A maioria das "pick-up" destina-se a tarefas obreiras, mas uma boa parte é também usada em momentos de lazer, como uma ida à pesca ou à caça. E uma boa dose do êxito da Nissan Navara pode ser medida precisamente pela vocação para o ócio, a par da versatilidade para o trabalho. A remodelada geração recebeu o novo bloco de 3.0 litros V6, que disponibiliza uns possantes 231cv ao serviço de qualquer tipo de utilização.
A Navara partilha a maioria das características técnicas e configuração mecânica do Pathfinder, um dos SUV (Sports Utility Vehicle) da marca nipónica. Não se estranha, por isso, as semelhanças estéticas entre os dois modelos em termos da secção dianteira. O aspecto não mudou muito em comparação com a geração anterior, mas o capot, grelha, pára-choques e grupos ópticos foram redesenhados. O comprimento aumentou oito centímetros e os retoques visuais, à frente e atrás, contribuem para baixar o coeficiente de atrito aerodinâmico (de um Cx de 0,38 para 0,37).
O ambiente a bordo, principalmente nos níveis de equipamento mais elevado, como é o caso da unidade ensaiada, transmite uma sensação de requinte que vai muito para além do que se espera encontrar num veículo destinado ao trabalho. A boa qualidade percebida de montagem está a par com os materiais de revestimento empregues. O desafogo interior, na cabine dupla ("Double cab"), permite transportar cinco pessoas. Em alternativa, a "King cab", só dará para dois ocupantes atrás desde que de estatura mediana.
O principal trunfo da renovada Navara reside, porém, no novo bloco V6, com 3.0 litros de capacidade, e que debita 231cv, algo de incomum neste tipo de veículos. A nova motorização, acoplada a uma precisa transmissão automática de sete velocidades, que pode ser comandada no modo manual sequencial, responde com prontidão e de forma consistente ao pisar do acelerador. É fácil esquecer que se está ao volante de uma "pick-up". Para isso, contribui também a estabilidade do chassis, assente sobre uma suspensão que privilegia o conforto sem descurar a competência necessária a um veículo de carga. A diferença para o Pathfinder consiste na combinação, na Navara, de um sistema dianteiro de braços duplos com uma travessa rígida e molas de lâminas sobrepostas na traseira.
As oscilações em trajectos mais sinuosos são controladas, mediante a ajuda da direcção de bom tacto. O sistema de tracção integral não permanente da Nissan assegura uma transferência normal da força motriz para as rodas posteriores e repartido em metade para os dois eixos no modo 4WD. A eficácia dinâmica beneficia ainda do diferencial de deslizamento limitado (autoblocante) e do controlo electrónico de estabilidade (que pode ser desligado).
Fora de estrada, a capacidade da Navara em percursos mais trialeiros está garantida através da possibilidade de accionar uma caixa de transferência com redutoras num botão na consola central. A distância ao solo mínima de 23,4 centímetros permite atravessar cursos de água com uma profundidade até 45 centímetros e a inclinação máxima chega aos 39 graus.
O nível de equipamento LE, associado à motorização V6, acrescenta mais umas quantas mordomias aos dois níveis inferiores, como o cruise control, rebatimento eléctrico dos espelhos, jantes em liga leve de 18 polegadas e sensores de luminosidade e chuva. De fora de toda esta panóplia de auxílio ao conforto e segurança fica a pintura metalizada e falta o sistema "conforto" nos vidros eléctricos - quer isto dizer que tem de voltar a ligar a ignição para conseguir fechar um vidro de que se esqueceu aberto. Embora digno de nota numa "pick-up" que custa 45.350 euros, trata-se de um pormenor que não retira brilho à experiência de verificar que a Navara reforçou argumentos para quem precise de um veículo polivalente, capaz de proporcionar bons momentos de diversão no intervalo do trabalho. Ou vice-versa.
