Fugas - viagens

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    Morrão Adriano Miranda
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    Chapada Diamantina Adriano Miranda
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    Morro do Pai Inácio Adriano Miranda
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    Morro do Pai Inácio Adriano Miranda
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    Antiga Mina de Garimpeiros Adriano Miranda
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    Lençóis Adriano Miranda
  • Gruta da Lapa
    Gruta da Lapa Adriano Miranda
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    Gruta da Lapa Adriano Miranda
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    Capão Adriano Miranda
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    Sertão Adriano Miranda
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    Pratinha Adriano Miranda
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    Cachoeira das Águas Claras Adriano Miranda
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    Morro do Pai Inácio Adriano Miranda
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    Morro do Pai Inácio Adriano Miranda
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    Antiga mina de garimpeiros Adriano Miranda
  • Coriolando, ex-garimpeiro, em Lençóis
    Coriolando, ex-garimpeiro, em Lençóis Adriano Miranda
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    Morro do Pai Inácio Adriano Miranda
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    No Sertão Adriano Miranda
  • Escola de música em Ibicoara
    Escola de música em Ibicoara Adriano Miranda
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    No Morro do Pai Inácio Adriano Miranda
  • Morro dos 3 Irmãos
    Morro dos 3 Irmãos Adriano Miranda
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    Lençóis Adriano Miranda
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    Chapada Diamantina Adriano Miranda

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O ecoturismo é o diamante da Chapada Diamantina

Cada uma das 45 esculturas - todas do mesmo tamanho - tem um nome e uma intenção: a de reproduzir com fidelidade a expressão facial de um determinado garimpeiro. Humberto, o Badega, sabe pormenores sobre todos eles, inclusive sobre João Gringo, um moço que sabia o suficiente de motores para se transferir do Rio de Janeiro para a então próspera Igatu, onde ficou a cuidar do funcionamento e manutenção das bombas hidráulicas. Numa terra onde as pessoas são conhecidas pelos apelidos de família, Gringo ainda diz alguma coisa em Igatu e Andaraí. 

Se é verdade o que Dalmon Galgut escreveu num dos seus livros de viagem, que "aquilo de que não nos lembramos nunca aconteceu", então é forçoso reconhecer que a evocação destes homens faz com que eles nunca mais desapareçam desta gruna. Porque o que faz Humberto, no interior destes corredores húmidos, é acender a memória de cada um deles, partilhar o seu ritual com os poucos visitantes que sabem da sua existência. Longe dos roteiros turísticas, visitar a gruna de Igatu é participar numa viagem com o seu quê de místico na minúscula Machu Picchu nordestina.

Basta procurar o Badega. Ele lá estará, sentado num tronco, de chapéu na cabeça e um pacote de velas no bolso. As mãos do Badega são escuras como o fundo da gruna.


Morros, cachoeiras, grutas, poços ou quedas de água?

É possível caminhar pelos vales do Parque Natural da Chapada Diamantina sem um fim à vista. Este é o destino mais exclusivo e remoto da multifacetada Bahia.

Inácio era um escravo, que dizem ter sido reprodutor, que dizem ter sido devidamente atrevido. O que a lenda assegura, mas existem sempre versões diferentes, com diferentes desfechos, é que o destemido Inácio foi visto, numa cachoeira, com a "sinhá". Ao certo, não se sabe se a "sinhá" era a mulher ou a filha do coronel. O escravo que deparou com aquele inusitado cenário correu de imediato para a fazenda, de modo a poder avisar o seu coronel, mas o que aconteceu foi o que aconteceu demasiadas vezes: mata-se o mensageiro. Coronel, na América do Sul, nunca foi sinónimo de tolerância.

Os seus jagunços lançaram-se no encalço de Inácio, mas este terá sido avisado pelas mulheres da fazenda, solidárias com este romântico inquebrável. Inácio terá procurado refúgio num morro, de onde poderia ter uma vista privilegiada sobre quem o perseguia. Como em outros casos de amor e perdição, também este terminou em tragédia. Inácio, sem escapatória possível, terá saltado do alto do morro, com uma sombrinha aberta, oferecida pela amada proibida. A delicada sombrinha não terá salvado o escravo, mas nunca se sabe, porque o final da lenda a cada um pertence. E, afinal, é essa a substância da lenda. O morro tem tido os seus momentos de glória. Não só porque já foi tema de filme, O Morro do Pai Inácio, como também foi um dos protagonistas da novela Pedra sobre Pedra.

A mais de mil metros de altitude, o morro situa-se numa região que há biliões de anos estava submersa, e cujas rochas possuem configurações distintas, com camadas de arenitos, conglomerados e calcários. Não espanta, pois, que a Chapada possua o maior acervo espeleológico da América do Sul. Este enorme morro, do qual se pode apreciar uma incrível paisagem de vales e mais vales, numa terra desabitada, transformada em área protegida, é a porta de entrada no Parque Natural da Chapada Diamantina e um dos seus ex-líbris mais importantes.

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