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  • Rita Cardoso, de 36 anos, arrenda três apartamentos no bairro de Alfama, em Lisboa
    Rita Cardoso, de 36 anos, arrenda três apartamentos no bairro de Alfama, em Lisboa RICARDO CASTELO/NFACTOS
  • João Pinto
    João Pinto RICARDO CASTELO/NFACTOS
  • "Ninho de Andorinha II" é um dos apartamentos de Rita, cuja decoração foi trabalhada de acordo com o nome RICARDO CASTELO/NFACTOS
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    A "Casa Formosa", de João Pinto, é da década de 1950 e encontrar móveis da época foi uma preocupação DR RICARDO CASTELO/NFACTOS

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O Airbnb paga-lhes as contas

Neste momento, João gere dois apartamentos (ambos na rua Formosa, no centro do Porto, e um deles juntamente com uma sócia), com vários quartos cada um, que arrenda no Airbnb e também noutras plataformas do género, ainda que seja do primeiro que provêem entre 60 a 70% das reservas. “Os apartamentos são grandes e arrendo os quartos. É como se isto fosse uma extensão da minha casa”, explica. É neles que passa a maior parte do tempo, a receber e a falar com as pessoas, que muitas vezes vai buscar ao aeroporto e acompanha pela cidade. Turistas na casa dos 30 são os que mais procuram as duas casas e “franceses, australianos, alemães e norte-americanos os mais comuns”. Durante os meses de Verão, a taxa de ocupação “é quase total”, diminuindo “bastante” no resto no ano. “Embora esteja a ser cada vez menor, ainda se nota a sazonalidade”, reflecte.

Investir as poupanças no turismo

Tal como o portuense, também Rita Cardoso nunca teve uma má experiência com hóspedes que escolhem os seus apartamentos, no bairro de Alfama, em Lisboa. E, como João, também Rita encontrou no Airbnb uma alternativa de vida; no caso, o arrendamento a turistas foi uma forma de evitar a emigração. A lisboeta que desenvolve ainda projectos na área da melhoria contínua, comprou o primeiro apartamento ("Rosa de Alfama") em Setembro de 2013. “Pus todas as minhas poupanças nele”, diz. Os resultados foram tão bons que, em Março de 2014 e com a ajuda do pai, investiu em mais dois imóveis ("Ninho de Andorinha" I e II). Criou, entretanto, a marca BookMe Lisboa e a taxa de ocupação média ronda, diz, os 65 a 70% — sendo que, nos meses de Verão, poderá chegar aos 94%. Casais entre os 35 e os 40 anos são os mais frequentes, maioritariamente de nacionalidade francesa.

João Sousa e Ana Santos sempre receberam amigos (e amigos de amigos) no quarto vago que têm na casa que partilham, em Lisboa. No final de 2013, decidiram inscrever-se no Airbnb para arrendarem o tal quarto: a razão foi sobretudo financeira, explica João, que perdeu o emprego no mesmo ano. Investiram na decoração, tiraram boas fotografias e tentam “ter sempre tudo limpo ao máximo”, diz João, para quem esta mudança de rotina “também ajuda a ter disciplina em casa”. Lidam bem com a parte de ter gente a partilhar a casa-de-banho, garante, mas a verdade é que os meses mais preenchidos são complicados. Em Agosto, por exemplo, vão ter praticamente “casa cheia”. “Agora precisamos do dinheiro, no futuro talvez limitemos um pouco”, diz João. “Não ganhamos dinheiro suficiente para viver disto, antes para pagar a renda.”

O casal de 34 anos disponibiliza, também, a sua cozinha, mas são raros os que a utilizam. Nem sempre há “uma ligação forte”, é certo, mas até agora não houve nenhum incidente. Além de saírem “para beber um copo” — o mais comum —, João e Ana já levaram “duas amigas ucranianas a ver o oceano pela primeira vez, no Cabo da Roca”. “Temos tentado evitar pessoas com uma grande diferença de idades porque às vezes não têm tanto respeito, falam alto, demoram demasiado tempo no banho e a conversa acontece num só sentido”, reflecte João, que aponta casais entre os 25 e os 35 anos como os mais assíduos. Portugueses recebem pouco, ao contrário de alemães, belgas e franceses.

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