Fugas - Viagens

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No maior mosteiro budista da Europa, o silêncio é um bem precioso

É o caso de Ramon, de 19 anos. “Acho que tenho uma mente aberta, mas não sou uma pessoa espiritual. Gosto de factos científicos”, conta. Foi o pai que o aconselhou a vir. “Senti que era demasiado novo, mas ele disse que podia ser interessante e que talvez me ajudasse.” Depois de saltar de vertente em vertente, o belga está a terminar o secundário em casa. No final, quer partir numa viagem solitária pelo mundo, para ir experimentando trabalhos e aprender a virar-se sozinho. É ele quem nos revela que junto ao refeitório existe wi-fi (no site, é pedido que o uso de Internet e dos telemóveis seja refreado, assim como o consumo de álcool e de tabaco e as relações sexuais). “Se reparares, os monges vêm todos para aquela salinha mexer nos telemóveis.” A meditação e a filosofia de Plum Village, embora “úteis”, ainda não o convenceram completamente. “Muitas pessoas dizem que se chegares ao fim da semana, isto transforma-te. Se calhar vou senti-lo e tornar-me uma pessoa espiritual.”

Chegar a Plum Village é como entrar numa realidade paralela àquela que muitos de nós vivemos no dia-a-dia. “Acho que deve levar alguns dias para absorver”, conclui Ramon. A solitude, a quietude do ambiente, as emoções que afloram, o desconforto do desconhecido, os ensinamentos e regras que temos de apreender. “Às vezes, pode ser avassalador”, avisara a irmã Hien Nghiem durante a primeira reunião de família.

A família está a crescer

Este ano estão cerca de 500 jovens no Wake-Up Earth Retreat. Cinquenta são voluntários. Chegaram uma semana mais cedo para ajudar a preparar tudo e, durante o retiro, trabalham durante três dias inteiros, além da sessão diária de trabalho meditativo incluída no programa de todos. Aqui toda a gente contribui nas tarefas quotidianas que um retiro desta envergadura exige. É uma forma de contribuir para o bem-estar da comunidade e de aprender a meditar em qualquer situação e a trabalhar em conjunto.

No início de cada retiro, os participantes são divididos em pequenas “famílias” com cerca de 20 pessoas. É com elas que se janta, que se partilha inquietações e experiências durante o círculo diário de dharma sharing (o conceito é semelhante às terapias em grupo, com muitas confissões e algum choro) e uma hora de trabalho por dia. À nossa família, Ease, calharam as casas-de-banho.

Fabien faz parte da equipa de voluntários na cozinha. “Queria muito vir mas já estava esgotado. A única forma era inscrever-me como voluntário”, conta o belga de 23 anos. “Nunca pensei que cortar legumes pudesse ser tão stressante, está a ser difícil entrar no estado de tranquilidade das outras pessoas”, ri-se. É a primeira vez que vem a Plum Village. “Não estava à espera de ver tanta gente. É uma sensação boa, embora às vezes seja difícil meditar”, assume.

Por ser misto, este retiro é organizado apenas num dos mosteiros. Mas habitualmente homens e mulheres são divididos entre Upper Hamlet (monges) e Lower Hamlet (freiras), com dois encontros por semana (os complexos distam cerca de três quilómetros). Nestes casos, a capacidade de alojamento duplica e o número de participantes pode ultrapassar um milhar de pessoas. O número de jovens adultos – além de crianças e de adolescentes que vêm com os pais (há actividades específicas para eles em alguns dos programas) – é cada vez maior. Segundo a irmã Hien Nghiem, é possível que o Wake-Up Earth Retreat seja reformulado no próximo ano, de forma a poder receber mais gente (mantendo o carácter misto). Este ano, a lista de espera tinha “mais de cem pessoas”, revela.

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