Niepoort Colheita 186
Dirk Niepoort abriu a prova em grande, servindo cinco Niepoort Colheita (vinhos de um só ano) longevos: 1937,1934, 1912, 1900 e 1863. Cinco vinhos extraordinários e difíceis de pontuar. Dizer que um é melhor do que o outro é quase uma heresia. São todos bons, embora os mais velhos provoquem sempre maior emoção. Apesar dos anos que os separam, é possível descobrir em quase todos eles o mesmo padrão, o mesmo predomínio das notas amargas de cacau e café, a mesma austeridade e frescura. O único que foge um pouco a esse estilo Niepoort é o colheita 1863, um vinho produzido antes da chegada da filoxera ao Douro. É um Porto que, até pela idade, mostra algumas semelhanças com os Madeira velhos, apesar de ser menos salgado. Já tem quase um século e meio de vida e ainda parece ter outro tanto pela frente. Menos doce do que os Tawny antigos, é um vinho viscoso mas de grande elegância, subtileza e austeridade, cheio de notas quentes (frutos secos, torrefacção, cacau) e com um final fresco e interminável. Com exemplares destes, o vinho do Porto será sempre um dos grandes vinhos do mundo.
Jean Marc Pillot Chassagne-Montrachet 1er Cru Morgeot 2002
Este produtor da Borgonha podia servir de caso de estudo para uma discussão sobre a moda actual (pelo menos em Portugal) da maturação perfeita nos vinhos. Também ele cavalgou essa onda, mas depressa fez marcha-atrás, quando verificou que os vinhos não estavam a envelhecer tão bem. Regressou aos métodos clássicos e minimalistas do progenitor, apostando numa viticultura mais limpa e usando apenas leveduras indígenas, e os seus vinhos brancos voltaram a ganhar um lugar de destaque na Borgonha. Ao Douro, Jean Marc Pillot levou três vinhos. Um deles não estava bom (rolha contaminada), mas valeram os outros dois (Chassagne-Montrachet 1er Cru Les Caillerets 2007 e Chassagne-Montrachet 1er Cru Morgeot 2002), em especial o segundo, um branco de Chardonnay. Grande prova de boca, com uma bela textura amanteigada, muita finesse e excelente mineralidade.
Armand Rousseau Chambertin Clos de La Roche Grand Cru 2008
É um dos lendários domaines da Borgonha, só superado pelo mítico Domaine de la Romané Conti, embora haja quem prefira os tintos produzidos pelo primeiro. Dos seus 13,5 hectares saem alguns dos melhores vinhos tintos (de Pinot Noir) do mundo. O Chambertin Gran Cru (que custa mais de 300 euros cada garrafa das colheitas mais novas) é um deles. Não tivemos a sorte de o provar, mas qualquer enófilo já se pode dar por feliz quando tem a oportunidade de beber, como foi o caso, um Chambertin Clos de La Roche Grand Cru 2008 (custa 113 euros). Um Pinot Noir que é puro veludo, complexo, fino, mineral e de rasto longo.
Fritz Haag Riesling Auschlese 1994
Um dos grandes produtores de Riesling da região alemã de Mosel-Saar-Ruwer. Os seus vinhos destacam-se pela elegância e delicadeza. Foram quatro os Riesling em prova; um seco (Trocken 2009) e três mais doces (Spätlese 2004, Auschelese 2001 e Auschlese 1994 Goldkapsel). Deslumbrantes os mais doces. Porém, nenhum expressa como o Auschelese 1994 Goldkapsel o carácter eterno dos Riesling do Mosela, com a sua doçura delicada e acidez apaziguadora.