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Continental TechShow 2017: o futuro em movimento

Por João Palma

The future in Motion e 2025 AD foram os motes do Continental TechShow, onde foram apresentadas em primeira mão a jornalistas de todos os cantos do mundo as inúmeras novidades que a empresa irá revelar no próximo Salão de Frankfurt.

A Continental é mais conhecida como fabricante de pneus e, na verdade, só na sua fábrica portuguesa do Lousado produz anualmente 20 milhões (cerca de quatro vezes o consumo total de pneus em Portugal). Porém, com 220.000 funcionários e 427 instalações em 56 países, esta multinacional de origem alemã é bem mais que isso. O fabrico de pneus só é 26% da sua actividade e é isso que a Continental pretende demonstrar com o TechShow, um evento onde apresenta as suas soluções para a indústria automóvel.

A empresa é como aqueles comércios antigos de vilas e aldeias que vendiam tudo – desde a antena aos pneus, passando por sistemas de propulsão, travagem, carregamento de baterias, itens de conforto e vida a bordo, novos materiais para componentes ou condução automatizada, a Continental tem propostas para tudo e foi isso que mostrou a jornalistas de todos os continentes num evento dividido por dois intensos dias em Hanôver, a sede mundial da empresa alemã. Aí, em primeira mão, foram exibidas as cerca de 30 tecnologias inovadoras que a Continental irá apresentar no Salão de Frankfurt em Setembro.

Os pneus ainda são a imagem de marca da Continental e, por isso, o primeiro dia foi dedicado a uma visita aos laboratórios e departamentos de investigação e desenvolvimento em Hanôver, onde, em linhas gerais, foram descritos os processos de criação e de testes de novos pneus. Apesar do seu visual anódino (“preto, redondo e com um buraco no meio”), o pneu é um dos componentes automóveis mais complexos e sofisticados. Por isso, quando alguém nos pergunta que pneus deve comprar, a resposta é: “Compre na medida que consta no livrete do veículo e de marcas reconhecidas”.

Afinal, o pneu é o único elemento do veículo em contacto com o solo, pelo que devem ser de qualidade e as poupanças podem sair caro. Apesar dos esforços de novos fabricantes, as mais conhecidas marcas europeias e japonesas ainda estão muito à frente da concorrência, que não dispõe dos mesmos conhecimentos, experiência e tecnologia.

Na composição e construção de um pneu entram duas dezenas de materiais diferentes, entre eles a sílica e o negro de fumo (que dá a cor preta ao pneu), agentes de reforço na composição do pneu, borracha natural e artificial, aço, kevlar, etc. Sendo cerca de 20, eles podem diferir muito e as combinações possíveis são quase infinitas. Todos os dias surgem novos. Por exemplo, está-se a estudar o uso das raízes do dente-de-leão, uma planta muito comum em todo o mundo, para produzir borracha natural que substitua a da seringueira, de mais difícil obtenção e requerendo transporte. A Continental cria cerca de dez mil novos compostos de pneus por ano, dos quais apenas uma ínfima parte é aproveitada na produção. Esses compostos são analisados por equipamento de testes sofisticadíssimo, algum dele extremamente recente, que procura determinar o seu comportamento em situações reais de uso: por exemplo, como se dá o desgaste do pneu face à desagregação das cadeias internas de ligação dos componentes pela abrasão em contacto com a superfície das vias ou a determinação do footprint (área do pneu em contacto com o solo). Outro factor importante é o desenho da banda de rodagem (carving) e a Continental tem um laboratório que só se ocupa desse detalhe.

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