Os encantos naturais de Samaná começaram por chamar gente de fora nos anos 70 do século passado. Ou seja, mais de uma década antes de Punta Canta colocar a República Dominicana nos roteiros das agências de viagens.
Na altura não havia quase nada neste canto remoto da ilha, cuja venda para fins militares chegou a estar apalavrada com os Estados Unidos. Os primeiros a procurar Samaná como destino de férias eram viajantes singulares, um pequeno contingente formado por dominicanos citadinos e alguns aventureiros estrangeiros pelo meio. Jogando na antecipação, boa parte acabou por comprar por tuta e meia o seu canto de paraíso à beira-mar.
Se Punta Cana virou zona internacional do dia para a noite, já a menos acessível antes eram precisas cinco horas de carro para lá chegar desde Santo Domingo, capital da ilha, Samaná foi crescendo desde então a conta-gotas.
A inauguração do aeroporto internacional El Catey, em 2006, seguida da abertura da auto-estrada de ligação a Santo Domingo, denota uma estratégia concertada da parte das autoridades para promoverem o desenvolvimento turístico da região. Por enquanto, todavia, esse crescimento é relativo e perfeitamente equilibrado.
As primeiras vagas de expatriados gente de cultura hippie/new age, na maior parte de origem francesa limitaram-se a abrir pequenas pensões e restaurantes, enquanto o mais recente fluxo de dominicanos com posses tende a fixar-se em condomínios fechados. Entre o independente e o chique, esta demografia está longe de constituir uma multidão e concentra-se em estâncias balneares de pequena dimensão. Resorts tudo incluído, por outro lado, contam-se ainda pelos dedos de uma mão.
Samaná não é certamente um segredo bem guardado, mas também não parece para já ameaçada pelo turismo de massas. Em relação a outros destinos mais problemáticos das Caraíbas, a península dominicana oferece as vantagens da hospitalidade e da segurança, a que se deve acrescentar a da suavidade dos preços. Não partilha, no entanto, do carisma e do hedonismo que faz a fama de concorrentes como a Colômbia ou a Jamaica. A única chatice, pelo menos para uma certa franja de turistas, é que Samaná não conhece animação nocturna, nem nada que se pareça.
Praias imaculadas
A península é banhada pelas águas do Atlântico, mas para todo o efeito é "Caribe" puro. Ou seja, a conjugação de elementos que fazem a magia das Caraíbas incluindo sol tórrido e calor húmido, mar tépido e transparente, praias de areias brancas e cortinas de palmeiras, reproduz-se um pouco por todo o litoral de Samaná.
Numa escala que só varia entre o bom e o excelente, as melhores praias são aquelas que se alinham nessa espécie de pinça de caranguejo que remata a ilha a nordeste, entre os cabos Cabron e Samaná. São praias virgens, livres de quaisquer construções e equipamentos, acessíveis apenas por barco ou 4X4. A base de operações é a pequena aldeia piscatória de Las Galeras, onde a estrada acaba, a meio caminho entre os dois cabos.
A oeste de Las Galeras, a 40 minutos de jeep e a meia hora de lancha, encontra-se a Playa Rincón. Esta unha de areal dourado alonga-se por sete quilómetros, até atingir a foz do rio do mesmo nome, que desagua aos pés das falésias de Cabo Cabron (600 metros de altura). O areal é estreito, mas continuamente bordejado por palmeiras, dando lugar a uma densa floresta tropical por alturas do cabo. Não se encontra vivalma a maior parte do tempo, exceptuando nas proximidades do rio de águas frias, onde os dominicanos gostam de se ir refrescar e tirar o sal. Aproveitam depois para aviar umas cervejas e encomendar peixes na grelha, nas duas únicas e toscas barracas de madeira, montadas à beira rio.