Fugas - Viagens

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Em Campinas, no rasto da selecção nacional

Esta é a deixa de que precisávamos. Ainda tínhamos na lembrança a nossa estadia no mesmo hotel em que a selecção brasileira ficou em Los Gatos, na Califórnia, no Mundial de 1994, nos Estados Unidos, que terminou com o Brasil campeão. Quando perguntámos então ao dono quem ficara no nosso quarto, a resposta entusiasmou-nos: o brasileiro Cafu, único jogador na história a disputar três finais de Mundial (1994, 1998, 2002) e a vencer duas.

Sabemos que é quase um segredo de Estado mas... em que quarto ficará Cristiano Ronaldo? “Se eu fosse escolher, escolheria um que dê para o jardim interno, com maior privacidade ainda”, diz António Dias, repetindo que não lhe cabe a escolha. Os quartos onde nos hospedámos tinham vista justamente para o outro lado, para a área de lazer. Mas com o nosso histórico de hotéis e com um Cafu na bagagem, quem sabe se Cristiano Ronaldo não acredita que os números da Fugas lhe podem trazer sorte em finais de Mundiais?

Como não custa arriscar, Cristiano: 5118 e 5130. Bom Mundial!

Cristiano Ronaldo no menu dos botecos

O City Bar é conhecido pelo bolinho de bacalhau que José dos Santos António garante ser o melhor do mundo. Todos os meses, o português de Leiria, que chegou ao Brasil em 1967, vende o equivalente a duas toneladas de bacalhau. À sexta-feira, dia de maior movimento, são 3000 bolinhos e 1500 pastéis de nata.

Quando Cristiano Ronaldo ganhou o título de melhor jogador do mundo, “seu” José resolveu criar, juntamente com o funcionário do City Bar, Sagui, a sanduíche com o nome do jogador. Custa 34 reais (o equivalente a 10 euros) e é a nova estrela do cardápio, além de ser o mais caro do menu. Os ingredientes são bacalhau com azeite, salsa, alho, cebola “murcha” levemente frita e queijo. “Seu” José garante que Cristiano Ronaldo será o campeão de vendas do City Bar.

Mas no centro de Campinas, a cinco minutos a pé, o Bar Facca e o Giovanetti disputam a preferência e alguns títulos. Por exemplo, quem inventou o corte boca de anjo, frequentemente usado para fatiar as sanduíches?

“O corte chama-se boca de anjo porque era feito para que as senhoras pudessem pegar os pedaços com as mãos”, explica o garçon veterano Miguel (Micail). Com 40 anos de profissão, oito a trabalhar no Facca e doze passados no Giovanetti, Micail (Me-ca-iu — alcunha que ganhou quando começou a perder o cabelo), garante que foi o fundador do Bar Facca quem criou o corte, uma unanimidade nos bares da cidade.

Apesar dos nomes italianos, no cardápio de ambos os bares está muito clara a influência portuguesa: da alheira ao bacalhau. No Giovanetti, a sandes mais famosa é o lanche psicadélico com mozzarela, salsichão com picles, lombo cozido, salsichão lionês, mortadela, rosbife caseiro, presunto, tomate e azeitonas pretas. Já na parede do Facca, alguns exemplos das carnes disponíveis — ou como diz o cartaz, “os bichos estão fritos”: jacaré, rã-perereca, avestruz e javali. Comum aos dois é o modo como contam o número de chopps pedidos. Um pires pequeno, dos usados para o cafezinho, é adicionado. É só olhar para as mesas ao redor para perceber quem está exagerar nos copos.

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