Fugas - Motores

Rui Gaudêncio

Um animado, elástico e utilitário «crossover»

Por Carla B. Ribeiro

Elasticidade talvez seja a característica que mais sobressai do Captur que, nascido a partir da plataforma do Clio, se mostrou desde o início com vontade de piscar o olho aos SUV. Mas, mais do que isso, é um verdadeiro utilitário. Só que com espaço e divertido de conduzir.

Um crossover assente no herói de vendas da Renault, o Clio, em relação ao qual a maior diferença poderá estar na distância entre eixos, que nasceu com vontade de competir com veículos como o Nissan Juke. Mas, depois de umas voltas, o que se consegue perceber é que aquele é um utilitário ultra-espaçoso, confortável e divertido.

E explique-se por partes. É utilitário porque é na cidade que melhor se mexe (e onde revela menos os seus defeitos - já lá vamos), embora não se negue a nada em nenhum traçado, mas também porque imprime um espírito aventureiro, permitindo ultrapassar alguns pequenos obstáculos que uma berlina teria maior dificuldade - mas o melhor mesmo é não se aventurar muito fora de estrada. Depois é ultra-espaçoso, lembrando um monovolume: em viagens, não haverá razões para queixumes nem de quem segue à frente nem de quem vai no banco de trás. E a mala, com uma divisória a meio, permitindo arrumar a bagagem como que por prateleiras, é suficiente para os volumes de umas férias a quatro, mesmo com roda de socorro (um opcional) incorporada. Também é confortável, graças aos materiais usados para os bancos e também devido à altura (200mm em relação ao solo) e à ausência de saliências, o que permite a entrada e a saída sem quaisquer ginásticas, tornando-se um carro bastante amistoso para pessoas de mais idade. Por fim, é divertido. A mesma altura ao solo que admite que se entre de forma muito directa também permite umas brincadeiras fora do asfalto. Mas não há bela sem senão: em auto-estrada é demasiado sensível aos ventos e em montanha, mesmo com as ligações ao solo do eixo traseiro inspiradas no Clio ST, o comportamento em curva não é tão linear como acontece com o modelo em que se baseia. Em ambos os traçados, a velocidade torna mais evidente alguns ruídos que, com o uso, poderão tornar-se mais evidentes.

Mas voltemos aos pontos positivos, que nem são poucos. Com um bloco de 1500cc com 90cv, o Captur a diesel consegue revelar-se bem animado de conduzir. Sobretudo graças a um binário de 220 Nm disponível logo às 1750rpm. Isto permite brincar mesmo a baixas velocidades. E, embora possa parecer um molengão ao arranque (faz, diz a marca, 13,1 segundos), a elasticidade que a caixa consegue mostrar permite não ficar apeado numa ultrapassagem, por exemplo. Basta reduzir uma velocidade para que o motor responda de forma positiva

Para tal, contribui o turbo com injecção multiponto e não só. A estes dados, junte-se um peso de apenas 1170kg e um trabalhado coeficiente de aerodinâmica (SCx de 0,79) para o qual contribui o fluxo de ar permitido pelas carenagens sob a carroçaria.

Já os consumos, ajudados pelo Stop & Start, o sistema de paragem e arranque automáticos do motor, conseguem revelar-se atraentes. Em ambiente urbano, onde o Captur a gasóleo melhor se move, andámos à volta dos cinco litros, pouco mais dos 4,2 litros anunciados pela marca. E se se levar o pequeno crossover para estrada aberta conseguimos chegar ao fim de uma centena de quilómetros com modestos 4,6 litros (a Renault anuncia 3,4 l/100km). E é bem amigo do ambiente: as emissões de CO2 ficam-se, assegura a marca do losango, pelos 95 g/km.

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