Fugas - viagens

Luís Maio

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Volta a Paris em bicicleta

O Velolib entrou nos hábitos dos parisienses e isso significa que os forasteiros que aderem ao programa são recompensados com a grata sensação de entrarem nessa onda e se sentirem também um pouco parisienses. Uma vantagem mais terra-a-terra é o preço imbatível. O aluguer das bicicletas de modelo único - robustas e cinzentas, sempre com um útil cestinho à frente - custa 1€ por dia, 5€ por semana, 29€ por ano. O pagamento efectuase exclusivamente por cartão de crédito. Pagar um euro com cartão de crédito pode parecer absurdo, mas é preciso acrescentar que o aluguer requer uma caução de 150€.

Os 30 primeiros minutos são gratuitos, descontando-se no cartão do utente outro euro pela primeira hora, quantia que vai crescendo ao longo de 24 horas, até totalizar os referidos 150€. Mas em princípio não há necessidade de pagar mais que o aluguer da máquina, visto que basta estacionar de meia em meia hora para beneficiar da gratuitidade do sistema - e há um parque de estacionamento para elas de 300 em 300 metros ou menos, espalhados por toda a cidade. Um parêntesis: os chineses, que são ciclistas usuais e estão agora em peso em Paris, no entanto, circulam pouco de Velolib, porque o uso de cartões de crédito ainda não faz parte dos seus hábitos culturais.

Há algumas regras a observar: as Velolib são de uso estritamente individual e não podem ser subalugadas; não devem ser tomadas aquelas que exibem o selim ao contrário (é sinal de estarem avariadas); é proibido montá-las nos passeios. Quem for apanhado a passar um sinal vermelho paga 85€, quem perder ou deixar roubar o Velolib tem uma multa de 30€. A fraqueza maior do sistema, a concentração excessiva de bicicletas em alguns estacionamentos e a sua completa ausência noutros, tem vindo a ser combatida, mas não está erradicada.

Há agora 20 carrinhas (eléctricas, para não ferir a filosofia ecológica do programa) - uma por cada divisão ou arrondissement da cidade, encarregadas de repor esse equilíbrio. Mas é evidente que, por exemplo em Montmartre, há muito mais gente que quer descer de bicicleta do que aquela que está disposta a subir, isto apesar dos 15 minutos de bónus gratuito no segundo sentido. Cada estacionamento oferece, no entanto, a indicação do mais próximo onde há lugares livres e, é preciso reconhecê-lo, o Velolib, funciona bem melhor do que a maior parte dos programas de aluguer de bicicletas em vigor por essa Europa fora.

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