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Turismo do Brasil

A little Europe do Brasil

Por Alexandra Campos

Foi uma passagem a correr por Florianópolis, a capital do estado de Santa Catarina, mas deu para perceber por que é que esta cidade é considerada a melhor do Brasil para se viver. É uma espécie de manta de retalhos europeia, com a vantagem de ter um clima subtropical e uma centena de praias.

Loura, de pele claríssima e olhos azuis, Joceli não pára de sorrir enquanto nos ciceroneia pela capital da ilha de Santa Catarina, Florianópolis, tagarelando num português melodioso. Descendente de quinta geração de italianos e de alemães, ela é bem o paradigma da fusão de etnias que torna este pequeno pedaço do Brasil um mundo completamente à parte. É simultaneamente afectuosa e jovial, metódica e organizada. Wackernagel pelo lado materno, Benassi pelo lado paterno, Joceli não consegue precisar de onde são os seus antepassados. Sabe apenas que a quadriavô, Ângela, nasceu durante a longa viagem de barco que trouxe a família da Lombardia no século XIX. Foi o mais longe que conseguiu chegar na sua incursão genealógica. À entrada no Brasil, os apelidos estrangeiros eram muitas vezes mal registados, tornando impossível reconstituir a origem das famílias. Muitos dos habitantes locais continuam, porém, a ter dupla nacionalidade.

"Somos todos brasileiros, mas temos muito orgulho de dizer de onde somos", explica Joceli, enquanto nos tenta mostrar em escassos quatro dias, a bordo de uma "van" (carrinha), o máximo que pode dos encantos de Santa Catarina, pequeno estado encravado entre os vizinhos Paraná e Rio Grande do Sul. Ziguezagueamos pela ilha, entramos na parte continental, ficamos tontos, precisamos de ter o mapa sempre à mão para perceber por onde andamos.

Santa Catarina é uma espécie de patchwork europeu. Foi aqui que portugueses (açorianos, sobretudo), alemães, italianos, polacos, ucranianos, austríacos, desembarcados em sucessivas levas, encontraram um recanto que lhes lembrava os países de origem e amenizava as saudades. Por estes dias, em que a estação alta (o Verão, aqui, vai de Dezembro a Março) acabou e se insinuam as neblinas do Outono, percebe-se bem por que baptizaram Florianópolis - ou simplesmente Floripa para os nativos - como a ilha da magia.

Talvez tenha sido esta mistura de etnias que engendrou tanta gente bonita. Prepare-se, pois, para ficar com um doloroso torcicolo, tantas serão as vezes que não resistirá à tentação de olhar para o lado, convencido de que a loura bronzeada que vai a passar é Gisele Bündchen, a escultural top-model brasileira nascida no Rio Grande do Sul, mas que há anos prefere Florianópolis como destino de férias na temporada alta, quando em Portugal tiritamos de frio e sonhamos com uma nesga de sol.

Por isso, se quiser - e se puder dar ao luxo - de fintar as estações do ano, se o que aprecia mesmo é o calor e as praias, o ideal é escolher o Inverno português para a viagem por este Brasil diferente. Mas se gosta de paisagens românticas, aventura e ecoturismo e decididamente embirra com multidões, esta pode ser a altura ideal para preparar a bagagem e partir. Até porque as temperaturas são sempre amenas. Nunca faz frio - no sentido europeu do termo - a não ser no interior, na serra catarinense, onde chega a nevar. E é precisamente em Maio que arranca a pesca da tainha, o peixe que se tornou o símbolo de Florianópolis.

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