Não estávamos à espera, mas quem andava por Coimbra entre 15 e 20 de Setembro dificilmente lhes escaparia. Na sua 19ª edição, os Encontros Mágicos teimam em trazer para as ruas da cidade a magia que nem sempre se vê. E assim no Largo da Portagem, entre o hotel e o posto de turismo, nos deparamos com um aglomerado de gente; aproximamo-nos e o objecto da atenção é um palhaço-ilusionista, vestido de negro e chapéu com fita vermelha, acompanhado por um pequeno ajudante de chapéu XL cheio de lantejoulas. Na plateia tem alunos das creches 25 de Abril e O Pátio. “Acho que vêm mais, mas como está a chover têm medo”, diz-nos uma funcionária de uma das creches. Na verdade, nem dez minutos depois, volta a chuva que anda a brincar às escondidas com o sol. A debandada é geral, contudo voltaremos a ver magia mais tarde, onde a Rua Ferreira Borges corta para o Arco da Almedina.
Canção de Coimbra, fado de Coimbra, não importa qual a designação, agora tem uma casa institucional na cidade. O Núcleo da Guitarra e do Fado de Coimbra, que encontramos deserto e sem informação para dar, abriu em Julho, na Torre do Anto, parte da muralha medieval da cidade, e ainda cheira a novo nos seus quatro andares. É Carlos Paredes quem nos recebe, a sua guitarra em destaque; o seu pai, Artur Paredes, não é esquecido e conjuram-se as palavras de José Régio sobre ele. Com ecrãs tácteis – onde podemos, por exemplo, “desmontar” e “montar” uma guitarra de Coimbra – e filme que narra a evolução do fado e nos acompanha enquanto subimos a torre, passam diante nós os vários intérpretes do fado de várias épocas, entre a canção de Coimbra e a canção de intervenção. Se o fado virou instituição-a-sério, ele já anda à solta há muito tempo, longe das serenatas estudantis. De uma das lojas de souvenirs da Porta da Almedina ele invade a rua, com as noites de Verão da autarquia instala-se na Praça 8 de Maio e numa série de espaços é cartão-de-vista: do Fado ao Centro ou À Capella, ao café histórico Santa Cruz, sem esquecer novos espaços como o Quebra o Galho.
São duas as ginkgo biloba (ou nogueira-do-japão) que nos recebem no Jardim Botânico de Coimbra, a ladear a estátua de Soares dos Reis a Avelar Brotero e são uma espécie de árvore-símbolo deste jardim. Mas estes exemplares são apenas um dos muitos pretextos para visitar o jardim Botânico de Coimbra, situado na alta, bem junto da universidade, tendo num dos lados a companhia do Aqueduto de São Sebastião, por isso também conhecido por Arcos do Jardim. Aqui encontram-se variedades botânicas de todo o mundo, dispostas em vários níveis, tudo a congregar-se no fontanário central. Daqui faz-se a transição para a mata, que avança por um vale intensamente arborizado, onde há um circuito de arborismo (fechado na tarde em que o visitamos) e onde os passeios são limitados aos caminhos principais demarcados por fitas – o abandono é inegável, logo que se passa o portão, com a escadaria fechada. As estufas estão em obras e demos de caras com Manuel António Pina, homenageado num cedro-do-himalaia.