É uma das estrelas mais reluzentes da fábrica automóvel de Palmela. Mas esse é apenas um pormenor do renovado Volkswagen Eos, o cabriolet-coupé alemão que tem tudo para merecer o aplauso de Luís Filipe Sebastião (textos) e de Nuno Ferreira Santos (fotos)
O Volkswagen Eos conseguiu imporse, desde logo, como um exemplo a seguir no nicho dos cabriolet-coupé e o singular tecto em vidro retráctil ajudou à notoriedade deste modelo alemão fabricado na Autoeuropa.
Recentemente, o Eos beneficiou de uma positiva renovação estética, que lhe concedeu motorizações mais eficientes em termos de consumos. Já o bloco intermédio a gasolina, 1.4 TSI de 160cv, que a Fugas testou, assume-se como uma proposta equilibrada para uma utilização de lazer e descontraída.
Baseado na plataforma do Golf, o Eos destaca-se claramente da versão descapotável do famoso modelo médio do emblema germânico. O Golf, que também irá dispor de uma versão Cabriolet, dotada de uma capota em lona clássica, foi buscar alguns traços estilísticos ao modelo feito em Palmela e apresentará preços ligeiramente mais acessíveis.
Porém, a carroçaria coupé com tecto rígido do Eos permite uma utilização mais diversificada.
A frente redesenhada aproxima o Eos da restante gama Volkswagen, com uma grelha de três frisos horizontais cromados. Os grupos ópticos arredondados deram lugar a um formato mais rectangular, com luzes diurnas de série, e os faróis bi-xenon opcionais incorporam tecnologia LED. A secção posterior exibe linhas mais atraentes, com os farolins bipartidos, integrados na tampa da mala, a prolongarem-se lateralmente e igualmente dotados do pontilhado luminoso.
No interior constata-se um maior cuidado na escolha dos materiais de revestimento. As superfícies de tacto suave combinam bem com elementos cromados. Só alguns plásticos mais rijos na consola central destoam no conjunto. A instrumentação revela-se intuitiva e só merece reparo a ausência de fecho centralizado ao alcance do passageiro do lado (a poupança de um botão veio para ficar em todos os modelos da marca). O espaço a bordo mostra-se suficiente para ocupantes de estatura média e o acesso aos dois lugares traseiros só será problema para os mais corpulentos.
O bloco de 1.4 litros TSI, com 160cv, constitui a opção intermédia de entre os três motores a gasolina, todos com injecção directa. Se o 2.0 TSI, com 210cv, se faz pagar por mais quase dez mil euros, já o 1.4 TSI, de 122cv, custa apenas menos 750 euros do que este quatro cilindros sobrealimentado e com um funcionamento muito suave. De tal forma que, quando imobilizado, não se deixa escutar ao ponto de se pensar que está desligado, como se dispusesse de Start&Stop.
Este sistema da tecnologia Bluemotion, no entanto, só está disponível com a motorização 1.4 de 122cv e no turbodiesel 2.0 TDI (140cv). Mas, mesmo não contando com a função automática de paragem e arranque, todos os motores se mostram mais contidos nos consumos e, por isso, a diferença entre os dois primeiros blocos a gasolina varia apenas de 6,2 l/100 km (122cv) para 6,8 (160cv). Isto no que toca a valores homologados pois, no caso do segundo propulsor, os consumos sobem acima dos oito litros com uma condução mais exigente.
Este motor com dupla sobrealimentação (turbo e compressor) responde bem às exigências em trajectos rápidos, de forma mais linear do que expedita, mas obriga, com frequência, a recorrer à transmissão manual de seis velocidades. As recuperações implicam, por isso, uma maior antecipação por parte do condutor.
Em termos dinâmicos, a precisa direcção assistida electromecânica ajuda a traçar as trajectórias pretendidas nos percursos mais sinuosos. A suspensão absorve com eficácia os pisos deteriorados, prestando também bom apoio em curva.
O completo equipamento de origem inclui diversos itens no domínio da segurança e conforto, nomeadamente os faróis de nevoeiro com luzes de curva estáticas; airbags frontais, laterais e de cortina; assistente de arranque em subida (Hill Hold Control) e sensores de luzes, de chuva e de estacionamento traseiro. A lista de opcionais permite personalizar o veículo com várias soluções tecnológicas (áudio e navegação) e uns quantos tipos de jantes e de estofos. Tudo para que se possa desfrutar durante todo o ano do modelo alemão fabricado na margem sul do Tejo.
Barómetro
+ Equipamento, motor suave e progressivo, estética, construção
- Alguns plásticos, volume da bagageira, ausência de sistema start-stop
Útil e simples
A uma velocidade moderada, com o tecto aberto, é possível manter uma conversa em níveis aceitáveis. Mas quando se sobe de ritmo o som da deslocação de ar intromete-se, neste como noutros veículos do mesmo tipo. A montagem de um pára-vento sobre os lugares traseiros, com apenas dois ocupantes, ajuda a desviar as correntes de ar para fora da viatura. O Eos, à semelhança de modelos de outros construtores (por exemplo, a Mercedes), possui um deflector com rede adicional no topo do párabrisas, que se prime para subir. O tejadilho pode também ficar com uma abertura pela metade superior, como um comum tecto de abrir.
Só parado
O tejadilho em vidro constitui uma das mais-valias deste cabriolet coupé. A operação de destapar ou cobrir o Eos demora cerca de 25s e só pode ser realizada com o veículo imobilizado. Uma condicionante que se justifica por motivos de segurança, já que só a maioria das coberturas em lona dos descapotáveis pode ser accionada com a viatura em andamento. Por outro lado, o comando para abrir e fechar o tejadilho continua instalado na parede do apoio de braços central, o que não parece o sítio mais prático para uma utilização frequente.
Acanhada
A capacidade da bagageira está limitada a apenas 205 litros com o tejadilho CSC, composto por cinco elementos distintos, recolhido no compartimento da mala. Uma estrutura modelada resguarda os objectos da operação de abertura do tejadilho, de forma a não danificar o sistema ou a carga. A capacidade aumenta para 380 litros caso se opte em fechar o tejadilho, como se tivesse um mero tecto de abrir. Uma abertura entre os dois lugares traseiros, no sítio do apoio de braços, facilita o transporte de objectos compridos. Um saco opcional para equipamento de esqui ou de snowbord custa 111 euros. Sob o piso está alojado um pneu sobressalente de uso temporário.
À medida
O visual do tablier do Eos, designação em grego da deusa do amanhecer, foi revisto e incluía na unidade ensaiada um rádio com leitor de seis CD integrado e monitor "touch screen" (284 euros). Os outros extras presentes consistiam na pré-instalação do sistema "bluetooth" (464 euros), na pintura metalizada (375 euros) e nos estofos em couro (1968 euros). Contudo, existem mais opções à medida de cada carteira, do rádio com navegação (1819 euros) ao "Light Assist", assistente automático de luzes de máximos (133 euros). Os estofos Nappa (2440/2654 euros), a disponibilizar mais tarde, possuem um tratamento especial que confere ao couro a capacidade de reflectir os raios solares, reduzindo o calor acumulado nos bancos.
Ficha Técnica
Mecânica
Cilindrada: 1390cc
Potência: 160cv às 5800 rpm
Binário: 240 Nm ente as 1500 e as 4500 rpm
Cilindros: 4 em linha
Válvulas: 16
Alimentação: injecção directa a gasolina, turbo, compressor e intercooler
Tracção: dianteira
Caixa: manual, de 6 velocidades
Suspensão: independente, tipo McPherson, com barra estabilizadora, à frente; independente, multibraços, com barra estabilizadora, atrás
Direcção: pinhão e cremalheira, assistida
Travões: discos ventilados, à frente; discos maciços, atrás
Dimensões
Comprimento: 442,3 cm
Largura: 179,1 cm
Altura: 144,4 cm
Peso: 1526 kg
Pneus: 235/45 R17
Capac. depósito: 55 litros
Capac. mala: 380-205 litros
Prestações
Velocidade máxima: 217 km/h
Aceleração de 0 a 100 km/h: 8,8s Consumo misto: 6,8 litros/100 km Emissões CO2: 157 g/km Preço: 33.425 euros (versão ensaiada: 36.516 euros) *Dados do construtor
Equipamento
Segurança
ABS: Sim, com assistência à travagem
Airbags frontais: Sim
Airbags laterais: Sim
Airbags laterais traseiros: Não
Airbags de cortina: Sim
Airbag de joelho para condutor: Não
Controlo de tracção: Sim
Programa Electrónico de Estabilidade: Sim
Vida a bordo
Vidros eléctricos: Sim
Fecho central: Sim
Comando à distância: Sim
Direcção assistida: Sim
Retrovisores eléctricos: Sim
Ar condicionado: Sim, automático
Abertura do depósito interior: Sim
Abertura da mala interior: Sim
Bancos traseiros rebatíveis: Não
Jantes de liga leve: Sim
Rádio CD: Sim
Comandos no volante: Sim
Volante regulável em altura: Sim
Volante regulável em profundidade: Sim
Computador de bordo: Sim
Alarme: Opção
Bancos dianteiros eléctricos: Pack couro (1968 euros)
Estofos em pele: Pack couro
Bancos aquecidos: Pack couro
Tecto de abrir: Sim
Navegação por GPS: Opção (1819 euros)
Telefone integrado: Opção (464 euros)
Regulador de velocidade: Sim
Sensores de chuva: Sim
Sensores de luminosidade: Sim
Sensores de parqueamento: Sim (traseiros)
Faróis de nevoeiro: Sim
Faróis de xénon: Opção (704 euros)
Lava Faróis: Sim, com faróis xénon