Fugas - viagens

Turismo do Brasil

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A little Europe do Brasil

"Manezinhos da ilha"

Com um litoral com cerca de 560 quilómetros de extensão (mais de metade da costa portuguesa), Santa Catarina escapa, pois, àquela ideia feita do Brasil tropical. Não há samba em todo o lado, nem mulatos em cada esquina. E a diversidade é estonteante, com acentuados contrastes geográficos e culturais. Às praias de areias brancas e finas e águas de um azul transparente sucedem-se plácidas lagoas recortadas por montanhas, bosques de mata Atlântica, florestas de araucárias, quedas de água, vales com rios. Vilarejos de pescadores que parecem parados no tempo alternam com estações balneares pejadas de prédios e insufladas de intensa animação nocturna. E tudo isto a dezenas de quilómetros de distância.

Os índios carijó de origem tupi-guarani que habitavam a ilha começaram por lhe chamar Meiembipe ("montanha ao longo do mar"), nome que se perdeu quando mais tarde foi baptizada pelos bandeirantes como Nossa Senhora do Desterro. Acabaria por ficar conhecida só por Desterro e, para obviar a tão desagradável denominação, no final do século XIX o prefeito da altura, Hercílio Luz, rebaptizou-a com o nome de um ex-presidente da República, Floriano Peixoto. O nome de Hercílio Luz também ficou para a posteridade, no principal ícone da cidade, a ponte suspensa que ligava a ilha ao continente antes de duas novas travessias a virem substituir.

Hospitaleiros, os florianopolitanos ou "manezinhos da ilha" - numa alusão ao sotaque cantado dos colonizadores pioneiros (vem do português Manuel) - hoje têm o maior orgulho em se auto-denominar assim. O tenista Gustavo Kuerten, Guga, quando ganhou o torneio de Roland Garros, fez questão de se declarar um verdadeiro "manezinho". Ele vive em Floripa. E em cada ano há mais gente a chegar para morar na ilha.

Também, pudera. Com pouca criminalidade e quase metade do território de preservação ambiental, esta é a cidade com melhor qualidade de vida e com um dos melhores índices de desenvolvimento humano do Brasil. Fica quase toda na ilha, apesar de alguns bairros se localizarem no território continental, onde se concentra a indústria. O turismo já é a principal actividade económica, mas Floripa é um dos mais importantes pólos de tecnologia e informática do país e o maior produtor de ostras do Brasil.

Florianópolis permaneceu durante muito tempo um idílio quase desconhecido. Mas quando, em 2002, a revista Veja declarou que esta era a cidade mais segura e melhor para viver no Brasil, já a população estava literalmente a explodir, ultrapassando as 400 mil almas (duplicou desde os anos 80).

É uma cidade simultaneamente moderna e que preserva a tradição. E a influência dos colonizadores açorianos, que chegaram no século XVIII, está por todo lado. O centro histórico é ponto de passagem obrigatório. Conselhos: na Praça XV de Novembro, convém não deixar de dar três voltas pela figueira centenária para atrair casamento e boa sorte.

Depois vai-se até à Alfândega, que agora abriga uma feira de artesanato e uma galeria de arte. A capela do Divino Espírito Santo parece transplantada dos Açores - e Maio é justamente o mês da festa que lhe é dedicada.

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