Há certo tipo de roupa e calçado que, não dando nas vistas numa primeira observação, se distinguem pelo seu design elegante e intemporal. Com traços distintos e inconfundíveis, o Volkswagen Golf, que já vai na sétima geração, é um exemplo de revolução na continuidade, com um visual sempre actual que esconde grandes modificações em termos de mecânica e de equipamentos. É o caso desta nova variante Bluemotion, que estabelece novos parâmetros de consumos e emissões, com melhoria das performances.
As principais novidades do Golf VII, lançado em Novembro de 2012, já foram aqui referidas, mas esta nova versão Bluemotion do modelo mais marcante de toda a gama Volkswagen tem diferenças significativas em relação às anteriores no que se refere às performances. O já conhecido propulsor a gasóleo 1.6 TDI viu a sua potência aumentada para 110cv. Isso traduz-se num aumento da velocidade máxima para 200 km/h e no tempo de aceleração dos 0 aos 100 km/h, que é agora de 10,5s.
Mas a cereja no topo é que, embora mais potente e com melhores desempenhos, o Golf Bluemotion apresenta valores imbatíveis no que se refere à média de consumos e emissões de um veículo do segmento C. Pelo menos, segundo os números oficiais da marca: 3,2 l/100km e 85 g/km de CO2. Já a realidade é um pouco diferente. Em cerca de 600km de um percurso que incluiu estrada, auto-estrada e condução em cidade obtivemos uma média de 5,3 l/100km, algo distante dos números anunciados mas ainda assim um valor assinalável para um veículo com o peso e as dimensões do Golf. Pelo que nos foi dado a perceber, tendo por base os consumos instantâneos, em estrada ou auto-estrada relativamente planas e numa condução regular, sem grandes reduções ou acelerações e a velocidades próximas dos limites máximos, é possível conseguir médias inferiores aos 4,0 l/100km. O caso muda de figura quando o carro tem de enfrentar subidas pronunciadas – não é que o motor revele falta de potência, mas os consumos instantâneos sobem rapidamente para a casa dos 8,0-9,0 l/100km.
Uma novidade bem-vinda é a caixa manual de seis velocidades que vem associada a esta versão do 1.6 TDI, bem escalonada e de fácil manuseio. É que mesmo na variante com 105cv sentia-se a falta de uma outra relação na caixa de cinco velocidades que lhe estava associada, em especial na condução extra-urbana.
Nas outras vertentes da condução, o Golf Bluemotion evidencia as suas características de carro familiar: com a estabilidade que lhe é conferida pela plataforma modular estreada no Golf VII e pelo bloqueio electrónico do diferencial, XDS, distingue-se mais pelo conforto de condução que por uma dinâmica desportiva (para isso existem os Golf GTD e GTI). Aliás, o veículo que conduzimos, com o nível de equipamento intermédio, fazia jus à designação Confortline: sem grandes rasgos, mas com um comportamento sólido e equilibrado, não necessitando grande trabalho de caixa, para, sem grande perda de potência, enfrentar subidas mais acentuadas (nesse caso, como já referimos, é na penalização dos consumos que se nota a maior diferença). Também é fácil conseguir uma boa posição de condução, independentemente do tamanho do condutor, com boa visibilidade, graças à ampla regulação em profundidade e altura tanto do banco como do volante. Menção para o sistema opcional de sensores de estacionamento dianteiros e traseiros, que se revelou uma ajuda preciosa a estacionar e na condução em espaços apertados.