Refiram-se desde já os empecilhos que fazem com que este carro não habite num mundo perfeito. A visibilidade traseira e lateral não é a mais famosa, a bagageira, que cresceu nesta geração para os 305 litros, não apresenta a configuração ideal para arrumar as malas de viagem e as entradas e saídas requerem agilidade, sendo que para chegar aos apertadíssimos bancos traseiros, nos quais mesmo duas crianças não encontram espaço para as pequeníssimas pernas, é mesmo necessário um curso de ginástica intensiva.
Posto isto, o Audi TT a gasolina, com uma potência de 230cv, é extremamente agradável de conduzir, primando pela suavidade, mesmo quando se arranca dele o seu feitio mais agressivo. Até o roncar tem o seu quê de delicado, iniciando-se num sopro muito agradável ao ouvido. Aliás, mesmo com um propulsor nada ruidoso, este é um carro que, caso se opte pela função desportiva da caixa S-Tronic, gerida manualmente, se comanda pelo ouvido. No entanto, isso não é necessário para que se retire o máximo deste motor. A S-Tronic, de dupla embraiagem e seis relações, não desaponta se engrenada para o modo automático, revelando inteligência e intuição nas passagens.
Tal como o seu mano diesel, o TT TFSI Quattro mostra-se firme, tirando proveito de uma suspensão dura, e serve-se de uma direcção extraordinariamente precisa que, a par de uma excelente capacidade de travagem, o torna dotado para enfrentar qualquer estrada sinuosa sem hesitações. Mas acrescenta um pozinho de segurança ao ter sistema de transmissão às quatro rodas, o que potencia a aderência à estrada e, consequentemente, a sensação de segurança de quem se senta atrás do volante, mesmo tendo em conta que com este modelo a Audi não foi além das quatro estrelas Euro NCAP nos exigentes testes de 2015. O fracasso em conquistar a quinta estrela deveu-se sobretudo a uma baixa pontuação na segurança dos ocupantes crianças, devido ao facto de os bancos traseiros não oferecerem condições para certos sistemas de retenção.
Se é verdade que o Audi TT a gasóleo já nos tinha surpreendido pela positiva, o mesmo modelo com o bloco de 2.0 litros a gasolina com 230cv (mais 46cv que o propulsor a gasóleo) leva a surpresa um pouco mais além, não se coibindo de entregar toda a sua potência assim que requisitada.
Claro que isso não poderá acontecer muitas vezes, dadas as limitações legais do Código de Estrada luso, e o diesel poderá revelar-se uma aquisição mais inteligente, sobretudo na hora de abastecer — a Audi aponta para 4,2 l/100km e nas nossas voltas, com muita cidade e estrada, conseguimos observar consumos na casa dos sete litros. Já com o modelo a gasolina, cuja média oficial é de 6,8 l/100 km, não conseguimos baixar a fasquia dos dois dígitos. Claro que a inteligência pode estar do lado do diesel, até porque consegue mostrar-se muito divertido de conduzir. Mas, ao nível das prestações, os dois são incomparáveis: o diesel acelera dos 0 aos 100 km/h em 7,1 segundos; o gasolina atinge a mesma marca em apenas 5,3s.
Nos preços também há diferença. Enquanto o Audi TT a gasóleo custa desde 47.590€, o gasolina, com mais potência e tracção integral, custa a partir 51.340€. Um valor que facilmente cresce com a inclusão de opcionais, alguns dos quais se estranha não serem de série, como é o caso do cruise control (345€) ou do assistente de máximos (180€).