Comecemos pelo motor do GLA 180 CDI, para que ninguém se sinta enganado: o propulsor a gasóleo de 1461cc e 109cv que o equipa é o conhecido 1.5 dCi da Aliança Renault Nissan. A Mercedes-Benz, em vez de gastar milhões para criar um motor diesel de baixa cilindrada com boas performances, decidiu recorrer a um bloco já com provas dadas de fiabilidade e economia. Assim, quem quiser um motor 100% Mercedes tem o GLA 200 CDI, com o propulsor de 2143cc e 136cv, que custa mais 6000€ que o GLA 180 CDI.
Este motor 1.5 dCi também é utilizado nas versões de entrada dos classe A e B. No que toca ao resto, porém, o GLA 180 CDI é, para o bem e para o mal, um verdadeiro Mercedes. Para o bem, na mecânica (chassis, suspensão, transmissão, etc.), no design e no cuidado e qualidade dos acabamentos. Para o mal, na prática comum às marcas premium de fazerem pagar como opcional equipamento que deveria ser de série. No caso do veículo que conduzimos, com o preço-base de 34.850€, o custo final era de 39.672€ (mesmo assim, uma diferença que nem sequer é muito exagerada face a exemplos anteriores).
Se o motor já é conhecido, as performances obtidas podem variar consoante o veículo em que é utilizado. No caso do Mercedes GLA 180 CDI, associado a uma bem escalonada caixa manual de seis velocidades de fácil e suave manuseio (o único contra é o accionamento da marcha-atrás, que implica puxar a alavanca de velocidades para cima e para a frente e depois tudo à esquerda para trás), o desempenho conseguido é adequado a um veículo de características familiares, com força disponível a baixas rotações (binário máximo de 260 Nm logo às 1750 rpm) e capacidade razoável nas recuperações e ultrapassagens, não sendo preciso muito trabalho de caixa mesmo quando a estrada empina mais. Também o posicionamento do travão electrónico de estacionamento (de série) é típico e exclusivo dos Mercedes — um botão situado à esquerda na parte inferior do tablier, ao lado do comando das luzes, em vez da mais comum localização na consola central. O mais relevante, porém, é a economia de consumos: num percurso misto, conseguimos uma excelente média de 5,0 l/100km e em auto-estrada, circulando dentro do limite legal, o consumo fica bem abaixo dos 5,0 l/100km.
Neste SUV com 4417mm de comprimento, 12804mm de largura e 2045mm de altura, na versão 180 CDI a ênfase é posta no conforto para os cinco ocupantes (ainda que o lugar do meio atrás não seja tão confortável) e para a boa posição de condução, embora a visibilidade pelo óculo traseiro não seja a melhor, parcialmente compensada pelos retrovisores externos. A mala, com uma capacidade que vai dos 421 litros até aos 1235 litros, é adequada para transportar a bagagem de uma família em férias.
No que toca à segurança, o Mercedes-Benz GLA superou com distinção os testes do Euro NCAP pelos padrões de 2014, tendo obtido o máximo de 5 estrelas, com 96% na protecção dos ocupantes, 88% nas crianças, 67% nos peões e 70% nos dispositivos auxiliares de segurança.
O visual desportivo deste SUV de linhas elegantes e atractivas, com duas largas saídas de escape e difusor traseiro, não corresponde à realidade deste carro, que, até pela altura ao solo de apenas 134mm, está mais apto a subir passeios em cidade que a enfrentar trilhos com piso irregular. Outro pormenor que torna desaconselháveis as incursões fora de estrada é o facto de, no espaço circular sob a mala que deveria conter uma roda sobresselente, se esconder um kit de “reparação” (seria mais apropriadamente designado de “estragação”) de pneus.