Fugas - Viagens

Paulo Ricca

Continuação: página 3 de 3

Serra d'Arga, terra d'água

Antes de chegar ao Pincho, António mostra-nos uma outra lagoa (que ainda não caiu nas bocas do mundo nem faz parte do percurso habitual, por isso vai continuar segredo)"porque não pudemos ver tudo o que estava previsto", e pára nas traseiras da igreja de São Lourenço da Montaria, para uma vista perfeita de moinhos de água a bordejar o rio. Antes de encontrarmos Maria da Graça e a mãe a lavarem, no Âncora, as tripas do porco que mataram há pouco, ainda espreitamos a perfeita ponte romana de Saim (há mais duas na zona, em Abadim e Tourim), e, já na descida para Vila Praia de Âncora, quando a chuva deu, finalmente, algumas tréguas, passeamos em redor do Dólmen de Barroso. "Deve ter sido de alguém importante, porque tem nove pedras e não sete, como era costume", há-de dizer-nos Jorge Meira, no hotel que tem o seu sobrenome. Há décadas, quando era adolescente, participou nas escavações do dólmen. "As peças estão no Museu Arqueológico da Sociedade Martins Sarmento, em Guimarães", recorda.

Ao chegar a Vila Praia de Âncora, a chuva parou, e só o vento continua a rugir. A serra, lá em cima, esconde-se nas nuvens, encerrando tudo o que vimos e o que não conseguimos ver. A vantagem de descobrir um sítio novo com mau tempo é que apetece sempre voltar para terminar a viagem. Quando estiver sol.

Como ir

Quase todos os sítios da serra d'Arga podem ser alcançados no seu próprio carro. Contudo, se preferir descobrir as encostas de granito e xisto com um guia local e a bordo de um jipe, que permite chegar aos locais onde o carro comum não vai, pode recorrer aos serviços de António Presa (www.tiro-certeiro.com). O guia trabalha com alguns hotéis da região e a título particular.

Onde dormir

O Hotel Meira, completamente renovado, é um bom local para começar e terminar uma visita à serra d'Arga. O hotel familiar, inaugurado em 1945, está à beira de receber a sua quarta estrela, e oferece uma série de programas diferentes para os visitantes, incluindo o percurso da serra d'Arga. Com dois pisos, piscina exterior, restaurante, sala de jogos e de congressos, o hotel oferece 52 quartos e preços a começar nos 55 euros (em duplo com pequeno-almoço).

Onde comer

No centro histórico de Caminha, o restaurante Amândio é um espaço único. A sala, aconchegada, está rodeada de livros que se empilham em qualquer canto onde haja espaço. A cozinha tradicional é recheada de iguarias, e se a lampreia (na época) ou o bife da vazia com queijo da serra podem fazer as delícias de muitos, arriscamo-nos a sugerir que se fique pelas entradas. O menu oferece essa possibilidade e é um nunca mais acabar de coisas boas: pataniscas, sardinhas de escabeche, broa frita com ovo, salada de feijão-frade, grão com bacalhau, mexilhões, enchidos...

--%>