Fugas - Viagens

Luís Maio

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Valais - A Suíça chique e selvagem

Gelo e glamour

O Valais é um paraíso para os amantes de desportos de montanha, em particular do esqui, que se pratica um pouco por todo lado, acima do vale recortado pelo Rhône. A estância mais procurada é a de Verbier, um aglomerado de "chalets" e hotéis, que não pára de crescer desde o "boom" do esqui nos anos 60 e certamente não prima pela harmonia paisagística. A sua principal virtude é ser a principal base de acesso ao extraordinário domínio dos Quatro Vales, que integra nada menos de 400 quilómetros de pistas de esqui, mais 200 quilómetros de trilhos de caminhada, onde se pratica toda a espécie de desportos de Inverno, em categorias que vão da iniciação às acrobacias mais radicais, oferta complementada por um longo sortido de diversões "après-ski".

Igualmente famoso, mas bem mais selectiva, é a estância de Crans-Montana, uma sucessão de estabelecimentos hoteleiros e afins, que se alonga por dois quilómetros, ocupando todo o espaço que antes separava as duas aldeias. Crans foi primeiro colonizada pela nata dos esquiadores ingleses, Montana pela aristocracia de sanatório dos inícios do século XX. Hoje, a estância resultante da fusão continua a ser um recreio para uma elite de gente endinheirada, mais ou menos desportiva. É certo que há mais de 150 pistas de esqui disseminadas pelo planalto, 1500 metros acima do vale. Mas muito do "jet set" que não dispensa a temporada alta em Crans-Montana investe tanto ou mais no golfe, na restauração fina e sobretudo na carregada agenda de acontecimentos sociais. A sua mais séria rival no sector do esqui vip suíço é St. Maurice que, no entanto, acena com outros argumentos culturais. É função da sua longa história como bastião do cristianismo, que a dotou de um extraordinário corpo de fortificações e edifícios religiosos.

St. Maurice, Crans-Montana e Verbier podem ser nomes sonantes para os adeptos de desportos de montanha e para as revistas de sociedade, mas nada se compara a Zermatt. Em redor há excelentes pistas de esqui e um pacote inteiro de infra-estruturas desportivas de qualidade superlativa, mas o que torna a pequena aldeia imbatível é a vizinhança do extraordinário Matterhorn, dominando uma paisagem de 36 picos com mais de 4 mil metros de altitude. É um dos símbolos por excelência da Suíça, uma das montanhas mais imediatamente reconhecíveis do planeta inteiro, mesmo assim a contemplação do singular gigante, caprichosamente pontiagudo, é ainda e sempre fonte de admiração.

Um deslumbramento que, de resto, se diversifica consoante os ângulos, quando o Matterhorn pode ser apreciado desde as esplanadas de Zermatt à canoagem nos lagos a seus pés, passando pela escalada dos picos vizinhos. O próprio Matterhorn também se pode escalar, mas é um programa que custa uma fortuna, requer equipamento profissional e muita experiência.

Para além deste punhado de estâncias de neve, no entanto, o terceiro mais extenso cantão da Suíça é pouco povoado, rural ou simplesmente natureza selvagem, incluindo muitas paisagens de montanha que em nada ficam atrás das celebridades supracitadas. Um bom exemplo (entre muitos) é Derborence, um vale periférico ao Rhône, a nordeste da cidade de Sion, emoldurado pelo colossal circo das Diablerets, coroado por manchas glaciares. Desabamentos ocorridos em 1714 e 1749 mataram gente e animais, mas formaram um belíssimo lago o mais jovem lago alpino da Suíça -, enquadrado por florestas virgens. Cinquenta hectares de floresta foram vendidos por proprietários locais ao estado suíço, nos anos 50 do século passado, vindo a ser integrados numa reserva natural que hoje cobre 260 hectares.

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