Fugas - Viagens

Miguel Madeira

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Las Vegas, a fogueira das vaidades

Cada hotel-casino tem a sua atracção - que é sempre "a melhor do mundo", "a maior do mundo" ou "única no mundo". É preciso investigar, comparar, aproveitar promoções e ter em conta a localização. Quanto mais central melhor, mas provavelmente mais caro. A vantagem é que o turista pode passar uma semana inteira a entrar e a sair de casinos, galerias comerciais, espectáculos de música e ouras atrações, sem ter que gastar dinheiro em táxis. E sem ter que pôr um pé na rua escaldante.

Um factor que pode ajudar na hora de escolher pode ser a comida. Quem regressa a Vegas todos os anos para mais um campeonato de poker sabe onde encontrar os melhores buffets da cidade - a melhor e mais barata maneira de comer se a carteira não der para entrar em alguns dos mais exclusivos restaurantes da América. (O mediterrânico Alex, no Wynn, o asiático Tao e a marisqueira Charlie, no Harrah's Imperial Palace, o francês Joël Robuchon, no MGM Grand, e o também francês Guy Savoy, no Ceasars Palace). A receita é simples: tenha muita fome. Não pode ser só um ratinho, tem que se sentir capaz de comer um javali.

Depois pague e coma tudo o que for capaz de comer. E não estamos a falar de buffets manhosos com ovos mexidos aguados e bacon a boiar em gordura, estamos a falar de crepes acabados de fazer, de ostras acabadas de abrir, de entrecosto acabado de grelhar, sushi acabado de enrolar, dimsum cozido na hora. Frutos exóticos, pastelaria francesa e gelados italianos para terminar. Os pequenos-almoços e os almoços são mais baratos que os jantares.

Bellagio, Wynn, Planet Holywood, Paris Las Vegas e Rio são os hotéis que servem os melhores e mais sumptuosos buffets da cidade.

Depois de uma noite de sorte num casino porque não estalar os dedos e comprar a pronto um Rolex de ouro e um Maserati vermelho, esquecer a roupa que está amachucada dentro da mala no quarto do hotel, contratar um personal shopper e mudar de guarda-roupa? Depois é so acelerar Strip acima, Strip abaixo. Com a música bem alto, porque se não ninguém olha.

Gucci, Armani, Dolce & Gabbana, Versace, Burberry, Ralp Lauren, Kenneth Cole, Calvin Klein, Coach, Cartier, Hermès, Jean-Paul Gautier, Oscar de la Renta, Jimmy Choo, DKNY e todas as outras marcas milionárias do mundo têm loja aberta em Las Vegas. E têm gente lá dentro a gastar dinheiro.

Mas como a sorte só toca a alguns, Las Vegas também tem para oferecer dois outlets que dão vontade de partir de Portugal com a roupa no corpo e nada mais. O mais acessivel é o Premium Outlets (o outro é o Fashion Outlets e fica a 45 minutos de carro da cidade a caminho da Califórnia ) e lá encontramos muitas das marcas acima referidas a metade do preço, compramos quatro pares de Levis e ainda achamos que é barato, enchemos sacos e sacos na Gap com se estivéssemos na feira de Carcavelos, gastamos na Timberland como se estivéssemos nos saldos da Zara e no fim compramos uma grande mala para pôr tudo lá dentro.

Para terminar, falta só comprar uma peruca do Elvis e uma slot machine para pôr na sala. O que não faltam em Vegas são lojas de memorabilia kitsch e barata para gastar os últimos dólares antes de entrar no avião.

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