O Melhor Bartender de Portugal contou à Fugas que não tinha ficado satisfeito com o resultado dos dois primeiros desafios, mas no terceiro ficou “muito feliz”. João Rodrigues é o Melhor Bartender Português 2016, depois de vencer a Final Nacional World Class, realizada em Lisboa na quarta-feira passada. Agora imagine que ele fica sempre feliz com o resultado final dos desafios. É isso que precisamos para termos o Melhor Bartender do Mundo, uma final que se realiza em Miami em Setembro.
“Obrigado! Estou sem palavras, não sei o que dizer, desculpem-me”, dizia o algarvio enquanto não tirava os olhos do prémio que exibia o seu novo título. Natural de Portimão, João Rodrigues entrou no mundo dos cocktails porque ”precisava de pagar propinas” para terminar a licenciatura em Gestão Hoteleira, iniciando a carreira em 2007, no Colombus Cocktail & Wine Bar, em Faro, onde hoje ainda trabalha. Em jeito de mostrar as origens, João escolheu o mediterrâneo como tema e não hesitou na escolha quando lhe perguntámos qual era o principal ingrediente para esta final: “água salgada!”.
A final
Chegámos ao Lisbon Secret Spot Montes Claros, em pleno Parque Natural de Monsanto, e já a segunda prova ia no penúltimo finalista. Entramos na sala e ouvem-se palmas – batem-se de cada vez que um bartender abana o shaker. Dizem-nos que é para eles sentirem o apoio. As famílias e os amigos estão sentados, todos muito atentos às expressões faciais dos quatro jurados aquando das provas. São eles Dennis Zoppi, bartender internacional finalista da World Class Itália 2012; Max la Rocca, embaixador World Class da Europa Ocidental; Luca Anastasio, bartender internacional; e José Maria Robertson, Melhor Bartender Português 2015. No fim da segunda prova comentam as cores, os copos, os utensílios, a apresentação e a simpatia, enquanto olham as fotografias dos cocktails tiradas com os telemóveis.
Na segunda de três provas, “The sensorium castle”, pedia-se aos concorrentes que recriassem um ambiente que nos levasse a um castelo escocês em 1900 e, claro, uma bebida adaptada a tal. As bebidas, a indumentária escolhida, as técnicas e a apresentação não foram esquecidas. O finalista André Martins, do Porto, até usou um kilt escocês.
A primeira prova do dia, “Need for speed”, exigia a apresentação de, no mínimo, três cocktails em oito minutos. Daniel Carvalho, de Famalicão, contou-nos que por um segundo não acabou a sexta bebida. Já Marco Monteiro, de Lagos, terminou o tempo a colocar flores nos quatro cocktails que apresentou. João Rodrigues, o agora vencedor, apostou no freestyle (uma técnica que consiste em colocar o mesmo líquido nos copos em quantidades iguais) e apresentou seis, cada um com cores diferentes.
O melhor bartender português da edição de 2015, José Robertson, comentava que o facto de ter competido pelo título mundial na África do Sul o tinha influenciado e antecipava expectativas para a última prova, “Before and after sun”, na qual os seis finalistas tinham de apresentar dois cocktails, um que se enquadrasse no estado de espírito do dia e outro para a noite. “Esta temporada lá fora, em todos os países que percorri a estudar a arte, mudou o que espero encontrar. Como júri dou por mim a procurar critérios internacionais, o que me exigiam a mim lá fora, mas procuro simpatia, educação profissional, factor surpresa e técnicas novas.”