Fugas - Viagens

Em Campinas, no rasto da selecção nacional

Por Simone Duarte

A Fugas hospedou-se por quatro dias no The Palms, o hotel boutique em que a selecção nacional ficará durante o Mundial. Perdeu-se no resort e tentou imaginar os passos e passes de Cristiano Ronaldo.

A adega é do Douro. O bar chama-se Pessoa e as salas de conferências Infante D. Henrique. Entre o restaurante Vila Real e o bar da piscina, da Beira, perdemo-nos. Mas no caminho encontramos a capela de Nossa Senhora da Conceição, padroeira de Portugal e de Campinas, cidade do interior de São Paulo que concentra 1% de todo o PIB do Brasil.

“Vocês perceberam que o dono é português, né?” – pergunta António Dias, director do Royal Palm, com um leve sorriso nos lábios e um sotaque muito brasileiro. Sim, a esta altura já percebemos e sabemos até o nome do cão do pai de António. O cão de Armindo Dias, o português da aldeia de Lagarteira, em Ansião, que chegou ao Brasil em 1956 e hoje, aos 82 anos, é um dos homens mais ricos de Campinas, chama-se Tejo.

Também já nos perdemos algumas vezes nos longos corredores, entre os sete bares, restaurantes e café dos 60 mil metros quadrados do Royal Palm Resort. Chegamos ao heliporto dentro do resort com a cidade a nossos pés e até conversamos mentalmente com o busto do poeta Fernando Pessoa, no lobby, como se ele nos pudesse guiar para onde realmente gostaríamos de ir: o hotel dentro do hotel onde ficará a selecção portuguesa durante o Mundial 2014.

“O processo com a FIFA começou em 2010 — explica António Dias — e o fundamental era garantir a privacidade dos jogadores.” É difícil imaginar privacidade num complexo cinco estrelas com 500 quartos. “Mas a gente disse que tinha um hotel boutique, o The Palms, e que conseguia isolá-los completamente. Eles aceitaram. Fomos visitados por 15 delegações.”

Agora estamos no Ateliê Café — na recepção do The Palms, no segundo andar do resort. “Estas passagens que vocês vêem livres — aponta António para as ligações com o primeiro andar e as áreas de lazer —, a gente vai fechar, vai colocar portas e seguranças.” O resort tem 33 seguranças; quando a selecção chegar serão 73, 24 horas por dia.

Os 116 quartos do hotel boutique são todos iguais, do mesmo tamanho. Cada jogador terá um. A selecção deve ocupar aproximadamente 50. Apesar de não usar todos, toda a área será isolada. “Talvez até usem alguns quartos para guardar material. Tem quarto sobrando”, diz António Dias. Haverá uma portaria exclusiva para a federação portuguesa separada do resort que funcionará normalmente durante o Mundial. Dos 384 quartos do hotel maior, o Royal Palm Plaza, 150 já estão reservados para grupos de incentivo de empresas patrocinadoras da Copa do Mundo.

“Quem está no lobby principal não consegue ver os jogadores, mas andar pelas áreas comuns vai ser uma opção deles. Nem nós nem a Federação queremos deixá-los com a sensação de que estão confinados. Se quiserem dar um pulo na piscina, óptimo. É até positivo, este calor humano, esta vibração”, afirma António Dias. Talvez a área da piscina seja mesmo uma das poucas em que os outros hóspedes poderão espreitar os jogadores da selecção. Pode-se ter a sorte de ver um jogador se quiser usar as duas piscinas do hotel (uma está em construção), ou ir ao spa ou ainda usar a área de recreio e os campos de diferentes desportos. Ou não.

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