Fugas - restaurantes e bares

Paulo Pimenta

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Poderá o novo Luso ser o velho Luso?

Fernando e António Moreira conhecem estas histórias e desfiam-nas com orgulho. "Este é um local forçosamente com muita história", afirma António Moreira. "Aqui nasceu um evento muito importante para a cidade, a sede do homem que afrontou o regime era aqui por cima... E, apesar de não ter registo de actividades de oposição à ditadura, não tenho dúvidas de que muita coisa aqui se terá passado". "Queremos continuar nessa senda, continuar a fazer história", acrescenta.

Por enquanto, o Café Luso é o Luso Caffé (assim mesmo, com dois "efes"), um sinal dos tempos, talvez, mas que passará, quase apostaríamos, indiferente. O Café Luso sempre foi o Luso, e é assim que voltou novamente ao convívio da cidade, para os antigos frequentadores e para os novos, aqueles que vêm descobrir "o Luso" à espera de encontrar o Luso que está gravado na história e nas estórias da cidade. E esse é o Luso da boémia, das tertúlias mais ou menos inspiradas, dos encontros e desencontros, das conspirações políticas. O Luso dos novos e dos velhos, dos doutores, dos estudantes e dos outros, das prostitutas e dos proxenetas.

O vinho já não se serve à pressão, nem sequer a copo - "mas há uma boa garrafeira, sobretudo com vinhos do Douro e do Dão", asseguram os proprietários. No entanto, as francesinhas, os pregos, os finos e os tremoços também regressam com o novo Luso. Fazem parte da sua identidade, consideram, e é um piscar de olhos aos antigos clientes: "A gastronomia está igual, ou pelo menos semelhante", para que "os saudosistas venham e sintam que este é o café que foi deles, e para que os que ainda não tiveram o prazer de conhecer venham e encontrem o passado no presente". Mas o novo Luso não podia manter apenas essa oferta culinária - e ela alargou-se de tal forma que o café, que tem a polivalência de um espaço que funciona desde manhã cedo até às primeiras horas da madrugada, também entra no roteiro de restaurantes do Porto (e uma sala na cave está apenas reservada para essa nova vocação).

Café contemporâneo

Se calhar é a infl uência dos tais dois "efes" no café. O Luso perdeu a aura de café-tasco e ganhou um visual indisfarçavelmente contemporâneo, com um piscar de olhos ao passado dos grandes cafés; ganhou espaço e luminosidade; saiu à rua e tem, pela primeira vez, uma esplanada coberta por grandes guarda-sóis, à espera de outra solução para os meses de Inverno.

A fachada rasga-se em três portas-janelas (mais uma do que anteriormente - a terceira era a entrada para uma pensão no primeiro andar) emolduradas de granito, e dentro o Luso é amplo e geometricamente alinhado como um café tradicional - as filas de mesas de tampos alvíssimos (fórmica?) sobre pé de ferro negro compõem-se com cadeiras de madeira escura e espaldas levemente abauladas sobre um chão de madeira brilhante. Há mármores como lambris e mármores a cobrir paredes, com diferentes caprichos visuais; há mais madeiras a forrar o fundo da sala, onde um ecrã plasma transmite ininterruptamente. O balcão ocupa toda uma parede, é branco levemente tingido, e é "montra": na frente há gelados, de lado há sobremesas e frutas.

Nome
Luso Caffé
Local
Porto, Porto, Praça Carlos Alberto, 92
Telefone
222014030
Horarios
Todos os dias das 08:00 às 02:00
Website
http://www.lusocaffe.pt
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