Fugas - restaurantes e bares

Manuel Ribeiro/Nfactos

Agora também há poncha no Porto

Por João Pedro Barros ,

Será este o início de uma história de amor entre a conhecida bebida madeirense e o Norte do país? Os proprietários do Poncha no Porto, localizado no coração da Ribeira, acreditam que sim.
A bandeira madeirense à entrada não engana: o Poncha no Porto é um bar em que qualquer natural da "pérola do Atlântico" se sente em casa. Situado um pouco acima do famoso Cubo da Ribeira, o espaço abriu as suas portas em Abril, como resultado da união de esforços entre dois sócios, o empresário portuense Manuel Almeida e o madeirense Dário Silva. O primeiro é proprietário do edifício em que está instalado o bar e apaixonou-se pelas bebidas da região autónoma, onde também tem negócios; o segundo acrescentou o "know-how" necessário ao investimento. O nicho de mercado é óbvio: suprir a ausência de locais para degustar a poncha no Norte do país. Esta emblemática bebida madeirense - cujas qualidades são enaltecidas a um nível quase mitológico pelos naturais da ilha - é servida em seis variantes, e constitui o fulcro da oferta. Para além da poncha, a nikita e o pé de cabra são outras especialidades madeirenses que fazem parte do cardápio alcoólico e que podem ser acompanhados pelo igualmente tradicional bolo do caco.

Podemos assumir que grande parte dos leitores não conhece estas bebidas, pelo que este texto tem um lado didáctico e é uma espécie de guia para "madeirenses principiantes". Comecemos pela poncha: a receita tradicional leva aguardente de cana-de-açúcar, mel de abelha e sumo de limão e é servida em copos pequenos, de cerca de 20 centilitros. Porém, há diversas variantes, sendo a poncha à pescador a mais antiga (e também aquela onde se sente mais a aguardente). "Conta-se que os pescadores não tinham dinheiro para o mel, por isso substituíram-no por açúcar", explicou-nos Diogo Sousa, o "barman" madeirense de serviço. Também podemos recomendar a poncha preta - feita com vodka preta -, apesar de nos parecer algo perigosa: miraculosamente, quase não se sente o álcool. A poncha absinto e as mais suaves poncha maracujá e poncha tangerina são alternativas. Estas últimas (bem como a poncha preta) costumam ser servidas em copos altos, com gelo.

Agora, passemos à nikita: é uma bebida mais refrescante, que leva gelado de baunilha, sumo, cerveja e vinho branco (há uma variante sem álcool, bastante doce). Menos popular, segundo nos revelaram ao balcão, é o pé de cabra: parece leite achocolatado e, na verdade, até anda lá perto. A receita inclui casca de limão, vinho da Madeira, cerveja preta e... uma colher de chocolate em pó. Depois, é tudo bem mexido e servido com duas pedras de gelo.

Espaço simples

Na Madeira, um bar de poncha é um local para começar a noite e conversar. O Poncha no Porto quer seguir esse rumo e por isso é um espaço simples, com mesas amplas e música relativamente baixa (o house comercial costuma fazer as honras da casa). O balcão está no piso térreo, enquanto que na cave, destinada a fumadores, há mais mesas. É também aí que, aos fins-de-semana, costuma haver música ao vivo (madeirense, claro está). O edifício, que terá uns 300 anos, foi conservado de acordo com a traça original, mantendo as paredes em pedra que lhe dão o ar rústico. A história da cana-de-açúcar na Madeira é contada em alguns quadros, cujas imagens se referem, maioritariamente, ao final do século XIX.

Nome
Poncha no Porto
Local
Porto, Porto, Rua de São João, 28/30
Horarios
Domingo, Segunda-feira, Terça-feira e Quarta-feira das 16:00 às 02:00
Quinta a Sábado das 16:00 às 04:00
--%>