A sugestão titulada é mais gastronómica que romântica, pois a ideia do “a dois” é origem semântica já que as grandes especialidades da casa são apenas servidas em doses para duas pessoas. O “Jorge do Peixe” não é de todo um local onde o romance ande no ar. Fica numa zona urbana indiferenciada que não deixa memória, nem acrescenta grande história à secular terra da Quarteira, que desde os romanos faz da pesca a sua alma mater.
Freguesia de gentes pobres e afincadamente trabalhadoras na faina, viu crescer-lhe no ventre a localidade de Vilamoura que está nos antípodas deste historial piscatório. Rodeada dos luxos da hotelaria e dos selectos campos de golfe, é sem dúvida uma filha rica, mas está longe de ser uma rica filha pois a Vilamoura do lifestyle não se mistura e só volta a casa para matar saudades da comidinha materna
A Quarteira sabe que é o parente pobre da família que fez nascer, mas joga o jogo sem pudor. Quem visita o mercado municipal sabe que vai ter o melhor peixe com um preço de fervor, quiçá porque a altivez não precisa de favor. Antes assim do que ir a alguns restaurantes da popular e singela Quarteira e o suposto “melhor do mundo” ser peixe congelado do outro lado da fronteira. Não se está livre de comprar gato por lebre, e ainda sair de cara alegre por lhe terem esvaziado a carteira.
É com o intuito de se apartar destas águas turvas da especulação piscícola que Jorge Silva vem à mesa apresentar-se na qualidade de anfitrião e anunciando que o restaurante tem um barco próprio (detido pelo irmão) que serve de garantia para atestar a origem e qualidade daquilo que serve. Junto a uma das montras, a réplica da embarcação que fornece a casa é um dos destaques na decoração da sala. Há mais alguns apontamentos decorativos de redes de pesca ao longo do espaço que apesar da pouca fluidez de circulação entre mesas continua a não ter lotação suficiente para acolher os pedidos de reserva que rapidamente esgotam os lugares.
Quando Jorge decidiu abrir o restaurante tinha atrás de si uma herança familiar de várias gerações ligadas ao mar. A primeira morada foi no largo mercado e desde 2006 ocupa quase um quarteirão de um prédio nas imediações da avenida central da freguesia. O grande chamariz é mesmo a matéria-prima exposta logo à entrada onde os olhos rapidamente se enchem de desejo com a variedade e o brilho refrescante dos peixes do dia (salmonetes, corvina, pregado, etc.), e de mariscos diversos como ostras, santola e outros, onde o destaque maior vai para os carabineiros e o venerável (e oneroso) camarão da Quarteira.
A lista é extensa e variável de acordo com as vagas do mar e a carga aportada pela traineira privada. Entradas de amêijoas ou conquilhas à Bulhão Pato, lingueirão e diversos tipos de gambas e camarão. O que toda a gente procura parece ser as “especialidades da casa” com preços entre os 33,50 euros de uma massinha de camarão com amêijoas, e os 99,50 euros de um arroz de lavagante ou de lagosta nacionais.
Neste intervalo de preços encontram-se arroz de lingueirão com gambas ou amêijoas, massada ou arroz de pargo, cataplana de peixes e cataplana algarvia com lombinho de porco preto com amêijoas. Todos os pratos são para duas pessoas com a justificação de ser tudo feito ao momento e por isso ser mais viável para a cozinha haver menos pedidos por mesa. A título complementar há nas carnes picanha, medalhão de novilho três pimentas, e tornedó terra e mar.
- Nome
- Jorge do Peixe
- Local
- Loulé, Quarteira, Rua de Dom Dinis, Lote AM 1, Loja D
- Telefone
- 289301481
- Horarios
- Segunda-feira, Terça-feira, Quarta-feira, Quinta-feira, Sexta-feira e Sábado das 12:00 às 15:00 e das 19:30 às 22:30
e Segunda-feira das 19:30 às 22:00
- Website
- http://www.restaurantejorgedopeixe.com/
- Preço
- 40€
- Cozinha
- Peixe e Marisco