Fugas - Motores

Carro eléctrico sem problemas de autonomia

Por João Palma

Os híbridos plug-in, carros que juntam um motor de combustão a um eléctrico, alimentado por uma bateria que lhe garante certa autonomia em modo eléctrico, estão cada vez mais viáveis, embora um diesel equivalente ainda seja mais barato.

Tron é a submarca da Audi para veículos com tecnologias de propulsão eficiente que constituam um próximo passo para obter uma mobilidade neutra em emissões de CO2, sejam eles eléctricos, híbridos/eléctricos (e-tron), a gás natural (g-tron) ou a pilha de combustível (h-tron). O Audi A3 e-tron, que custa 43.040€, é a versão híbrida/eléctrica plug-in do A3 Sportback de cinco portas, dotado do motor 1.4 TFSI de 150cv a gasolina, e de um motor eléctrico de 102cv, com 204cv de potência total combinada.

Este A3 Sportback e-tron, que estará à venda em Portugal a partir de Janeiro de 2015, é o mais recente modelo híbrido/eléctrico da Audi, numa linha de sucessão que remonta a 1989 e ao primeiro híbrido, o Audi Duo, com um motor eléctrico de 12cv. Ao contrário até de outras marcas do grupo Volkswagen, a Audi não tem nem pensa ter num futuro próximo veículos 100% eléctricos, devido às questões que se levantam no que se refere à autonomia, derivadas da capacidade e do tempo de carga das baterias actuais (isto sem falar no ainda elevado preço dos carros eléctricos devido ao custo dessas mesmas baterias).

Assim, optou por uma solução que conciliasse as vantagens dos motores de combustão em termos de autonomia com a mobilidade sustentável proporcionada pela propulsão eléctrica. O motor eléctrico do A3 e-tron, alimentado por uma bateria que pode ser carregada totalmente numa tomada eléctrica doméstica em 3h45m (2h15m, numa tomada industrial de 230v 16A), proporciona até 50km de autonomia em modo 100% eléctrico a velocidades até 130 km/h. A isto somam-se os 890km de autonomia, num total de 940km. Uma curiosidade: a tomada de alimentação da bateria esconde-se atrás do emblema de quatro anéis na grelha frontal.

Porém, o que é de realçar é a autonomia deste carro em modo 100% eléctrico. Isto é, para cerca de 90% dos seus utilizadores, para as suas deslocações diárias, normalmente inferiores a 50km, o A3 e-tron comporta-se como um puro veículo eléctrico. Para trajectos mais longos, ou se se pisa no acelerador numa condução mais desportiva, entra em acção o motor a gasolina, obtendo-se uns muito interessantes 204cv de potência total com um binário máximo de 350 Nm, sendo 250 Nm do motor de combustão disponibilizados logo às 1600 rpm. E como o binário de 330 Nm do motor eléctrico está disponível logo no arranque que é sempre em modo eléctrico, só os Audi S3 têm performances superiores.

Com uma bem escalonada caixa automática S tronic de seis relações e a bateria de 120kg alojada sob os bancos traseiros (o que baixa o centro de gravidade do carro, com melhoria na estabilidade), o Audi A3 e-tron proporciona diversos modos de condução: EV (100% eléctrico), híbrido e desportivo (funcionamento conjunto dos dois motores), Charge (carrega a bateria com o motor a gasolina), Hold (conserva a carga da bateria para posterior utilização). Em travagem e desaceleração há recuperação de energia e, claro, existe um sistema Start/Stop de paragem e arranque automáticos do motor.

Por fim, os consumos e emissões: de acordo com os dados do construtor, 1,5 l/100km e 37 g/km de emissões de CO2. Aliás, a Audi, prevendo em muitos casos a escassa utilização do motor de combustão, com acumulação de gases no depósito de combustível, incluiu um botão na consola central para libertar esses gases antes de se abrir a tampa do tanque para reabastecer. O valor médio de emissões de CO2 anunciado parte do princípio que, em modo eléctrico, as emissões são zero. Na realidade, em Portugal apenas 44,3% da energia eléctrica é obtida de fontes renováveis (valores de 2012), sendo o resto produzido com fuel ou carvão, com emissão de gases poluentes.

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