Fugas - Motores

Rui Soares

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O Fiat Freemont impressiona e o preço ainda mais

Então onde estão os pontos fracos desta proposta italoamericana? Curiosamente, vamos encontrá-los exactamente na área de vocação de um carro deste segmento: a modularidade e o espaço a bordo. São, resumindo, três os pecadilhos: escasso espaço em largura na segunda fila, com um lugar do meio pouco confortável e residual; o difícil acesso aos dois lugares de trás, muito longe da porta e com carris no chão a complicar; uma bagageira meramente residual e incapaz de se adaptar ao figurino de cinco lugares.

Há mais problemas, embora menos relevantes, como a fraca visibilidade para trás ou o mero volume do veículo, que complicam a vida em ambientes urbanos. Mas, analisando os prós e os contras, a pergunta que fica é sempre a mesma: onde é que se encontra um carro com DVD por este preço? Só quem não tem filhos pequenos poderá achar a questão secundária.

Barómetro
+
Preço, equipamento, mecânica, interiores cuidados, comportamento
-  Espaço a bordo, modularidade, bagageira residual, alguns pormenores de ergonomia, visibilidade traseira

Precioso
Auxiliar precioso de quaisquer pais em rotas mais demoradas, o sistema de leitor e ecrã de DVD vem equipado com um par de auscultadores sem fios e um comando remoto. Não é, de todo, habitual encontrarmos este tipo de mordomia em carros dentro deste leque de preços. Fica, no entanto, a chamada de atenção: quando se baixa o ecrã, o condutor deixa de ter qualquer tipo de visibilidade através do retrovisor central.

Desanimador
As portas traseiras do Freemont, ao contrário do que tem sido a tendência recente nos monovolumes, são convencionais e não deslizantes. Mas nem é por aí que vem mal ao mundo. O problema é que, apesar do engenhoso sistema de enrolamento (em "V") dos bancos da segunda fila, o espaço que dá acesso aos bancos mais atrás não é generoso e, pior, temos de lá chegar pisando os carris que ficam à vista. Sair ainda é pior aconselha-se a saída de costas.

Problema
Que os carros em configuração de sete lugares ficam reduzidos a uma bagageira residual, já não é novidade. O problema é que o Freemont agudiza este problema com uma cobertura que desperdiça quase metade da área em altura e não tem solução no cenário de rebatimento dos dois assentos da terceira fila. Quando isso acontece, o plano destinado a bagagens fica quase completamente exposto aos olhares de quem passa no exterior. A única boa notícia é a existência de um compartimento por baixo do piso onde se pode "esconder" alguma coisa.

Falha
É notória a preocupação de criar uma atmosfera de qualidade a bordo. Alguns bons materiais, equilíbrio de cores e volumes, constante atenção às pequenas coisas que se fazem a bordo, interessantes espaços para arrumos (com destaque para o que se "esconde" debaixo do assento do pendura). Mas neste panorama globalmente positivo destoam alguns pormenores, nomeadamente a inqualificável "chapinha" que cobre a face superior do comando da caixa de velocidades. Soa a plástico manhoso e nem sequer está bem fixa.


Ficha Técnica

Mecânica
Cilindrada: 1956cc
Potência: 170cv às 4000rpm
Binário: 350Nm entre as 1750 e as 2500 rpm
Cilindros: 4 em linha
Válvulas: 16
Alimentação: Diesel de injecção directa múltipla por conduta comum, com turbo de geometria variável
Tracção: Dianteira
Caixa: Manual, de 6 velocidades
Suspensão: Independente, tipo McPherson, à frente; multilink, atrás
Direcção: Pinhão e cremalheira, com assistência hidráulica
Travões: Discos ventilados à frente, discos atrás

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