Palavra de ordem: confiar
O enquadramento legal deste tipo de arrendamento a turistas tem sido falado, ultimamente, com a aprovação em conselho de ministros, em Junho, de um novo Regime Jurídico do Alojamento Local(RJAL) que afasta, para já, a aplicação de novas taxas. De acordo com o RJAL, quem pretenda arrendar um apartamento a turistas deve registá-lo na respectiva câmara municipal, necessitando apenas de uma “mera comunicação prévia através de balcão electrónico e sem qualquer processo de licenciamento ou autorização”. Foi o que João Pinto e Rita Cardoso fizeram para legalizar os apartamentos que gerem. No caso de João e Ana, uma vez que apenas arrendam um quarto da sua casa, a situação é diferente. João tem “a impressão” de que não está “totalmente legalizado”, mas as circunstâncias são, diz, muito semelhantes às dos “quartos arrendados a estudantes”.
No Airbnb, a palavra-chave é confiar. A empresa criou, continua Thomas L. Friedman no texto já citado, “uma estrutura de confiança que deixou dezenas de milhares pessoas confortáveis em arrendar quartos a estranhos, nas suas próprias casas”. Praticamente todos os anfitriões têm direito a um seguro de um milhão de dólares contra danos ou roubo, cláusula que varia de acordo com as leis do país em questão — o que não impede a ocorrência de problemas. Não há anonimato porque o site não permite perfis sem dados pessoais, que são periodicamente verificados, e, só nos Estados Unidos, em 2013, “mais de 50% dos anfitriões” dependiam do valor que recebiam por arrendamento para “pagar a renda ou a hipoteca”. Durante e no final da estadia, anfitriões e hóspedes podem e devem avaliar a experiência, característica comum em compras online que permite aos próximos interessados tomar uma decisão informada. Várias más avaliações podem significar o fim do negócio.
A rede global de arrendamento comunitário, como é frequentemente apelidada, foi avaliada em 2,5 mil milhões de dólares, revelou a agência Reuters em 2013. Brian Chesky, um dos fundadores do Airbnb, aponta Paris como uma das cidades onde a sua empresa mais contribuiu para a actividade económica: foram 240 milhões de dólares. Chesky e mais dois jovens amigos, Joe Gebbia e Nathan Blecharczyk, começaram há seis anos com três colchões de ar num apartamento em São Francisco. Ao cobrarem 80 dólares por noite a três pessoas que os alugaram, conseguiram dinheiro suficiente para pagar a renda. Em tom de brincadeira, chamaram à sua “empresa” Airbed and Breakfast (daí o Airbnb) — nome que mantiveram em homenagem à ideia original.