Fugas - Viagens

Miguel Madeira

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Las Vegas, a fogueira das vaidades

Mas isso foi antes de Las Vegas entrar na legalidade, com a chegada de grandes grupos económicos que tomaram conta de um negócio que tem conseguido sobreviver à crise: a cidade orgulha-se de ter 20 dos maiores hotéis do mundo e de receber qualquer coisa como 40 mil milhões de visitantes por ano. Aos batoteiros é-lhes mostrada a porta da rua e aos caloteiros planos de suaves prestações para pagarem aquilo que devem. Sempre com a mais profissional das simpatias. A todos os outros a cidade oferece a plena sensação de que podemos estalar os dedos e, zás!, os nossos desejos são satisfeitos.

Não há melhor sítio no mundo para esquecer o problema do défice do que Las Vegas, a cidade que nos faz sentir no topo do mundo, nem que seja só durante uma semana.

Há tubarões a nadar num aquário gigante da piscina do Golden Nugget. E nós vamos lá, chapinhar um pouco na água para refrescar.

It's play time!

Poker, poker, poker. Até 17 de Julho, Las Vegas não vai pensar noutra coisa. De braços abertos e caixas registadoras a postos, a cidade prepara-se para receber mais de 60 mil jogadores (no ano passado foram 60.875 os inscritos e a organização garante que esse recorde vai ser batido) que vão jogar nos vários torneios das World Series of Poker. O campeonato culmina com o Main Event e com a escolha dos nove jogadores que irão jogar a mesa final em Novembro.

Vindos de todos os cantos do mundo, muitos com as despesas pagas pelas salas de poker on-line onde se conseguiram qualificar, estes jogadores-turistas vão passar os dias e as noites agarrados às cartas. E não é só no Rio, porque em todos os casinos de Vegas se organizam torneios paralelos.

As melhores salas de poker de Las Vegas estão no Bellagio, Binion's, Golden Nugget, Venetian e no Wynn e muitos jogadores conseguem ganhar (e perder) mais dinheiro aqui do que nos torneios das WSOP.

Muitos dos novos jogadores que chegam agora a Las Vegas estão habituados a jogar on-line e nunca sentiram na pele o que é estar frente a frente com os melhores e mais temidos profissionais do poker. Também nunca entraram numa sala enorme, apinhada de mesas de jogo onde o barulho das fichas a baterem umas nas outras é ensurdecedor. Vêm artilhados com os seus Ipods, bonés, óculos escuros e talismãs. Mas nada os preparou para um frente-a-frente com Tom Dwan ou Phil Ivey.

Uma maneira de se prepararem melhor é dando um salto ao Gambler's Book Club (630 S 11th st), uma pequena livraria dirigida por Howard Schartz e pedir-lhe algumas recomendações. Ficam aqui três: Hold'em Poker, de David Sklansky, Hold'em Poker for Advanced Players, de Sklansky e Mason Malmuth, dois livros que mais parecem compêndios de matemática, e o clássico Super System, do veterano Doyle Brunson, um calhamaço de 600 páginas carregadinho de boas dicas.


Onde dormir e comer

A verdade, temos que confessar, é que dormimos no Rio e comemos no Rio. Não temos razão de queixa, a não ser o facto de ficar ligeiramente off-The Strip - no mapa parece pertinho de tudo mas a verdade é que nem pensar em sair do hotel a não ser de táxi - mas o que nos deixou com água na boca foram as descrições feitas for terceiros de massagens tailandesas no Wynn e da praia californiana com ondas artificiais do Mandalay Bay.

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