Fugas - Viagens

  • JAVIER BARBANCHO/REUTERS
  • JAVIER BARBANCHO/REUTERS
  • JAVIER BARBANCHO/REUTERS
  • JAVIER BARBANCHO/REUTERS
  • JAVIER BARBANCHO/REUTERS

Continuação: página 4 de 5

Cheira bem, cheira a Córdova, a flor de laranjeira e a jasmim

O Guadalquivir recebe-me, sereno, as luzes não tardam a iluminar a ponte romana e reverberar nas águas, como fonte de inspiração para Llorca mas não só. Cheira bem, cheira a Córdova, a flor de laranjeira e a jasmim.

Carros fechados chegavam
às margens daqueles juncos,
lá onde as ondas alisam
um romano torso nu.
Carros que o Guadalquivir
deita em seu cristal maduro,
entre gravuras de flores
e ressonâncias de nuvens.
Meninos tecem e cantam
o desengano do mundo,
próximos dos velhos carros
já perdidos no nocturno.
Porém, Córdova não treme
sob o mistério confuso,
porque se a sombra levanta
a arquitectura do fumo,
um pé de mármore afirma
seu casto fulgor enxuto.
Pétalas de lata débil
bordam em relevo os puros
cinzentos da brisa, solta
sobre os arcos do triunfo.
E enquanto a ponte sopra
dez rumores de Neptuno,
os vendedores de tabaco
fogem pelo ruinoso muro.

GUIA PRÁTICO

Como ir

Os aeroportos mais próximos são os de Málaga e Sevilha e, desde uma ou de outra, há ligações frequentes de comboio com Córdova (www.renfe.com), cuja estação está situada muito próxima do centro histórico. A TAP viaja para as duas cidades desde Lisboa por cerca de 170 euros (ida e volta) mas a distância entre a capital (ou mesmo do Porto) e Córdova é perfeitamente viável de carro, com a vantagem de dispor de mais liberdade para visitar a urbe espanhola e os arredores. Desde Lisboa, são pouco mais de 600 quilómetros (custo de portagens no valor de 26 euros por trajecto) e, a partir do Porto, uns 900 e 47 euros se optar por conduzir em auto-estrada (há outras alternativas).

Quando ir

O clima de Córdova sofre os condicionalismos resultantes dos fenómenos atmosféricos e das características do relevo. As massas húmidas provenientes do Atlântico encontram-se com a barreira orográfica da Sierra Morena pelo que, quando chegam à cidade, raramente trazem chuva, ao contrário do que acontece com o vale do Guadalquivir, que facilita a precipitação sobre Córdova, especialmente na Primavera e no Outono, em consequência das massas de ar quente vindas do norte de África. Em média, a cidade beneficia de quase 150 dias de sol por ano e as temperaturas mais altas registam-se no Verão, com máximas que vão dos 38 aos 41 graus entre Junho e Setembro – em Maio, quando ocorrem as festas dos pátios, a mínima é de 19 e a máxima de 34. Os meses mais frios são entre Dezembro e Fevereiro mas os termómetros raramente baixam os nove graus.

Onde comer

A Casa Pepe de la Juderia (www.casapepejuderia.com), na Calle Romero, 1, bem no coração da judiaria, é um dos restaurantes clássicos da cidade, com a vantagem de proporcionar duas alternativas: as tapas na taberna ou confortavelmente sentado numa das divisões da casa ou mesmo no pátio, provando a gastronomia tradicional cordovesa. Na mesma rua, mas no número 16, encontra o El Churrasco (www.elchurrasco.com), abrigado numa elegante casa da judiaria, mas se o que procura é a tradição da comida local aliada a um toque de inovação não deixe de experimentar o Zyriab (www.bodegasmezquita.com), na Calle San Felipe, 15, com as suas especialidades de leitão. Finalmente, para um encontro com a história mas também com a arte de cozinhar, vale a pena sentar-se calmamente no pátio do La Almudaina (www.restaurantealmudaina.com), na Plaza Campo Santo de los Mártires, 1, mesmo em frente ao Alcázar de los Reyes Cristianos, um palacete do século XVI construído por Leopoldo de Áustria, tio de Carlos V. De alguns anos a esta parte, Córdova promove a rota das tabernas como produto turístico tão intimamente ligado às suas raízes, num total de sete dezenas de estabelecimentos onde se misturam locais e turistas para provar as tapas cuja fama há muito se estendeu para lá das fronteiras da Andaluzia. Além da já citada Casa Pepe de la Juderia, há outras que justificam uma visita, como a Taberna San Miguel (Casa El Pisto), na praça com o mesmo nome, fundada em 1886 e gozando de grande reputação, ou a Taberna Salinas, um lugar de encontro junto à Plaza de la Corredera e uma segunda casa próxima da Puerta de Almodóvar.

--%>