Fugas - restaurantes e bares

  • Nuno Ferreira Santos
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Tacho, alma e… alguma calma

A mesa abriu com “pão, manteiga e azeitonas marinadas” (3 euros), em que além do fresco vinha pão torrado com azeite e orégãos (agradável solução de utilização do excedente do dia anterior), manteiga desempacotada e azeitonas carnudas bem temperadas sem perderem o sabor natural. Cá fora, a noite puxava a temperatura para baixo sem causar frio, mas o suficiente para o estômago se sentir acarinhado pela boa “sopa de peixe” (3 euros). Os coentros na medida certa e um toque não opressor de hortelã picada deixavam brilhar um belo e denso caldo com as devidas lascas de peixe, que quase parecia ter a riqueza de sabores de uma caldeirada. Os “canivetes à Bulhão Pato” (10 euros) surgiram com uma visível porção de alho picado que fez temer o pior, mas o receio eclipsou-se à primeira “navalhada” dada nos bivalves, também conhecidos como navalhas ou longueirão. Impecavelmente depurados, sabor marítimo presente mesmo com o alho, numa boa variação da receita tradicional de amêijoas. O ponto alto foram as “ovas ao alhinho” (10 euros), que no caso eram as peculiares de choco de sabor “amariscado” (também fazem com as de pescada) numa preparação simples, fritas em azeite e com o alho de novo em quantidade, onde foi notória a grande qualidade dos dois ingredientes. Um bailado aliáceo para as papilas, a recordar de forma antológica.

As carnes ficaram de fora nos pratos principais, onde era incontornável experimentar a “caldeirada de um pescador” (26 euros/2 pessoas) feita de forma clássica, sem “fintinhas” nem “floreados”, que os homens da pesca são gente prática mas de paladar treinado em mar alto. Por isso veio um generoso tacho com um quarteto de tamboril, pata-roxa, raia e safio, com batatas às rodelas, pedaços de tomate fresco e pimento em quantia não invasiva. Sabor e pontos de cozedura exemplares: o único reparo vai para o facto de um ou outro pedaço de peixe parecerem ter entrado tardiamente na panela, pois não incorporaram o molho na proporção dos restantes. Excelente estava a “massada, hortelã da ribeira e limão” (10 euros), feita com a massa cotovelinhos al dente, que nesse dia foi realizada com mero. O peixe saboroso de carne firme a vir em pedaços generosos com pedacinhos de camarão e um toque subtil de picante a avivar o conjunto sem incendiar nada. Nova exultação com o “bacalhau, guisadinho de grão e sames” (12,50 euros), servido em três postas finas de fritura crocante sublime e toda a alma portuguesa de um bom bacalhau seco demolhado na perfeição. Na companhia vinham três agradáveis peixinhos da horta e num tachinho à parte um guisado de grão com pedacinhos de chouriço e três partes da bexiga do bacalhau que trouxeram delicadeza de sabores e uma textura diferente ao preparado. 

Infelizmente, a parte dos vinhos tem história curta. Carta muito reduzida e escrita a lápis, quiçá porque a rotação é alta. Tirando alguns da zona de Palmela, os preços andam dentro do habitual. Os copos cumprem bem a função, assim como as temperaturas de serviço são adequadas, só falta mesmo é mais variedade de escolha no perfil dos vinhos e por consequência nos preços. Nota muito positiva para a cortesia e eficiência da família Mateus e de outro membro da equipa, que são constantes ao longo do servi? ?o mesmo com a casa repleta.

Nome
Casa Mateus
Local
Sesimbra, Santiago (Sesimbra), Largo Anselmo Braamcamp, 4
Telefone
963650939
Horarios
Domingo, Terça-feira, Quarta-feira, Quinta-feira, Sexta-feira e Sábado das 12:00 às 15:00 e das 19:00 às 00:00
Website
http://www.casamateus.pt/
Preço
25€
Cozinha
Peixe e Marisco
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