"Sabemos que há muita gente [em Portugal] que conhece o Vila Joya mas que nunca lá foi, por isso vemos na mudança para aqui uma oportunidade para lhes oferecer um caminho mais curto para jantarem connosco", acrescenta Gebhard.
O que poderão comer aqui será o mesmo que comeriam no Algarve, ou vai haver alterações? "Não, não, alterações não, é o mesmo", diz Koschina, no seu português com forte sotaque e que acompanha sempre com gestos expressivos. Não é que prefira cozinhar peixe a carne, mas a sua cozinha muda conforme o sítio onde está. "Na Áustria cozinho mais carne. Aqui, Portugal, terra de peixe. Normalmente, uma vez aqui, cozinho peixe." Mantém o seu fornecedor habitual, Pedro Bastos, em quem tem total confiança e, em Sintra, continuará a apostar no peixe.
A ementa que foi criada para as primeiras semanas (até 30 de Dezembro) inclui três pratos ao almoço (lavagante do Atlântico, couve-flor e tapioca; pombo mieral com alcachofra de Jerusalém e avelã; e framboesa, iogurte e amêndoa) e seis ao jantar (para além dos três já referidos, ostra gillardeau, aipo e caviar imperial; salmonete com molho escabeche, verbena e cebolas pérolas; barriga de leitão, chouriço e polvo; e Serra da Estrela, açafrão e pêra). Além disso, há uma série de entradas que Guilherme Quintas preparará diariamente.
Na cozinha estão ainda a austríaca Theresa Gumplmayr, responsável pela secção dos doces - no dia em que visitamos Seteais anda atarefadíssima a preparar doces, e a tentar encaixar tabuleiros no frigorífico - e dois portugueses, Carlos Soares, que se encarrega de todos os acompanhamentos, e João Pinto, o responsável pelos peixes e mariscos. Desta vez as nacionalidades estão em igualdade numérica, dizem, rindo.
Melhor do que o original?
Gebhard está entusiasmado com a experiência - que surgiu na sequência de uma conversa entre um dos membros da equipa do Vila Joya e um responsável dos hotéis Tivoli no âmbito da iniciativa Portugal dos Sabores, que está a decorrer no Brasil, integrada no Ano de Portugal no Brasil. "Uma conversa levou à outra, e agora estamos aqui. A mudança até foi mais fácil do que imaginávamos", confessa. "Esta sala foi talvez, em tempos, uma cozinha, e nós tivemos pouco mais de uma semana para a transformar novamente numa cozinha. Mas acho que o resultado foi muito bom."
Este não é, sublinha, um processo em que um restaurante vai ocupar o lugar de outro. O restaurante do Tivoli Palácio de Seteais vai continuar a funcionar como sempre, e o Vila Joya é uma oferta adicional. Até as salas de refeição serão diferentes. O restaurante do hotel mantém a sua sala habitual, e a equipa de Koschina ocupará a Sala D. João VI (situada à esquerda de quem entra no palácio, e com capacidade para, no máximo, 20 pessoas), onde serão servidas as refeições, e a Sala Pillement, decorada com frescos do pintor francês Jean Baptiste Pillement, onde serão servidos os aperitivos.
Será um trabalho de colaboração e parceria. Embora o Vila Joya tenha deslocado para Seteais uma parte do seu staff, este vai funcionar com o apoio da equipa do Tivoli, que irá também aproveitar a oportunidade para trabalhar com um restaurante com o nível de duas estrelas Michelin. Quanto a Koschina, estará presente no primeiro fim-de-semana, mas depois terá que viajar novamente para participar em eventos no estrangeiro, que, diz, "são sempre bons para ganhar clientes para o Vila Joya".