Fugas - viagens

  • Tasca do Chico - Bairro Alto
    Tasca do Chico - Bairro Alto ENRIC VIVES-RUBIO / PUBLICO
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    Tasca do Chico - Bairro Alto ENRIC VIVES-RUBIO / PUBLICO
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    Senhor Vinho ENRIC VIVES-RUBIO / PUBLICO
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    Senhor Vinho ENRIC VIVES-RUBIO / PUBLICO
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  • Tasca do Jaime na Graca
    Tasca do Jaime na Graca Margarida Basto
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    Tasca do Jaime na Graca Margarida Basto
  • Café Luso
    Café Luso DR
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    Café Luso DR

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Anda daí Lisboa, que vamos aos fados

A próxima capelinha é, literalmente, uma capela. Subindo a Rua dos Remédios, encontra-se, atrás das portas verdes, a esperança de quem procura um espaço íntimo, até ínfimo, onde a proximidade entre o fado e o ouvinte é absoluta, a informalidade é lei, "um caos organizado", diz Pedro de Castro, guitarrista e mentor da Mesa de Frades, aberta há cinco anos numa antiga capela de um palácio oitocentista, decorada a belíssimos azulejos. "Tornou-se uma capela de fadistas", onde se defende um certo purismo e se rejeita "o fado a metro". Pedro, 33 anos, quis fazer uma casa de fados para a sua geração e o resultado são noites únicas, cada uma a cargo de um fadista "amigo" e a possibilidade de mais gente cantar, mas sem o condão do fado vadio. É "uma tasca polida", "sem consumos mínimos", "onde os fadistas vão quando querem ouvir fado" pela noite dentro. Os fadistas têm aqui "liberdade máxima", os clientes podem esperar jantares, petiscos, noites não formatadas e serem surpreendidos.

Fado Bairro Alto
No Bairro Alto, o ex-líbris: eis o incontornável Café Luso. Suma atracção turística e restaurante luxuoso em espaço de antigas adegas de um palácio setecentista tornado sala de espectáculos profissional e bem artilhada, historicamente marcado por figuras como Amália Rodrigues, o Luso, firmado nos anos 40, foi-se modernizando nos 90, comandado por João Pedro Ferreira Borges e sócios. Entramos a ouvir o classicismo de Filipe Acácio, fadista e nosso guia por aqui, os pianinhos e estilo de Iola Dinis ou o fado quase experimentalista de Marco Rodrigues.

Pelas salas em galeria do Luso, tectos abobadados, colunas de pedra, palco corrido a cortinas vermelhas, luminosos vitrais e sólidas madeiras, passaram quase todos os grandes. Hoje, além de um elenco de topo - que, inclui, realce-se, ainda mais Rodrigues, a dona Celeste, que do alto dos seus 87 anos continua a marcar presença às sextas e sábados - prossegue a aposta na captação de turistas e numa restauração que procura inovar a tradicional gastronomia fadista. Não falta o caldo verde ou o bacalhau, mas a cozinha, curiosamente, é comandada pelo chefe brasileiro Alexis Gregório, que se esmera no conhecimento da gastrocultura portuguesa.

A acompanhar os fados, há menus gourmet e pratos sazonais que recriam clássicos sob nomes musicais. Enquanto a imponente Iola Dinis lança "Velha taberna / Nesta Lisboa moderna / É a tasca humilde, eterna", nós poderíamos apreciar um magret de pato em frutos silvestres ou um cozido à portuguesa desconstruído. Nada muito económico, que os fados em grande nunca saem baratos. "Aqui é tudo de qualidade", salienta Filipe Acácio. "Isto quando é a sério não é um espectáculo barato"; é que "só nesta casa trabalham umas 50 pessoas". Embora adiante que é o turismo que enche o Luso, Acácio sublinha que há cada vez mais portugueses e cada vez mais jovens. Esta noite, Marco Rodrigues canta e toca no Luso só para nós e para uma mesa de turistas ávidas das suas palavras melodiosas, numa união quase "jazzy" com a guitarra portuguesa e um contrabaixo. 

É um oásis que parece alheio ao corrupio de jovens foliões de cerveja na mão que invadem o bairro. O mesmo sucede com outro ícone do fado, O Faia, mito sexagenário para sempre ligado a Lucília do Carmo, mãe de Carlos do Carmo. O fadista passou a casa nos anos 80 mas ainda há quem ligue a perguntar quando é que por ali canta, confessa Pedro Ramos, que actualmente, aos 34 anos, gere a história presente da casa com o pai. "Sinto a responsabilidade do peso histórico mas procuro manter a casa sempre interessante, num esforço diário".

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