Apesar de existir este escape lúdico, não se pense que a cidade permite celebrações mais exuberantes ou distúrbios. A polícia é implacável com qualquer desordem. E tudo o que seja afrontar a tranquilidade de Düsseldorf é sancionado sem contemplações pela autoridade e pela sociedade. Há regras para tudo, há multas para tudo e há um polícia fiscalizando cada esquina, assegurando que a prevaricação não compensa.
Em contraponto à Cidade Velha está o Mediahafen, ou o porto dos Media, a zona mais sofisticada de Düsseldorf. A quinze minutos a pé do centro antigo, esta área foi requalificada nos últimos 20 anos, tendo-se aqui instalado várias empresas de comunicação, bem como ateliers de design, de arquitectura e de moda. Debruçados sobre o Reno, edifícios modernos com a assinatura de arquitectos célebres substituíram dezenas de armazéns. Para além de projectos de Steven Holl e David Chipperfield, destacam-se três prédios de Frank Gehry, alinhados uns ao lado dos outros, com as suas formas torcidas.
Todo o quarteirão se evidencia pela modernidade, sem que, no conjunto, se destrua a preocupação de uniformidade urbanística, de organização, de funcionalidade conceitos que se estendem a toda a cidade. Esta obsessão com a perfeição ordenada, com o equilíbrio, é, aliás, em última análise, a própria essência de Düsseldorf, o seu orgulho. Sendo que a isto acrescem abundância de recursos e salários acima da média, que fazem da região uma das mais ricas da Alemanha, imune a crises e conjunturas.
Não por acaso, diz-se que Berlim não é vista pelos locais de Düsseldorf com deslumbre, encanto ou inveja, antes lhes parecendo uma cidade caótica, anárquica e suja. Subjacente a esta visão, muitos dirão estar o elitismo germânico no seu esplendor, e uma sociedade demasiado cinzenta, profissional, maquinal, monótona. Em todo o caso, é extraordinária a forma como numa cidade de 600 mil habitantes se vive como se se estivesse no campo, o ar puro, o trânsito sem engarrafamentos, o rio, os parques, e simultaneamente se usufrui dos melhores serviços públicos do mundo, dos melhores restaurantes, das melhores lojas, num cenário natural privilegiado.
A não perder
Palácio Benrath
Construído no século XVIII, este palácio na periferia da cidade é uma das principais atracções turísticas da região. Nos magníficos jardins em volta, há hortas biológicas e pontos de venda dos produtos aí cultivados, como ervas aromáticas, couves, batatas, alho francês, etc. No mesmo espírito, o palácio dá abrigo ao Museu Europeu de Arte Hortícola. Casa da aristocracia, que encontrava naqueles campos boa caça, diz-se que a princesa D. Estefânia, da casa alemã de Hohenzollern-Sigmaringen, nascida em Düsseldorf, ali passou longas temporadas. D. Estefânia casaria com o rei D. Pedro V, em 1858, tornando-se muito popular entre o povo português por ser solidária e ajudar os mais desprotegidos.
Em Düsseldorf também é muito querida, ainda hoje, continuando-se a celebrar todos os anos, com uma marcha na cidade, o dia em que partiu para Portugal. O palácio de Benrath foi repintado de cor-de-rosa por sugestão de D. Estefânia, que ficou encantada com o rosa pálido dos palácios de Lisboa. Um outro monumento da cidade, o magnífico Museu Goethe, tem, aliás, o mesmo tom.