É verdade que o C-Elysée peca pela qualidade dos interiores, que roçam o limite do exigível, e pela débil motorização 1.2 VTi de 72 cv, mas a balança equilibra-se com três trunfos de peso: o preço de combate, a estética atractiva e a habitabilidade generosa.
A receita inicial era cozinhar uma berlina de três volumes visualmente agradável, de dimensões fartas, mas de conteúdo simples, que permitisse diminuir o custo final do produto. O alvo estava bem definido e apontava a mercados economicamente atractivos, embora tradicionalmente pouco exigentes, como a China, a Rússia, a Turquia ou os países do Magrebe. No entanto, os ventos agrestes que atingem o sector automóvel um pouco por toda a Europa levaram a marca criada por André-Gustave Citroen a refundar a sua estratégia.
Falar do novo C-Elysée será, por isso, falar de dinheiro. A austeridade, que sorrateiramente se vai alastrando por todos os países europeus, obrigou os fabricantes do sector automóvel a adaptarem-se a uma nova realidade e, para atacar o segmento de maior mercado, a Citroen apostou num sedan de quatro portas, feito à medida das depauperadas carteiras dos europeus.
Utilizando uma plataforma totalmente nova do Grupo PSA Peugeot-Citroen, que tem no Peugeot 301 um irmão gémeo na mecânica, o C-Elysée, concebido em França e produzido na unidade da marca gaulesa em Vigo, chegará a Portugal com duas motorizações: a gasolina, estará disponível o novo 1.2 VTi de 72 cv, desenvolvido propositadamente para este modelo e com um preço a rondar os 15 mil euros; a gasóleo, a oferta é assegurada pelo experimentado 1.6 HDi de 92 cv, que deverá custar mais quatro mil euros do que a outra versão.
Os primeiros ensaios ao C-Elysée, nas sinuosas estradas montanhosas dos arredores de Barcelona e no pára-arranca do trânsito da capital catalã, revelaram um motor a gasolina excessivamente limitado para as generosas dimensões do carro. Os 72 cv e 110 Nm disponíveis às 3000 rpm de binário não permitem performances satisfatórias e o comportamento do carro, mesmo tratando-se de um familiar, torna-se soporífero. Os desempenhos, porém, são aceitáveis. Segundo a marca francesa, a motorização a gasolina apresenta consumos a partir dos 5l/100km e, com emissões de CO2 de 115g/km em ciclo combinado, o que representa um ganho de 22% em relação ao anterior motor 1.4i.
O comportamento do veículo diesel revelou-se bem mais convincente.. Exibindo um motor com provas dadas, já com mais de seis milhões de exemplares produzidos, esta opção revelou-se competente e é capaz de atingir velocidades máximas na ordem dos 180 km/h. Os consumos médios divulgados oficialmente são de 4,1l/100km, com 108g/km de CO2.
No habitáculo reina o espaço, digno das berlinas de categoria superior e garantia de conforto q.b.. Para isso contribuem as medidas generosas no exterior: 4,43m de comprimento, 1,71m de largura 1,47m de altura. Outra arma apresentada pela Citroen no C-Elysée é a ampla bagageira de 506 litros, que apresenta um volume que se destaca no segmento. O pior é a qualidade dos acabamentos e materiais no interior, onde o C-Elysée está longe de passar com distinção e fica abaixo do nível da concorrência. Mas pelo preço final apresentado pela Citroen, seria pouco sensato exigir muito mais.