Fugas - Viagens

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Leva-me até ao topo da colina

A linha — imortalizada na música dos anos de 1980 dos Rádio Macau — faz hoje 130 anos e há 101 que as mesmas carruagens onde agora nos sentamos fazem aquele percurso diariamente, para cima e para baixo, as duas exactamente à mesma velocidade. Quando uma está em cima, a outra está em baixo, quando uma está a meio do caminho, a outra está ao lado, sempre sincronizadas.

Em 2013, mais uma tradição foi ali reposta, 87 anos depois. Uma noite por ano, homens e mulheres, profissionais e amadores, pedalam rampa acima na regressada e icónica Subida à Glória. São 276 metros de comprimento com uma inclinação média de 17,7%. Este ano, a 12 de Setembro, os ascensores deram novamente lugar às bicicletas e os ciclistas Ricardo Marinheiro e Vanessa Fernandes voltaram a vencer a prova, repetindo o pódio de 2014. O recorde, estabelecido pelo ciclista no ano passado é de 36 segundos. Sim, a subir. É caso para recordar o hit da banda portuguesa lançado em 1987, incluído no álbum homónimo O Elevador da Glória. É cliché, bem sabemos, mas não nos sai da memória desde que começámos esta reportagem.

Duma existência banal/ Até ás luzes da ribalta/ Há dois carris de metal/ Desde a baixa à vida alta/ Desde o triste anonimato/ Desde a ralé e a escória/ Até à fama e ao estrelato/ Há o elevador da Glória

No elevador da Glória (3x).... Mara Gonçalves

 

Calçada da Glória (em baixo, junto à Praça dos Restauradores, no cimo, próximo da Rua São Pedro de Alcântara), Lisboa

Tel.: 21 350 01 15 (Centro de Atendimento Transportes de Lisboa)

carris.transporteslisboa.pt/pt/ascensores-e-elevador

Horários: de segunda a quinta entre as 7h15 e as 23h55, sextas das 7h15 às 00h25, sábados desde as 8h45 às 00h25 e domingos entre as 9h15 e as 23h55.

Preços: o bilhete adquirido a bordo custa 3,60€ (válido para duas viagens). São ainda válidos os cartões Lisboa Viva, 7 Colinas ou Viva Viagem carregados com títulos da Carris.

 

Elevador de Santa Justa

 

“Bom dia! É a primeira passageira de hoje”, cumprimenta-nos o ascensorista ao chegarmos à entrada na Rua de Santa Justa, a dois passos de uma Rua Áurea ainda despida de movimento. É domingo, pouco passa das 8h e só agora a chuva da noite anterior começa a dar tréguas. Subimos sozinhos com o ascensorista e damo-nos ao luxo de cronometrar: em menos de 33 segundos chegamos lá acima (menos dois segundos para descer, contaremos depois).

O miradouro, no topo dos 45 metros da torre de ferro trabalhado, ainda se encontra encerrado e, por isso, deixamo-nos ficar na varanda do patamar de acesso ao elevador. Um sol tímido surge por entre as nuvens atrás da Sé de Lisboa e ainda se porá um simpático domingo de Outono, mas para já é uma cidade que ainda dormita, vazia e desolada, com as fachadas mais pálidas do que o habitual e a calçada molhada onde os desenhos alvos e negros brilham mais do que nunca. Ouvimos apenas um grupo de gaivotas que sobrevoa a Praça D. Pedro IV, o sino da Igreja do Carmo, um ou outro carro que passa.

Quando voltamos a descer, já o primeiro grupo de turistas aguarda de cartões Viva Viagem em punho, a guia conta os primeiros 20 a subir. “Bem-vindos ao elevador mais antigo da cidade”, anuncia o ascensorista em inglês assim que a curta viagem começa. Inaugurado em 1902, o Elevador de Santa Justa é também o único ascensor vertical de serviço público em Lisboa, embora a grande maioria dos utilizadores sejam turistas, estrangeiros e alguns nacionais. “As filas que normalmente temos desincentivam a utilização pelo cidadão comum”, assume Martins Marques, da Direcção de Operações do Modo Eléctrico da Carris.

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