Fugas - motores

Miriam Lago

BMW X5 xDrive 40d: Bom prato com acompanhamentos à parte

Por João Palma

O SUV de luxo da BMW honra os pergaminhos da marca bávara, apesar de alguma falta de espaços para objectos no habitáculo. Só é pena que o preço seja falseado pelos extras que é necessário adquirir

O BMW X5 xDrive 40d é um típico representante da gama de veículos do fabricante alemão. No lado positivo, a tecnologia de ponta ao serviço do conforto e das performances, a funcionalidade, a qualidade dos materiais e acabamentos. Do outro, as lacunas comuns aos outros modelos da BMW: a escassez de espaços para arrumar objectos no habitáculo, algo ainda mais marcante num carro de vocação familiar, e o facto de ter sempre de se somar ao preço-base o custo de "extras", muitos deles imprescindíveis.

Em relação ao último ponto, a marca argumenta que assim o cliente pode adequar o carro ao seu gosto individual, mas o SUV (ou SAV - Sports Activity Vehicle, designação da BMW para este tipo de veículos) disponibilizado à Fugas é o exemplo acabado dessa política: o preço-base do X5 xDrive 40d é 90.900 euros, mas, com os extras que trazia (incluindo, entre muitos, aviso acústico de colocação de cinto de segurança...), o custo totalizava 119.313 euros - mais 28.600 euros! Acréscimo que chega e sobra para, por exemplo, comprar um VW Golf TDI...

É verdade que os modelos disponibilizados pelas marcas à comunicação social para ensaios vêm geralmente carregados de equipamento opcional, mas, no caso da BMW, essa fatia é sempre elevada. É como se num bom restaurante nos servissem filet mignon e depois tivéssemos que pagar a confecção e os acompanhamentos à parte.

O veículo que conduzimos trazia a motorização a gasóleo mais potente, com 306cv. Existe ainda uma variante do mesmo bloco de 2993cc com 245cv de potência, que tem um preço-base de 86.900 euros, e mais três a gasolina: xDrive 35i (306cv, 82.200 euros), xDrive 50i (407cv, 115.450 euros) e X5 M (555cv, 159.600 euros).

O X5 xDrive 40d que conduzimos alia performance a extremo conforto. O Adaptative Drive, sistema de controlo activo da suspensão, aliado à suspensão auto-reguladora do eixo traseiro (ambos opcionais), diminui a tendência de adornamento em curva, em manobras bruscas de desvio e reduz o ângulo de viragem. O xDrive e o controlo dinâmico de estabilidade garantem estabilidade direccional e tracção, distribuindo o binário a cada uma das rodas de acordo com as necessidades e prevenindo as sobre e subviragens, pelo que este SUV, para além das vantagens da tracção integral (tracção, estabilidade direccional e segurança), revela uma agilidade notável para um veículo de 2,2 toneladas.

É possível seleccionar entre duas afinações da suspensão: Normal (conforto) e Sport (condução desportiva). Mesmo no modo Sport a suspensão absorve bem as irregularidades da estrada, mas na configuração Normal o veículo como que flutua sobre o asfalto. A insonorização é excelente e, apesar de ser um veículo a gasóleo, o único som que se ouve no habitáculo é o do sistema áudio. A qualidade dos materiais e dos acabamentos, na tradição da marca bávara, é irrepreensível, pelo que o conforto proporcionado em viagem é equivalente ao da classe executiva de um avião (mas com menos ruído). Mesmo na condução em cidade é fácil esquecermo-nos de que é um veículo grande tal a rapidez de resposta e a agilidade que o X5 evidencia.

O motor do X5 xDrive 40d é o mesmo da limusina de luxo 740d. O binário máximo de 600 Nm está disponível logo às 1500 rotações, mas mesmo às 1000 rpm já se tem 450 Nm. O resultado é um arranque vivo (vai dos 0 aos 100 km/h em 6,6s), resposta instantânea ao acelerador, excelentes recuperações. Subidas não existem para este SUV de luxo - é sempre a acelerar -, comporta-se em curva como um pequeno e ágil desportivo e pode ser um cordeiro manso ou um tigre enraivecido, consoante a afinação da suspensão e o tipo de condução. Isto é, satisfaz todos os gostos, desde os de um pacato condutor de domingo aos de quem gosta de sentir a adrenalina.

O motor é complementado por uma bem escalonada caixa automática Servotronic de 8 velocidades, com possibilidade de selecção manual através da alavanca de mudanças. A BMW anuncia uma média de 7,5 l/100 km e nós obtivemos 11,8 l/100 km. No entanto, é preciso referir que fizemos muita condução em montanha e em cidade, o que penalizou os consumos. Pelo que pudemos experimentar, em estrada, numa condução sem forçar, é possível obter médias de 7-8 l/100 km.

Apesar de mais vocacionado para o asfalto e de não dispor de redutoras, a tracção integral xDrive (que, normalmente distribui a força do motor numa relação 40% à frente e 60% atrás), o sistema de controlo de velocidade em descidas íngremes, os ângulos ventrais, de entrada e de saída, a altura ao solo e a altura de vau conferem-lhe algumas aptidões para circular fora de estrada.

Em termos de equipamento de segurança, o BMW X5 afigura-se bem dotado, mas não é possível emitir um juízo fundamentado neste capítulo pelo facto de a última avaliação deste SUV pelo Euro NCAP datar de 2003 e, desde então, as novas versões do X5 não terem sido submetidas aos testes efectuados por aquela entidade.

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