties está a poucos quilómetros de distância, os suficientes para recuperar os Pirenéus mais naturais - é a porta aranesa para o Parque Nacional d'Aigüestortes i Estany de Sant Maurici. Não há avenidas, não há palácios de gelo, nem centros comerciais de que os menos de três mil habitantes de Vielha usufruem: o gelo aqui está por todo o lado - que é como quem diz, de ambos os lados do rio que corta a povoação tipicamente pirenaica unida por pontes graciosas: dédalo de ruas marginadas por casas de pedra, algumas renascentistas, muitas no estilo tradicional com twist contemporâneo abrindo-se em largos, varandas de madeira, telhados de ardósia, janelas de guilhotina. Duas igrejas de referência (uma românica de origem e outra gótica pura), pequenos hotéis de charme onde o aprés-ski se vive de forma mais intimista em lareira de pedra, com chá quente ou vinho que aquece, bares de tapas, bares de copas que continuam à espera de clientes - de neve na estância, portanto.

Estamos a percorrer os Pirenéus profundos, mas estamos na órbita de Baqueira Beret, o farol turístico destas paragens, garantindo casas bem compostas nos hotéis, pousadas e pensões dos vários pueblos do vale durante a temporada de esqui. Aglutina todos os que procuram desportos de Inverno, mas estes não se confinam à estância.

Se numa manhã de Inverno um viajante decidir caminhar, pode ir de Arties a Salardú a corta-mato: entrar na paisagem imaculadamente gelada, esquecer o tempo e viver a natureza mano-a-mano. Raquetas de neve nos pés é o necessário para nos aventurarmos em cenários de postal, que de outra forma só conheceríamos assim mesmo, em postais. A neve tem vários, muitos, centímetros de altura, as árvores estão despidas de folhas e vergadas de neve como lingotes brancos pousados nas ramagens - a tentação é tocar-lhes, agarrar a neve com as mãos, mas não queremos perturbar a beleza quase insustentável - e marchamos ritmadamente por caminhos estreitos que são como naves desta catedral natural.

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