Fugas - Viagens

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Curitiba, a cidade exemplar

A humidade quase nos esmaga ao sairmos do avião e horas depois despertamos para um dia nublado, húmido até às entranhas. A chuva vai aparecer e há-de ficar; nessa altura já estaremos em modo “mais água menos água, dá igual”. Porque, sim, viemos pela água, não sabíamos que ia ser tão literal assim e que íamos passar um dia inteiro com a roupa molhada, colada ao corpo. Por isso, um conselho: quem quer fazer o Macuco Safari, e já estamos, claro, no Parque Nacional do Iguaçu, não se esqueça de muda de roupa.

Nós não fomos avisados e começamos por aí, pelo safari. Primeiro, em terra, num “comboio” eléctrico, aberto, que nos leva pela mata acompanhados de guia que debita informação sobre a fauna e a flora; segue-se uma caminhada também na floresta, passando pelo “Salto do Macuco”, pequena queda de água, e já estamos à beira do Iguaçu. É aqui que a aventura realmente começa, uma vez embarcados no barco: primeiro, navegação calma, depois uma montanha russa de rápidos e cascatas que caem dos penhascos — algumas vão ser chuveiros de pressão imbatível, porque fazem parte do programa do safari estes banhos calculados e não o imaginamos de outra forma: é como se estivéssemos no melhor parque aquático do mundo, porém, o abismo é real. Afinal, estamos em plenas Cataratas do Iguaçu, de um lado Brasil, do outro Argentina, e se não chegamos ao coração, a Garganta do Diabo, sentimos-lhe a força centrífuga e sonora.

Primeiro tivemos o mergulho, depois o cenário majestoso. Pelo meio, o almoço no restaurante com vista para as cataratas, a preparar-nos para a caminhada de menos de um quilómetros que nos leva a seguir o curso do rio vendo as cascatas desfazerem-se do lado argentino. Caminhamos entre floresta semitropical, em trilhos bem rasgados entre a vegetação, como que pendurados na encosta desta espécie de canyon. São 275 quedas de água as que compõem esta sinfonia da natureza, este espectáculo primordial, hipnotizante. Sobretudo quando o trilho dá lugar a passadiços de ferro e deixamos a margem para nos aventurarmos dentro do rio: a Garganta do Diabo está já ali, vemos as paredes maciças de água que caem e continuam a cair para além da nossa vista.

O que não vemos no Parque Nacional do Iguaçu, vemos no Parque Nacional Iguazú, o gémeo argentino. Um pequeno comboio turístico, com paragens em hotéis do parque, leva-nos da praça da recepção até ao início da caminhada novamente em plataformas de ferro. Estamos na parte superior do rio Iguaçu, antes de ele se precipitar pelas escarpas e seguir na garganta estreita: é largo e nós atravessamos vários braços até estarmos quase supensos na Garganta do Diabo. O dramatismo do cenário é indescritível — ficamo-nos pelo troar da água, pelas explosões de espuma que nascem (e morrem) da água a embater na água, pelo vapor que cobre tudo. De toda esta violência, é uma beleza terrível que nasce — a dar razão a Breton: a beleza será convulsa ou não será.

A Fugas viajou a convite da Serra Verde Express e da BWT Operadora com o apoio da TAP

 

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