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Nelson Garrido

Miami Beach: O lugar perfeito para ver e ser visto

Por David Andrade

Está em 3.º no top-3 dos destinos turísticos dos EUA, um paraíso de corpos bronzeados, noites frenéticas, jet set para todos os gostos. Os nossos viajantes, antes de descobrirem a outra face, na simplicidade de Little Havana, perceberam logo que tinham entrado num mundo de fantasia.

Uma praia paradisíaca com águas cristalinas e quentes, vegetação densa e exótica e muita tranquilidade e sossego. Se é isto que procura, esqueça Miami Beach. Então, o que é que torna esta cidade, no extremo sul dos Estados Unidos, o terceiro local mais visitado do país, ao receber cerca de 10 milhões de turistas por ano?

A resposta é simples: o turbilhão de culturas, a diversão nocturna, o ritmo frenético durante as 24 horas do dia e séries como Miami Vice, CSI Miami e Miami Ink. Em Miami Beach nunca se dorme, tudo é plástico, tudo é artificial e em todas as esquinas cruzamo-nos com clones de Paris Hilton e Britney Spears.

Mas nada disso importa. É que há qualquer coisa de mágico nesta pequena ilha onde o que interessa é mesmo ver, ser visto e gritar bem alto: "I'm in Miami Beach". Praia com areia importada das Bahamas, muita salsa e hip-hop, muito jet set, estilos para todos os gostos (alguns bem duvidosos) e muy, muy caliente. A primeira impressão com que se fica quando se chega a Miami Beach é de ter-se chegado a uma selva onde vale tudo para dar nas vistas e mostrar-se.

Com menos de 50 quilómetros quadrados, esta cidade vizinha de Miami, ligada à metrópole por várias pontes, é uma autêntica passerelle. Há os jovens, homens e mulheres, com corpos talhados à perfeição em ginásios ou com a ajuda de muito silicone, que procuram despertar a atenção de um qualquer paparazzi que os projecte para a fama; há os latinos e negros com estilo gangster que passeiam em Chevrolet, Mustang ou Corvette "kittados", com o braço de fora e música bem alta para marcar uma posição de força perante os gangs rivais; há o jet set que desfila na Ocean Drive de Ferrari ou Lamborghini a 20 km/h para não passar despercebido aos olhos de ninguém; e há os milhares de turistas que, de máquina fotográfica e câmaras de filmar na mão, tentam registar tudo. E há sempre muito para captar e guardar na memória.

Mas antes de irmos às excentricidades e ao folclore de Miami, comecemos pela praia mais famosa, South Beach, na parte sul de Miami Beach, que se destaca das demais e que tem a faixa de areia mais concorrida por metro quadrado. Com um extenso areal encurralado entre o oceano Atlântico e os hotéis, a praia não é, definitivamente, famosa pela sua beleza natural e aí fica a milhas de distância das vizinhas praias das Bahamas (a apenas 64 quilómetros) ou de Cuba (cerca de 150 quilómetros). A praia aqui é apenas um complemento a tudo o resto. Um local para ganhar o bronzeado perfeito, descansar da agitada e concorrida vida nocturna e exibir os corpos tapados por tecido tamanho XXS. Também aqui o objectivo é mostrar-se e à medida que percorremos o areal é possível ver de tudo.

Bem dividida por zonas, em South Beach há a parte do jet set, onde o famoso Nikki Beach Club se impõe, com uma atmosfera estilo Saint Tropez, bem regado por muito champanhe ao ritmo de música lounge. Porém, se não tiver disponíveis umas boas centenas de dólares para gastar por uma garrafa ali nada se vende ao copo, o melhor é procurar outro tipo de sons e ambiente. Mais sensato e económico é, por isso, estender a toalha noutro pedaço de areia disponível onde a democracia impera e até uma zona gay friendly, bem delimitada pelas características bandeiras com as cores do arco-íris, existe. Seja qual for a sua escolha em South Beach, lembre-se que ali tudo é confusão e sossego é uma palavra que não consta no dicionário local.

Logo ao lado da agitação no areal está um dos postais de Miami Beach: Ocean Drive, uma longa avenida paralela ao oceano repleta de palmeiras, bares, restaurantes e hotéis. E é aqui que Miami Beach revela a sua verdadeira face e se mostra um mundo artificial e mágico, falso e genuíno ao mesmo tempo, onde é possível, em simultâneo, detestar e encantar-se no mesmo segundo pelas contradições de uma cidade onde tudo é permitido e possível.

Seja de dia ou de noite, na Ocean Drive o trânsito é quase sempre caótico e é mais rápido fazer a avenida de uma ponta a outra a pé do que de automóvel. No entanto, é para a estrada que os nossos olhos são atraídos constantemente pelo ruidoso barulho dos Corvette, Ferrari, Lamborghini, Mustang, Hummer e Chevrolet, muitos deles alugados apenas para que alguém se possa exibir durante uns breves minutos.

A arquitectura

Mas nem tudo soa a falso e a exibicionismo. A Ocean Drive também se destaca pela sua arquitectura e por ser o maior bairro Art Deco do mundo. Nos anos 20, 30 e 40, com a influência das culturas egípcias, milhares de edifícios exóticos floresceram ao longo das praias da cidade, mas com o declínio que Miami viveu nas décadas de 60 e 70 grande parte dessas obras acabaram destruídas e só os de South Beach resistiram.

Hoje são cerca de 800 os edifícios que restam desta arte decorativa que combina estilos vários do início do século XX, do cubismo à arte nouveau, do modernismo ao futurismo ou ao bahaus.

Actualmente, o bairro é preservado e não é possível modificar a arquitectura original dos edifícios. Algumas destas obras pertencem a famosos de todo o mundo e uma das casas mais imponentes, a Casa Casuarina, pertenceu a Gianni Versace. Este é, aliás, um local de peregrinação foi em frente a este edifício que a 15 de Julho de 1997 o estilista italiano foi assassinado.

Transformada agora num hotel e clube privado, a casa mantém as portas fechadas e a entrada continua a ser como sempre foi durante a época em que Versace viveu em South Beach: exclusiva. Para além de Gianni Versace, South Beach despertou o interesse de vários outros famosos, como Madonna, Júlio Iglésias, Tom Cruise ou Bill Clinton, que ali adquiriram casas de férias.

Ainda em South Beach, há outros locais de visita obrigatória, como Washington Avenue. Paralela à Ocean Drive, é nesta avenida que se encontram algumas das maiores e mais populares discotecas a nível mundial, muitas delas com entradas exclusivas. É também aqui que está a mais famosa casa de tatuagens do mundo: Miami Ink.

Mais afastado da praia, a pouco mais de cinco quilómetros de distância de Ocean Drive, está Miami, onde a realidade é totalmente diferente de Miami Beach. Com cerca de 700 mil habitantes a sua zona metropolitana atinge os dois milhões, cerca de 500 mil dos quais de descendência cubana , aqui destaca-se Miami Downtown, onde à semelhança das grandes metrópoles norte-americanas sobressaem os enormes e imponentes arranha-céus e são os executivos que dominam, num contraste evidente com a vizinha e agitada cidade de Miami Beach.

Com apenas 92 quilómetros quadrados de território, Miami tem a menor superfície de qualquer grande cidade norte-americana e é fácil visitar as principais atracções, quer através de um passeio a pé ou a bordo dos singulares Metromover (metro de superfície).

Numa cidade onde a cada esquina se ouve falar espanhol, não se pode também deixar de visitar Little Havana, o bairro de Miami onde se concentra grande parte da comunidade cubana e latina não se espante se encontrar quem não saiba uma palavra de inglês e onde estão as raízes mais profundas da cultura de Cuba, bem presente em Miami. Há mesmo quem defenda que a cidade não existiria sem o fluxo de emigrantes que ali procuraram refúgio após a implantação do regime comunista de Fidel Castro na ilha das Caraíbas.

Com uma arquitectura que encontra algumas semelhanças com a capital de Cuba, a Calle Ocho é a principal rua de Little Havana, caracterizada por uma enorme quantidade de bares, lojas e cafés. O contraste com Miami Beach, a meia dúzia de quilómetros de distância, é assombroso. Mas esse é um dos principais encantos de Miami, onde o excêntrico e artificial (South Beach) convive lado a lado com a pureza e simplicidade (Little Havana).

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