Fugas - Viagens

  • Saint-Lary-Soulan.
    Saint-Lary-Soulan. Nelson Garrido
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    Saint-Lary-Soulan. Nelson Garrido
  • Saint-Lary-Soulan. No mercado
    Saint-Lary-Soulan. No mercado Nelson Garrido
  • Saint-Lary-Soulan. A tradição da cidra e da conversa
    Saint-Lary-Soulan. A tradição da cidra e da conversa Nelson Garrido
  • Saint-Lary-Soulan. Les Flocons Pyrénées, chocolataria artesanal que pertence a portugueses
    Saint-Lary-Soulan. Les Flocons Pyrénées, chocolataria artesanal que pertence a portugueses Nelson Garrido
  • Saint-Lary-Soulan. O gâteau à la broche, um ícone doce desta parte dos Pirenéus
    Saint-Lary-Soulan. O gâteau à la broche, um ícone doce desta parte dos Pirenéus Nelson Garrido
  • Saint-Lary-Soulan. O gâteau à la broche, um ícone doce desta parte dos Pirenéus
    Saint-Lary-Soulan. O gâteau à la broche, um ícone doce desta parte dos Pirenéus Nelson Garrido
  • Saint-Lary-Soulan. O gâteau à la broche, um ícone doce desta parte dos Pirenéus
    Saint-Lary-Soulan. O gâteau à la broche, um ícone doce desta parte dos Pirenéus Nelson Garrido
  • Saint-Lary-Soulan. Noite de
    Saint-Lary-Soulan. Noite de "salsa" na montanha Nelson Garrido
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    Saint-Lary-Soulan. Nelson Garrido
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    Saint-Lary-Soulan. Nelson Garrido

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Comer, beber e no fim esquiar na «estrela dos Pirenéus»

O cheiro é intenso quando entramos na loja: há presuntos pendurados das traves de madeira, há queijos em exposição (entre eles, o Napoléon, feito com água termal). Daqui a pouco, vão surgir-nos em pequenas bandejas de provas — entretanto, espreitamos as prateleiras para descobrir produtos tão regionais quanto a soupe à l’ortie de montanha (sopa de urtigas), rilletes e gaspacho de trutas, a conhecida cassoulet, o mel ou o jus des pommes, compotas artesanais. Quanto aos produtos da casa, declinam-se sobretudo entre o porco preto de Bigorre, com terrines várias (com castanhas e ameixas, por exemplo), rilletes e boudin, garbure e daube; e o canard gras em patés, foie gras, confits.

Sim, quando saímos temos tudo menos fome e ainda bem que ainda há algumas horas até ao jantar. Como a estrada da montanha foi, entretanto, aberta subimos para a estação de esqui ao final do dia. Não chegamos a atingi-la, mas não importa: afinal, passamos Soulan, a aldeia que também dá nome à estância, e que parece a verdadeira aldeia-presépio, aldeia-Natal. Havemos de voltar, para tirar fotografias com luz, mas é hoje que vemos la eglise que pleure, a igreja que chora, lágrimas na fachada que são (ainda) luzes natalícias (aldeia-Natal) — e que parecem nada menos que naturais neste cenário de casas que praticamente trepam a montanha para formar um aglomerado-cascata (aldeia-presépio), que a neve veste de maneira exemplar para encaixar perfeitamente no modelo mais ou menos universal de idílio branco.

Daqui, avista-se a estação de esqui, com os edifícios de madeira que parecem pendurados na montanha em frente; avistam-se mais montanhas e campos brancos pintados de casas e esqueletos de árvores, que cobrem encostas como soldados em fileira de um exército derrotado; avista-se Saint-Lary na planície. O tempo parece suspenso visto destas alturas congeladas na solidão de um final de tarde. Deixa de o parecer quando vemos a neve das avalanchas que ainda se acumula na beira da estrada tortuosa em curvas e contra-curvas (a mais famosa é homenagem a Raymond Polidour, um ciclista que é uma espécie de herói nacional francês, apesar de ser conhecido como o “eterno segundo”, coevo de Eddy Merckx, que neste ponto da subida atacou para ganhar uma etapa do Tour de France): é neve feita pedra escurecida como num aluvião; é neve real a fazer estragos.

Antes de jantar, a primeira incursão pelo aprés-ski de Saint Lary (menos o esqui, claro) e pelo vinho quente, uma coisa claramente de turistas, como nos apercebemos. Talvez por preguiça, o nosso local para descanso ficou sempre o mesmo, bem ao lado do “beco da sede” (não lhe vimos o proveito).

O jantar no La Granje é um mergulho nas raízes culinárias dos Pirenéus, da Gasconha. A antiga casa agrícola foi transformada num restaurante elegante e acolhedor, em torno de uma lareira enorme; a comida tem reminiscências caseiras, diz quem sabe, com os pratos incontornáveis destas paragens, como sopa de feijão de Tarbes com bacon grelhado, tarte de pato com couve ou fígado salteado. Depois do peixe ao almoço, o veado ao jantar — pode parecer incongruente, mas apetites não se discutem. Entre sopas e saladas de entrada, percebemos que o La Granje não é para meninos: não só os pratos são ultra-consistentes como as doses são XL como nunca antes visto em França (sem perder a elegância da apresentação).

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