O couvert (4 euros): composto por manteiga, azeitonas, patê feito com flocos de atum e um ligeiro sabor a sardinha, pão e tostas; era razoável e ajudou a entreter até à chegada das entradas. Entre meia dúzia de hipóteses escolheu-se o "presunto de Parma com compota de pêra, bacon crocante, rúcula, balsâmico e pinhões" (7,90 euros), onde se destacou o protagonista, laminado em tiras finas a formarem uma pequena torre sobre dois quartos de pêra (em vez de compota), cozinhados numa calda saborosa. O complemento com folhas de rúcula selvagem (algumas já pouco viçosas) temperadas com balsâmico e pinhões alargava um pouco mais os contrastes do conjunto, sem no entanto ofuscar a qualidade do presunto.
A "salada de polvo" (7 euros) vinha gelada e profusamente guarnecida com tomate, pimentos vermelho e verde, salsa e cebola, o que não fazia brilhar nenhum dos ingredientes, muito menos os tentáculos do polvo.
Muito boas as "vieiras na chapa, puré de batata, creme de cenoura com citronela e amêndoa laminada com molho de vinho do Porto" (11,50 euros). Quatro unidades de bom calibre cozinhadas no ponto, apenas brevemente lacadas, conservando a humidade e o delicado sabor marinho no seu interior, um competente puré de batata em feliz parceria do creme de cenoura com o toque "alimonado" de um caldinho de citronela (planta da família da erva príncipe).
Entretanto pediu-se para trocarem os copos de vinho, de formato cónico e vidro grosso, com função mais estética que vínica. Ao que parece os copos adequados são escassos e só surgem a pedido. Porquê? A carta até tem algumas referências interessantes a preços aceitáveis, apenas três estão disponíveis a copo, e infelizmente a oferta foca-se esmagadoramente no Douro e no Alentejo (será que também é para ser consensual!?), com 25 opções para cada uma das regiões e apenas um para Dão e Estremadura. Apesar do desfasamento entre copos e vinhos, as temperaturas de serviço foram respeitadas.
E lá chegou então o "risotto de perdiz com farinheira e grelos" (14,50 euros), um dos sete arrozes propostos. O nico de perdiz no topo servia mais como indicador do que para guarnecer o prato. O grão do arroz no ponto ideal de cozedura, levemente resistente, mas a embeber-se do caldo rico, com a essência do sabor da ave - o caldo é o "segredo" dos risottos. A anunciada farinheira esteve ausente, mas o equilíbrio entre os grelos e o restante conjunto foi perfeito.
Das carnes veio a "presa de porco preto de bolota, com mash de batata, ananás, morcela e molho de mostarda em grão" (14,50 euros), onde o suposto molho de mostarda era na realidade um molho escuro de carne, sem no entanto retirar mérito à carne, bem equilibrada de gordura e sem saturar, acompanhada pela esmagada de batata e umas meias-luas de abacaxi (e não ananás). Igualmente generosa, tal como nas doses anteriores, foi a sugestão do chefe, que recaiu sobre o "filete de peixe-galo com curgete, tomate cherry, batatinha nova, ao molho de camarão e alcaparras" (19 euros). Um lombo fino, confeccionado correctamente, apetitoso mas a puxar ao salgado, graças ao molho e às alcaparras, com os legumes a comporem bem o quadro, mas as batatas "novas" a serem velhas e relhas, apresentando-se murchas e reaquecidas.
- Nome
- Restaurante À Parte
- Local
- Lisboa, Lisboa, Avenida Defensores de Chaves, 14C
- Telefone
- 213543068
- Horarios
- Segunda a Sábado das 12:00 às 15:30 e das 19:30 às 00:00
- Website
- http://www.a-parte.com
- Preço
- 25€
- Cozinha
- Portuguesa Contemporânea
- Espaço para fumadores
- Sim