Fugas - Viagens

Luís Maio

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Valais - A Suíça chique e selvagem

Os encantos do vale

Um denso pinheiral, bordejando a zona aluvial do Rhône, acaba de ser promovido a paisagem classificada. É o parque Pfyn-Finges, o primeiro parque natural cantonal, que tem o grande benefício de ser a única fatia do vale que se conserva em estado mais ou menos selvagem. Porque se nas alturas o Valais se mantém em estado bruto, já o vale traçado pelo Rhône é uma paisagem largamente humanizada. A estrada e linha de caminho-de-ferro principais seguem paralelas ao rio e é ao longo delas que se vão sucedendo os principais aglomerados urbanos. Há, porém, uma clara diferença entre o Baixo Valais, que é francófono e mais densamente povoado, nomeadamente na conurbação que agora formam as cidades de Sion e Sierre, e o Alto Valais, que fala alemão à moda suíça e é bastante menos desenvolvido.

À medida que se avança para oriente, a paisagem torna-se menos humanizada, sobretudo quando se descola do traçado do Rhône em direcção aos muitos vales satélite. É o caso por excelência do vale de Binn (Binntal em alemão), um pedaço da Suíça pitoresca que parece ter cristalizado algures no passado com o seu casório de "chalets" rústicos, ponte de pedra medieval e capela barroca contracenando com os prados floridos e as colinas forradas de coníferas. Sion, a capital francófona do cantão, é obviamente mais animada, mesmo se não se deixa de ser uma pacata cidade de província. Além do crescente protagonismo como centro vitivinícola, tem sabido atrair um número crescente de microempresas, sobretudo do sector químico, que inclusive dão emprego à população germanófila que habita o Alto Valais.

Já o turismo pesa pouco na economia de Sion, sobretudo funcionando como plano B quando o mau tempo obriga a fechar as pistas. A negligência é compreensível, mas bastante injusta, quando a capital do Valais é a cidade mais antiga da Suíça e oferece um notável centro histórico. Destacam-se os seus dois castelos, cada um deles empoleirado numa das colinas gémeas que coroam o vale. Um, o de Valore, é uma verdadeira aldeia amuralhada, construída em torno de uma austera igreja românico-gótica. A jóia principal do templo é o órgão em forma de popa de barco, o mais antigo (século XV) em funcionamento no mundo, mas os murais medievais, recriados no século XIX, são igualmente fascinantes. O outro castelo, o de Tourbillion, é uma ampla estrutura construída ao longo dos séculos XIII e XIV, na maior parte destruída durante um incêndio em 1788. Compensam, no entanto, as vistas lá de cima, onde se conjuga o anel de picos circundantes com o rendilhado das vinhas e das levadas, mais o traçado medieval da cidade a seus pés.

Vias "ferratas"
Escadaria para o céu

É de manhã cedo, ainda vamos a dormitar, quando a carrinha estaciona à beira de uma curva da estrada, que liga a cidade de Sion, no vale do Rhône, ao belveder de Nax, a 1300 metros de altitude. Somos seis e torna-se de imediato evidente que eu sou o único estreante. Enquanto um dos guias me ajusta o equipamento à volta da cintura um cinto de segurança Baudrier, munido de duas cordas em L e mosquetões na ponta, já os outros estão a dobrar uma parede vertical com uns bons 30 metros de altura.

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