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    Escola de música em Ibicoara Adriano Miranda
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    Chapada Diamantina Adriano Miranda

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O ecoturismo é o diamante da Chapada Diamantina

Coriolano, que voltou a casa, definitivamente, quando a água começou a escoar, muito por culpa dos efeitos de assoreamento do garimpo e dos períodos de seca, é a memória viva do garimpo; um garimpeiro modelar, a crer na sua própria definição: "Aprendi a arte com meu pai e ainda hoje visto a minha roupa branca de garimpeiro, com pano de Valença. Recebo muitas escolas para explicar como se fazia o garimpo e tenho este livro aqui com os nomes de quem me visita. Não gastei o dinheiro em bebida e em mulheres", insiste, "e construí esta casa onde vivo com meus filhos."

Coriolano teve sete filhos e "todos se formaram no Magistério, mas só dois executam a profissão [de professores] ". Alguns chegaram a fazer garimpo com o pai e um deles era mesmo um talismã. Nas três vezes em que acompanhou Coriolano, Sílvio desencantou diamantes. Os outros garimpeiros pediam ao pai que o levasse sempre e sempre, mas Sílvio Rocha de Oliveira quis outra vida. A sua vida, de portas abertas, sentado a uma secretária, é dupla: tem uma agência que vende serviços de ecoturismo - "menos passagem aérea" - e um punhado de computadores para acesso à Internet - "a mais rápida da Chapada".

A Ecotur ocupa o rés-do-chão de um edifício, de portas esguias e altas, de um verde esmaecido, na Praça de Horácio de Matos, o centro de gravidade de Lençóis, cujo edifico mais alto, de três pisos, foi em tempos o consulado francês. Estávamos na primeira metade do século XIX e a economia da região crescia com os diamantes de Lençóis, Iraquara, Andaraí, Mucugê, Igatu e Ibicoara. "Meu pai", diz Sílvio, com um sorriso branco, "tem três páginas no Google e foi o actor principal deste documentário [Jardim de Plástico, de Delmar Araújo]". De uma geração para a outra, o pai deixou o garimpo e o filho dedicou-se ao ecoturismo.

Dois factos contribuíram para a transição, explica Sílvio, de 42 anos. "Primeiro, o impulso maior foi a criação do Parque Nacional da Chapada Diamantina em 1985 e, depois, a novela Pedra sobre Pedra, de 1992". A novela com Renata Sorrah e Lima Duarte, da Rede Globo, teve 178 capítulos e um papel importante na divulgação das riquezas naturais da Chapada Diamantina.

Com uma agricultura paupérrima, numa região ainda mal refeita do capítulo final da exploração diamantífera, o turismo surgiu como salvação natural para quem descobriu um novo filão que, embora não garantisse riqueza, era sinónimo de mais e melhor subsistência. "As pessoas ganham mais agora que na agricultura", observa, "e os jovens querem profissionalizar-se: toda a gente tem um único meio económico no turismo".

Lá fora, à medida que o sol vai rodando, pessoas e animais vão seguindo o ciclo da sombra e, de quando em vez, um carro ou uma das muitas motorizadas sobem o empedrado, num bamboleio de pneus sem pressa. Nesta praça de homenagem ao antigo coronel de Lençóis, semelhante a uma versão nordestina de Paraty, só o Banco do Brasil conseguiu destruir a harmonia herdada, como uma peça de Lego no local e na proporção errada.

Hoje, Coriolano reinventou-se e até faz sorvetes de umbu para o restaurante da filha, o Bode. Chamam ao Paraguaçu "a caixa de água da Bahia". Será que um dia o próprio rio será tão seco quanto as mãos do antigo garimpeiro?

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