Fugas - Vinhos

Paulo Ricca

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Grandes vinhos finos do mundo em prova monumental no Douro

Telmo Rodriguez Lanzaga Tinto 2008
Forma com Raul Pérez a dupla de enólogos mais badalada de Espanha. Como Dirk Niepoort, faz vinhos em várias regiões espanholas e também já teve a sua incursão no Douro. O seu maior mérito foi ter recuperado o Moscatel de Málaga para o galarim dos melhores vinhos doces do mundo. Desta vez, só deu a provar vinhos tranquilos, três tintos (Rioja, Castilla-León, Ribera del Duero) e um branco de Rueda. O que mais impressionou foi o Lanzaga 2008, um Rioja de perfil clássico, muito contido de aroma mas com uns taninos incisivos e uma frescura que proporcionam uma prova de boca gloriosa.

R&L. Legras Saint Vincent 1996
Depois de Porto, nada melhor do que champanhe. A casa R&L. Legras não é das mais conhecidas dos portugueses, mas basta dizer que é a embaixadora do maior número de restaurantes com estrelas Michelin em França para se perceber do que estamos a falar. Em prova estiveram os R&L Legras Brut NV (sem data de colheita), Evanescense 2002, Saint Vincent 2000, Presidence 2002 e Saint Vincent 1996. Se nos mais novos imperam as notas de limão, maçã verde e de leveduras, nos mais velhos o que sobressai são os aromas mais evoluídos (panificação, algum petrolado), a complexidade de boca, a secura e frescura finais. Magnífico o R&L. Legras Saint Vincent 1996. Volumoso, intenso, fino, fresco e longo.

Schloss Gobelsburg Riesling Tradition 2005
Situada na região de Kamptal, banhada pelo rio Kamp, um afluente do Danúbio, a casa Schloss Gobelsburg é um dos mais antigos produtores da Áustria. Provaram-se os Schloss Gobelsburg Grünner Veltliner Renner 2009, Riesling Heiligenstein2009, Riesling Heiligenstein 2004, Riesling Tradition 2005 e TrockenBeerenauslese 2008. Formidável este último, um vinho que equivale à mais alta categoria dos vinhos doces austríacos, feitos com uvas excessivamente maduras e/ou atingidas pelo fungo da podridão nobre. Porém, é impossível não destacar os Riesling Heiligenstein 2004 e Tradition 2005, ambos de grande riqueza de aroma (fumados, mel) e sabor e com uma acidez pungente e sedutora que origina uma sensação de frescura deliciosa.

Domaine Roulot Meursault 1er Cru Bouchéres 2004
É considerado por muitos críticos o melhor produtor de brancos da Borgonha, e isso diz tudo sobre os seus vinhos, sabendo-se que alguns dos melhores brancos do mundo são feitos nesta região francesa. São apenas 10,2 hectares de vinhas, tratadas de forma orgânica, que valem ouro. A intervenção na adega é mínima, tal como o uso de madeira nova. O que predomina é o terroir e os vinhos de Chardonnay que este origina são muito minerais e frescos, secos e complexos, nervosos e longos. Provaram-se três (Meursault Meix Chavaux 2008, Meursault Les Luchets 2007 e Meursault Bouchéres 2004), todos extraordinários, em particular o último.

Soalheiro Alvarinho Reserva 2009
Dirk Niepoort apresentou Luís Cerdeira, da Quinta do Soalheiro, como o melhor produtor de vinhos brancos de Portugal. Pode não ser o melhor, mas há poucos que façam por cá vinhos tão bons e tão consistentes. O confronto com os vinhos da Borgonha foi inevitável e estes saíram a ganhar. Mas o Soalheiro Alvarinho Primeira Vinhas (de 2010 e de 2007) e o Soalheiro Alvarinho Reserva 2009, sobretudo este, estiveram à altura do desafio.

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