Fugas - Motores

O BMW M5 bebeu o elixir da juventude

Por Luis Filipe Sebastião

A fera tem uma alma do tamanho do mundo e uma suavidade que faz inveja a muitos familiares topo de gama. Luís Filipe Sebastião já experimentou a versão mais endiabrada de uma berlina superior e que pode superar os 300 km/h...

Mais potente e menos guloso. O novo BMW M5 faz justiça à tradição da marca bávara e eleva a fasquia da potência debitada pelo bloco 4.4 litros V8 para uns estonteantes 560cv, reduzindo os consumos em cerca de 30% quando comparado com a anterior geração. Uma ampla possibilidade de ajustes tecnológicos também contribui para que este bólide feito para as pistas se adapte a uma utilização mais dócil em estrada.

Esta é a quinta geração do M5. Desde 1984 que o emblema alemão reforça os argumentos desportivos da berlina da série 5. Os seis cilindros em linha das duas primeiras versões deram lugar, na terceira e quarta geração, a um V8 e a um V10. Mas o novo M5 retoma os oito cilindros em V, reduz a cilindrada para os 4.4 litros e beneficia, pela primeira vez, de sobrealimentação por turbo. Uma verdadeira escalada de potência: dos 286cv do primeiro M5 para os actuais 560cv (mais 53cv do que o antecessor).

Por fora, o novo modelo adopta uma imagem próxima da gama actual. Mas existem diversos sinais distintivos: as generosas entradas de ar dianteiras; as proeminentes cavas das rodas, calçadas com uns avantajados pneus de 19 polegadas; as estilizadas guelras com os "piscas" laterais, ou o discreto difusor de ar na ponta da tampa da mala. A maior indiscrição consistirá nas duplas ponteiras de escape montadas de cada lado da carroçaria. No resto, as luzes em bi-xénon e de LED, rematam uma imagem de exclusividade que pode ser encontrada no resto da gama.

O interior desta berlina de quatro portas alinha pela funcionalidade habitual do construtor germânico. Dos pespontos nos bancos em pele ao perfil metalizado no tablier, nada parece deixado ao acaso. Ao premir o botão da ignição, o V8 desperta os sentidos, mais pela expectativa que cria do que pelo alarde contido que manifesta. É altura de optar por dois tipos de arranque: o normal, sem muito alarido, tirando partido da função Low Speed Assistance, para enfrentar o tráfego intenso, ou com a função Launch Control, com o programa electrónico de estabilidade (DSC) desligado, que desbasta a borracha dos pneus e é capaz de catapultar as quase duas toneladas de peso dos 0 aos 100 km/h em apenas 4,4s.

O possante fôlego do bloco de injecção directa a gasolina biturbo, com comando variável de válvulas, é repartido por uma super eficiente transmissão automática de sete velocidades, de dupla embraiagem, com modo sequencial no manípulo ou nas patilhas no volante. No modo automático (D), a sétima relação assume protagonismo num piscar de olhos e sem beliscar os limites do código da estrada. Já no modo manual (S), impressiona a capacidade de resposta da segunda, terceira e quarta relações, que facilmente convidam a fazer perder o tino. Só os mais fortes conseguem refrear a tentação de esmagar continuadamente o pedal do acelerador.

Para que tudo funcione a roçar a perfeição, atente-se na suspensão com amortecedores de regulação electrónica muito competente e na precisa direcção M Servotronic. Um diferencial activo para o eixo traseiro permite bloquear a repartição da força motriz e garante um desempenho notável por trajectos mais sinuosos. A direcção, a suspensão, a rotação do motor, o funcionamento da caixa e a travagem podem ser ajustados segundo três modos distintos de configuração: Confort, Sport e Sport Plus. Este último parâmetro, no que toca ao amortecimento, por exemplo, revela-se mais apropriado para pavimentos lisos, nomeadamente em pista, uma vez que em estradas de perfil irregular leva a que se mostre um pouco "saltitante" para além do apreciável.

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