Duração e lentidão acabam por ser questões colaterais. Conhecer é diferente de descobrir, conquistar ou explorar, por pressupor vontade, interesse ou fascínio de encontrar o “outro”; o desconhecido. Somos sempre um outro perante alguém, mas a definição do outro foi feita a partir de nós, brancos, europeus. Não é verdade que muitos dos viajantes ou turistas também se movem à procura de autenticidade e pureza, como escreve Benedict Allen em The Faber Book of Exploration; de culturas imaculadas que resistiram ou não conheceram a mecanização e a globalização? No fundo, sempre nos movemos à procura do que não conhecemos.
Dizia Kapuscinsky, um apaixonado da História de Heródoto, que a considerava como a primeira grande reportagem da literatura universal, que não é possível definir o que é a nossa identidade sem a confrontarmos com as dos outros. A necessidade imperiosa de Heródoto em “cruzar a fronteira” destinava-se a encontrar resposta para a pergunta da sua infância: de onde vinham os barcos que se aproximavam no horizonte? Conhecer, querer conhecer, reside em saber de onde vêm, afinal, esses barcos que tanto intrigaram Heródoto ou para onde vão esses barcos que tanto arrastaram Melville. E hoje Heródoto perguntaria de onde vêm aqueles aviões e quanto duram aqueles voos.
Cada um saberá da lonjura de que carece. Afinal, o homem do tempo e do espaço, dos recantos mais remotos da alma, nunca se afastou de casa mais do que 160 quilómetros. E não sabemos o que Kant perdeu por não se ter distanciado de Königsberg (a actual Kalininegrado). Por outro lado, o destemido Richard Burton dizia a quem o quisesse ler e ouvir: “Os homens que vão à procura da nascente de um rio estão simplesmente à procura de algo que falta dentro deles e nunca encontram.” Ele sabia do que falava.
A uns e a outros, boa viagem.
__________
GUIA PRÁTICO
Como ir
A Volta ao Mundo que a Across está a organizar, em parceria com a Hifly e com o broker aéreo EmptyLeg, tem partida de Lisboa a 1 de Agosto de 2015 e seguramente que será mais confortável e rápida do que aquela que o personagem de Júlio Verne fez no célebre A Volta ao Mundo em 80 dias, escrito em 1873. A viagem, de 28 dias, inclui um avião A340 da Hifly, fretado exclusivamente para o percurso e paragem nos seguintes locais: Paris (França), Istambul (Turquia), Joanesburgo e Sun City (África do Sul), Malé (Maldivas), Hong Kong, Macau, Brisbane e Cairns (Austrália), São Francisco e Honolulu (Havai, Estados Unidos da América), Cusco e Machu Picchu e Lima (Peru), Buenos Aires (Argentina) e Colónia do Sacramento (Uruguai). As viagens incluem guias em português, inglês, francês e espanhol, um médico a bordo, alojamento em hotéis de cinco estrelas e as formalidades de aeroporto devidamente tratadas com antecedência. O preço é de 25 mil euros, com um suplemento de cinco mil para uma classe superior ou para um quarto individual. Para mais informações, contacte a Across através do número de telefone 217817470 ou pelo seguinte endereço de email: travel@across.pt. Pode consultar o programa em www.acrosstheworld.pt