A simplicidade das coisas boas surgiu logo no “Couvert” (1,50 euros), que era uma metáfora do que pode ser chamado de “dieta mediterrânica”, com pão regional de grande qualidade como ainda se vai fabricando por aqui, sobretudo no barrocal. azeitonas “verdeais” muito boas, sem saberem a tratamentos de amadurecimento brusco e forçado, nem temperos extras distractivos a ocultarem a boa estirpe que tinham. Veio ainda uma garrafinha com um excelente azeite alentejano de Brinches, deixada na mesa (registe-se) para se molhar o pão a bel-prazer.
A carta de vinhos não é muito extensa, mas tem diversidade suficiente para contemplar algumas dezenas de itens onde se incluem uma ou outra referência de topo das regiões do Douro, ou da mais longínqua Champanhe. Provenientes das cercanias também há rótulos do Algarve, embora sejam poucos para a oferta qualificada que já é possível ter. A nota a reter, e que em certa medida surpreende, é que os preços revelam alguma sensatez em determinadas propostas comparados com a especulação costumeira, muitas vezes a raiar o absurdo em zonas mais turísticas. O armazenamento em armários climatizados também é outro ponto a evidenciar.
Ao nível do serviço, a tónica observada nas diversas mesas é servir o primeiro copo (quando é possível), deixar a garrafa, e está feito. Com a sala cheia e o aperto das tarefas os empregados mantêm o tom cordato e alguma eficácia mas o que impera é o despachar tudo e todos da melhor maneira que conseguem.
Chegaram então as primeiras entradas com uma agradável “Salada de polvo” (4,50 euros) de troços firmes (mas não rijos) dos tentáculos, que foi temperada com um toque ponderado de vinagre sem ferir o sabor do molusco. Cubinhos de pimento e feijão-frade faziam uma guarnição diferente dos triviais cebola e salsa, ou coentros.
Quente e muito boa estava a “Sopa de peixe” (4,50 euros) que era um caldo claro a ressumar aromas provenientes das lasquinhas de garoupa, pargo e cherne, cubinhos de tomate e pimento e massa cotovelinhos. Óptimo sabor a mar numa dose generosa que dava para repetir com agrado. Produtos raros normalmente rima com preços caros, foi o que aconteceu com as magníficas “Ovas de choco” (52,50 euros / quilo) apreçadas acima das “gambas da costa”, de prestígio seguro. Vieram 280 gramas, ou seja meia dúzia de ovas salteadas em azeite e alhos esmagados (ainda encamisados), com um molho aveludado e um pouco cítrico em tons laranja, feito a partir dos corais. Um momento de puro deleite a recordar.
O prato principal foi apenas um, dada a envergadura da proposta. Num tacho preto de ferro veio o “Ensopado de garoupa com amêijoas e hortelã” (44,50 euros / 2pax) numa dose avantajada que saciaria sem problemas o apetite de três convivas. Infelizmente o resultado deixou a desejar em termos de execução. Além de não ser propriamente um ensopado, uma vez que trazia batatas às rodelas como numa caldeirada, o pão frito em azeite só chegou a meio da prova – ora se é ensopado deve ser servido com pão em vez de batatas, mas isto é um detalhe pois o facto de na “amêijoa-boa” várias terem areia estragou logo uma parte da percepção.
- Nome
- Jorge do Peixe
- Local
- Loulé, Quarteira, Rua de Dom Dinis, Lote AM 1, Loja D
- Telefone
- 289301481
- Horarios
- Segunda-feira, Terça-feira, Quarta-feira, Quinta-feira, Sexta-feira e Sábado das 12:00 às 15:00 e das 19:30 às 22:30
e Segunda-feira das 19:30 às 22:00
- Website
- http://www.restaurantejorgedopeixe.com/
- Preço
- 40€
- Cozinha
- Peixe e Marisco