Fugas - viagens

  • Tasca do Chico - Bairro Alto
    Tasca do Chico - Bairro Alto ENRIC VIVES-RUBIO / PUBLICO
  • Tasca do Chico - Bairro Alto
    Tasca do Chico - Bairro Alto ENRIC VIVES-RUBIO / PUBLICO
  • Tasca do Chico - Bairro Alto
    Tasca do Chico - Bairro Alto ENRIC VIVES-RUBIO / PUBLICO
  • Tasca do Chico - Bairro Alto
    Tasca do Chico - Bairro Alto ENRIC VIVES-RUBIO / PUBLICO
  • Tasca do Chico - Bairro Alto
    Tasca do Chico - Bairro Alto ENRIC VIVES-RUBIO / PUBLICO
  • Senhor Vinho
    Senhor Vinho ENRIC VIVES-RUBIO / PUBLICO
  • Senhor Vinho
    Senhor Vinho ENRIC VIVES-RUBIO / PUBLICO
  • Senhor Vinho
    Senhor Vinho ENRIC VIVES-RUBIO / PUBLICO
  • Senhor Vinho
    Senhor Vinho ENRIC VIVES-RUBIO / PUBLICO
  • Tasca do Jaime na Graca
    Tasca do Jaime na Graca Margarida Basto
  • Tasca do Jaime na Graca
    Tasca do Jaime na Graca Margarida Basto
  • Café Luso
    Café Luso DR
  • Café Luso
    Café Luso DR
  • Café Luso
    Café Luso DR

Continuação: página 4 de 5

Anda daí Lisboa, que vamos aos fados

Alicerçada numa gastronomia de raiz portuguesa, o Senhor Vinho tem continuação geracional assegurada: a filha Rita Gordo, que também canta mas não o fado tradicional, colabora na gestão e garante que a casa não perderá a sua alma. Sobre os custos de uma ida a uma das grandes casas de fado, Maria da Fé sublinha que "vai-se a um espectáculo e paga-se 20 ou 30 euros por um bilhete". "Cá, ouvem-se cinco ou seis grandes artistas e isso tem custos". 

O fado amado
Para além dos luxos, há muito mais fado por descobrir. Que o digam na Tasca do Chico, no Bairro Alto desde 1993 e com um braço fadado em Alfama desde o ano passado. É entrar, se conseguir, neste ninho do fado "vadio", uma revolução bairrista que seduz para o fado uma juventude impensável há uns anos atrás e que assumiu uma projecção até internacional.

É o próprio dono, Francisco Gonçalves, o primeiro a admirar-se com o êxito da fórmula desta tasca que recuperou os traços de uma taberna à antiga, emoldurada por dezenas de quadros, posters, recortes e fotos fadistas, já de devida patine, com mesas e bancos corridos. Tudo começou em 1993. "Comecei a brincar. Isto era uma espécie de charcutaria. Eu trabalhava na Adega Mesquita, vinha cá buscar queijos, mais tarde fiquei com isto", conta Francisco, que quis remar contra a maré. Via o Bairro Alto vender as suas tascas de sempre a bares mais finos e decidiu "abrir uma nova tasca velha", os outros "corriam com os velhotes", quis fazer "a tasca com esse espírito".

Turistas de todas as proveniências, fadistas amadores e jovens potenciais fadistas "que vêm perder o medo e treinar", fadistas célebres ("a Carminho, Mariza, Camané, Raquel Tavares, Ricardo Ribeiro, tantos...") misturam-se com clientes como "um velhote de 90 anos que está cá todas as segundas e quartas" - "quando não o vejo cá até fico preocupado com ele, que a sua presença dá logo uma grandeza". Entre o "elenco", não faltam "cromos" mas também grandes vozes ou mesmo surpresas como quando aparecem japoneses, espanhóis ou franceses a cantar fado. É segunda-feira, passa da uma da manhã, e lá está o decano cliente enquanto um taxista-fadista lança o seu fado, um chouriço pega fogo, corre a cerveja, o vinho e a música. "Nunca faltam fadistas", comenta Francisco. E o êxito não trava, até acelera: sonha levar a Tasca do Chico ao Porto e ao Algarve. 

Já pela Graça, um pequeno reduto tornou-se um ex-líbris fadista todos os sábados e domingos à tarde. Na Tasca do Jaime, pequena e acolhedora, acotovelam-se fadistas, ouvintes e turistas em busca do genuíno. Uma pequena multidão que se espalha à porta e ouve fado com o som do eléctrico 28 a passar. Um corredor que fica apinhado de gente, ao longo de um balcão de pedra e meia dúzia de mesas, cercadas de retratos de fadistas, guitarras, concertinas e violas.

Um microfone que cai do tecto serve a todos e sucedem-se as vozes, umas surpreendentes, como Fernanda Proença (conhecida como Pimpona, "foi por causa do meu marido, Pimpão"), que tanto sorri como lança um sentido fado com Alfama na voz. Aos 63 anos, canta fado por todo o lado porque preenche-lhe a alma, preenche-lhe "o corpo inteiro". Ou como João Ferraz, que, de sobretudo e chapéu escuros lança o seu fado original onde se canta "património nacional nunca pode ser estrangeiro" em Fado Seixal e se pede a antropólogos e musicólogos que deixem o fado em paz. "É o meu grito", confessa.

--%>